Eu estava acompanhando pela televisão a largada da maratona de Londres. Os corredores estavam reunidos, à espera. Pareciam uma força extraordinária retida por um dique invisível, até ser dada a largada. Então começaram a correr, como um rio que desliza veloz.
O trajeto era mantido livre para que os corredores pudessem passar. Ao longo o caminho havia pessoas que proporcionavam pequenas merendas aos corredores, à medida que eles necessitavam de alimento. Os corredores experientes que treinavam com regularidade, chegaram nos primeiros lugares. Sua dedicação ao esporte tornara isso possível. Alguns deficientes físicos também tomaram parte na corrida. Estavam decididos a alcançar a linha de chegada e conseguiram. Com sorrisos e boa vontade, algumas pessoas idosas também participaram da corrida. Também tinham o firme propósito de “chegar”. E chegaram! Todos os participantes estavam correndo a fim de arrecadar dinheiro para obras de caridade, para dar aos necessitados.
Muitos de nós temos a impressão de que em nossa vida, de uma forma ou de outra, tivemos nossas próprias maratonas. Talvez tenhamos lutado durante algum tempo contra a adversidade, tentando cruzar nossa própria linha de chegada. Em outras palavras, queríamos ver o fim de algum problema em particular. Talvez sintamos que, apesar de nossos vigorosos esforços, os problemas continuam sem solução. Talvez achemos que já percorremos muitos quilômetros em nossa vida e a soma de problemas não resolvidos transforma-se num fardo pesado.
O que fazer?
Um versículo na Epístola aos Hebreus diz em parte: “Desembaraçando-nos de todo peso, e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos com perseverança a carreira que nos está proposta.” Hebreus 12:1.
Onde começa essa carreira?
Será que nosso ponto de partida não consiste em identificarmo-nos como idéias espirituais, como filhos da Mente, Deus? É aí que a Ciência Cristã começa: na criação espiritual. Tal como a Sra. Eddy explica no livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde: “O ponto de partida da Ciência divina é que Deus, o Espírito, é Tudo-em-tudo, e não há outro poder ou outra Mente — que Deus é Amor, e por isso, Ele é Princípio divino.”Ciência e Saúde, p. 275. Em outro trecho do mesmo livro, está escrito: “Deus é a Mente progenitora, e o homem é o descendente espiritual de Deus.”Ibid., p. 336.
Aprender a livrar-se do conceito de que o homem é um ser físico, limitado, não significa que vamos desaparecer nalguma etérea “terra do nunca”. Esse aprendizado começa a abrir nosso pensamento para o conhecimento de que a vida é infinita, não finita; de que a vida é espiritual, não material. Começa a ensinar como ser senhor do corpo, em vez de escravo.
Quando a verdade de que somos filhos de Deus se torna nosso ponto de partida, concluímos que podemos herdar apenas o que Deus nos dá e o que Ele nos dá, só pode ser bom. Em sua Epístola aos Gálatas, Paulo descreve algumas das qualidades que herdamos de Deus, o Espírito, algumas das qualidades inerentes ao homem espiritual. Ele escreve: “O fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio.” Gálatas 5:22, 23.
Nunca podemos herdar qualidades ou atributos que não sejam derivados de Deus. Eles não têm nenhum poder, nenhuma realidade. O ressentimento, por exemplo, implica sentimentos tais como: desagrado, descontentamento, rabugice, mau humor, amuo, rancor, indignação, acrimônia, amargura. Ora, como é possível que alguma dessas características exista na Mente, Deus, o Deus que é Amor? É impossível. Não existem na verdadeira consciência. Só existem como sugestão de realidade, como sugestão de algo que quer negar a presença e a ação da lei de Deus. O ressentimento e qualquer outra qualidade desagradável, só podem bater à porta da consciência como sugestão. Podemos barrar sua entrada.
Deus criou o homem como um ser espiritual, à Sua semelhança. O homem é filho de Deus e está sujeito apenas à Sua lei de amor. À medida que percebemos esse homem com maior clareza, temos melhor capacidade de impedir a entrada, em nosso pensamento, de conceitos errados acerca de nós mesmos ou de nosso semelhante. Quando nossa percepção se torna mais espiritual e mais correta, praticamos e vivemos em maior grau as qualidades espirituais que nos são inerentes.
Você pode estar pensando: “Tudo bem, mas eu tenho um problema de saúde”, ou “tenho um problema de relacionamento”, ou “estou desempregado”. Mas em qualquer caso estamos tratando de estados mentais errôneos e não de fatos físicos, imutáveis. Por isso, é o pensamento mortal que precisa ser corrigido, assim como é o Cristo, a Verdade, que cura ao revelar a perfeição da criação de Deus, exatamente ali onde o problema parece dominar-nos.
Em questões de relacionamento, freqüentemente culpamos outra pessoa por ser menos perfeita do que gostaríamos. Talvez identifiquemos a outra pessoa como sendo mesquinha, dominadora, fraca, falsa e teimosa. Para curar discórdias, no entanto, precisamos nos recusar a dar realidade a essas características, com base no fato de que não têm origem em Deus. Se não pertencem a Deus, não pertencem a ninguém.
É bom sabermos que, em nossa “carreira”, não estamos competindo com ninguém. Só precisamos lidar como nossos próprios pensamentos. Estamos aprendendo a abandonar os pensamentos que obstruem, não são amorosos, trocando-os por pensamentos que estão em linha com a verdade a respeito de Deus e do homem. À medida que aprendemos a ver a nós mesmos e ao nosso semelhante dessa maneira, colocamos a Deus em primeiro lugar. Se obedecemos à regra de Deus perfeito e Sua idéia perfeita, o homem, então progrediremos constantemente.
Há alguns anos atrás, antes de ter conhecimento da Ciência Cristã, enfrentei dura perda, estafa e doença. Um dia, enquanto estava lavando os pratos, as lágrimas corriam-me pela face. Estava desesperada. Do fundo do coração, volvi-me a Deus e orei: "Pai, se for de Tua vontade que eu carregue esta cruz, então, por favor, dá-me forças para continuar. Mesmo assim, faça-se a Tua vontade, e não a minha." Pouco tempo depois dessa súplica vinda do fundo do coração, uma amiga de minha filha me falou de uma religião que curava os doentes sem empregar remédios. Foi assim que a Ciência Cristã entrou em minha vida. Emprestaram-me o livro-texto da Ciência Cristã e este transformou minha vida. Não fui levada para o paraíso, mas comecei a compreender um pouco da verdade acerca de minha identidade como filha espiritual de Deus. Aprendi que, como lemos na Bíblia: “Nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como alguns dos vossos poetas têm dito: Porque dele também somos geração.” Atos 17:28
A partir dessa ocasião, as dificuldades que tenho enfrentado através dos anos foram se transformando em linhas de chegada, à medida que fui demonstrando, passo a passo, a verdade acerca da verdadeira identidade do homem. Essas lições transformaram meu caráter. Eu mesma estou expressando as qualidades de Deus em maior grau e estou mais disposta a procurá-las em meus semelhantes. Comecei a perceber, com um pouco mais de clareza, o que sempre foi verdadeiro acerca do homem.
É proveitoso compreender que os pensamentos errados, assim como o mal, a ignorância e o pecado, não são nossos. Não têm origem em nós, mas se nos apresentam como sugestões. E Cristo, a Verdade, os destrói por serem irreais. Temos todo o direito de mandar embora os pensamentos errados e substituí-los por pensamentos verdadeiros. A Sra. Eddy nos encoraja a seguir avante: “Se o discípulo está se adiantando espiritualmente, é porque está porfiando por entrar. Desvia-se constantemente do sentido material, e olha para as coisas imperecíveis do Espírito. Se honesto, levará isso a sério desde o começo e se adiantará cada dia um pouco na direção certa, até que finalmente complete sua carreira com alegria.” Ciência e Saúde, p. 21. O único fato verdadeiro sobre o homem, agora e para sempre, é que o homem é o filho de Deus, a emanação da Mente única que tudo sabe.