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O que fazer quando nos tratam injustamente

Da edição de agosto de 1990 dO Arauto da Ciência Cristã


Quantas vezes as palavras: “Você me paga!” são seguidas de violência, até mesmo de assassinato. A represália violenta, porém, não traz satisfação real e verdadeira, somente arrependimento e dor.

A Bíblia nos fala de um jovem que, invejoso dos feitos de seu irmão, procurou vingar-se dele por suposta injustiça. Quando encontrou o irmão no campo, matou-o. Os dois irmãos, é claro, eram Caim e Abel e a história se acha no Gênesis, capítulo 4.

Ao ler a história, vemos que os dois irmãos levaram ofertas ao Senhor. Caim era lavrador, assim sua oferta foi “do fruto da terra”. Abel era pastor de ovelhas, portanto levou um cordeiro como oferta. A história diz-nos que: “Agradou-se o Senhor de Abel e de sua oferta; ao passo que de Caim e de sua oferta não se agradou.” Ver Gênesis 4:3–5.

Muitos de nós já nos sentimos como Caim, ou seja, o que temos a oferecer ficou sem ser reconhecido. Por exemplo, depois de termos feito o maior empenho para dar o máximo, outra pessoa é escolhida ou promovida. O que fazer, em tal situação? Deveremos ficar irritados, ressentidos, talvez até com ódio da pessoa que recebeu mais reconhecimento do que nós?

Certamente, há uma lição nisso. Talvez pensemos que a inveja e o ressentimento de Caim não tenham começado com esse incidente específico. Entretanto, em vez de aprender com a rejeição e assim erguer-se a um nível mais alto de pensamento, ação e propósito, Caim afundou-se ainda mais na depressão que a si mesmo se impôs. Emoções descontroladas conduziram à ação irresponsável. A inveja de Caim dominou por completo sua capacidade de pensar racionalmente e ele assassinou o irmão. Isso solucionou alguma coisa? Claro que não! Caim não obteve nada de construtivo através de seus atos, mas sim passou a vida marcado como proscrito e assassino. A culpa não foi de Abel, nem de suas realizações superiores, mas do próprio estado de pensamento de Caim.

Podemos mesmo perguntar-nos por que a oferta dos frutos da terra por parte de Caim não foi aceita. O Comentário Bíblico, de autoria de Dummelow, faz esta observação muito interessante a respeito da contribuição de Caim: “Muitas passagens mostram que a razão decisiva pela qual um adorador é aceito ou rejeitado, está na disposição com que se aproxima.” J. R. Dummelow, The One Volume Bible Commentary (Nova Iorque: The Macmillan Co., 1936), p. 11.

Assim vemos que o importante não é o quê foi oferecido, mas o estado de pensamento em que a oferenda foi feita. Aparentemente, o pensamento de Caim era menos espiritual do que o de seu irmão. Mas em vez de aprender com a repreensão, Caim irou-se, ficou transtornado e, em conseqüência, deixou de prestar a devida atenção à mensagem divina. (Para ouvir a voz de Deus, precisamos estar mentalmente quietos e receptivos.) Se Caim tivesse escutado, ele mesmo teria encontrado uma bênção nessa experiência, pois Deus lhe disse: “Por que andas irado? e por que descaiu o teu semblante? Se procederes bem, não é certo que serás aceito?” Gênesis 4:6, 7.

Nem sempre o que planejamos é o melhor para nós. Enquanto que, se confiarmos na Mente divina, que tudo sabe, para dirigir nossos passos, abrir-se-ão caminhos talvez nunca imaginados e ocorrerão bênçãos mais apropriadas às nossas necessidades individuais.

Muitos erros são cometidos quando prevalecem a vontade, as opiniões humanas e a personalidade, em vez de a submissão humilde à vontade divina, através da oração. Zangar-se durante uma discussão nunca nos fará vencedores. O que realmente se faz necessário é a cura de nosso próprio pensamento a respeito da pessoa e da situação.

Quando estamos batalhando para vencer o desapontamento, o desejo de vingança ou o impulso de fazer represália, temos de fazer uma pausa e, calmamente, examinar nossos motivos. Será que agimos baseados na opinião humana e na irritação, ou já dedicamos tempo a orar ao nosso Pai celeste, o Amor divino, pedindo Sua orientação e proteção? A Sra. Eddy sintetiza o erro da ação de Caim em poucas palavras. Ela escreve no livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde: “Invejoso da oferenda de seu irmão, Caim trama contra a vida de Abel, em vez de fazer de sua própria oferenda um tributo mais digno do Altíssimo.” Ciência e Saúde, p. 541.

Aperfeiçoar nossa própria contribuição pode significar reiniciar e reestruturar pensamentos e planos. Isso não deveria ser considerado um fardo, mas sim uma experiência de crescimento, uma maravilhosa oportunidade para aperfeiçoar nossos esforços e desenvolver de modo mais completo nossos próprios talentos e habilidades individuais, dados por Deus. Como resultado, nada se perde daquilo que é bom ou verdadeiro.

Volver-se para a Mente única não somente limpa os entulhos acumulados por pensamentos errôneos, mas também abre canais pelos quais os pensamentos construtivos e saudáveis poderão fluir. Em vez de desperdiçarmos pensamentos, condescendendo com a autopiedade, perguntemo-nos: Quais são as oportunidades que Deus me deu e como posso expressá-las no meu viver diário? Esta declaração maravilhosa em Ciência e Saúde, mostra as possibilidades ilimitadas: “Deus expressa no homem a idéia infinita, que se desenvolve eternamente, que se amplia e, partindo de uma base ilimitada, eleva-se cada vez mais.” Ibid., p. 258.

Esse homem, o homem espiritual, é o que cada um de nós é, em verdade, como qualquer um pode comprovar por si mesmo, passo a passo, através da Ciência Cristã. Quando nos volvemos a nosso Pai-Mãe Deus, para receber orientação e direção, confiamos no maior poder disponível e podemos estar certos de que aquilo que parece uma perda humana neste momento, será transformado em ganho de compreensão espiritual que sempre conduz ao progresso do indivíduo. O auxílio de Deus estava à disposição de Caim, tanto quanto de Abel, mas Caim não soube valer-se desse auxílio divino. Basear nossas realizações na habilidade pessoal, haverá de nos limitar, ao passo que, se nos virmos como filhos de Deus, expressando qualidades divinas, revelar-se-ão talentos e oportunidades de que talvez não nos tenhamos dado conta antes.

Uma crença predominante hoje é a de que para se tentar afirmar, a pessoa precisa recorrer à agressão, até à violência. Proteger os próprios direitos é sempre legítimo. Pode inclusive exigir grande coragem diante da intimidação e da repressão. Mas toda decisão permanente deve estar fundamentada no amor e no entendimento. Nossa verdadeira identidade se encontra na percepção de nossa unidade com o amado Pai-Mãe Deus, união essa que traz à luz a fraternidade do homem.

O apóstolo Paulo, que viajou muito através de muitos países do mundo mediterrâneo e conheceu povos de muitas raças e formações diferentes, compreendeu tão claramente a unidade do homem com Deus, que foi capaz de escrever: “Todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus.. .. Dessarte não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.” Gálatas 3:26, 28. Essa compreensão nos dá um poder maior, muito maior, do que qualquer realização humana e pessoal.

Não há derrotados no reino dos céus, nem elite privilegiada. As qualidades espirituais que expressamos como indivíduos não podem jamais ser diminuídas ou eclipsadas pelo sucesso de outrem, pois cada identidade, expressando a única Mente, é singular e completa. Como reflexos da Mente infinita, todos nós temos ilimitada expressão individual de beleza e inteligência. Por estar o reino do céu ao nosso alcance, aqui e agora, todos temos a oportunidade de manifestar essas qualidades na vida diária. Cada um de nós pode afirmar, com confiança, que é o filho querido de Deus. Cada um de nós retém sua própria identidade e ninguém pode roubá-la de nós ou impedir-nos de expressar as qualidades que Deus nos concedeu.

O livro-texto da Ciência Cristã explica que Deus está ao dispor de todos, dizendo: “Na Ciência divina, em que as orações são mentais, todos podem valer-se de Deus como 'socorro bem presente nas tribulações'. O Amor é imparcial e universal na sua adaptação e nas suas dádivas. É a fonte aberta que clama: 'Ah! todos vós os que tendes sede, vinde às águas.' ” Ciência e Saúde, pp. 12–13.

A presença e o poder de Deus, Seu amor que a todos envolve, estão ao alcance de todos agora, sem exceção. É uma fonte aberta de idéias espirituais, livremente disponível a todos, trazendo libertação e progresso.


Sinopse de uma carta escrita em 1942 por uma jovem judia aprisionada num campo de concentração durante a Segunda Guerra Mundial:

“Aqui neste lugar fui forçada a perceber que cada átomo de ódio lançado no mundo, torna-o ainda mais inóspito. Também acredito, talvez com ingenuidade, mas com obstinação, que a terra somente será mais habitável quando vivermos o amor que o judeu Paulo descreveu aos cidadãos de Corinto no capítulo treze de sua Primeira Epístola.”

Extraído de Letters from Westerbork por
página 36. Impresso com permissão de Pantheon Books,
divisão da Random House, Inc.

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