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Nosso único Juiz — Deus

Da edição de agosto de 1990 dO Arauto da Ciência Cristã


Fui acusada de roubar numa grande loja aonde fora com minhas duas filhas. Nesse dia vestira um casaco impermeável que lá comprara no mês anterior, do qual, por esquecimento, não tirara a etiqueta. Em determinada altura, apercebi-me de que estava sendo seguida por um homem. Quando saímos, ele foi atrás de nós e agarrou meu impermeável. O homem era o segurança da loja e, para ele, a etiqueta pendurada no casaco provava, com certeza absoluta, que eu o roubara. Experimentei nesse momento a frustrante tentativa de me defender perante uma pessoa absolutamente convencida de que eu estava mentindo.

Quem quer que já tenha sido acusado erradamente, sabe quão terrível é essa experiência. Alguma vez você a experimentou? Alguma vez você pensou: “Isso não é justo!” “Que grande injustiça estou sofrendo”, ou “Sou uma pessoa de bem. Não mereço isso!” Embora sejamos fundamentalmente honestos, as pessoas podem julgar-nos mal, reproduzir nossos ditos erroneamente ou interpretar-nos mal. Parece que isso faz parte da vida humana.

Se há alguém que tenha tido razão para se sentir injustamente perseguido, esse alguém foi Cristo Jesus. Os preconceitos e falsas acusações de que foi alvo, são terríveis de contemplar. No entanto, conforme a Bíblia refere, ele não reagiu e não atacou os que o acusavam. Mesmo quando foi julgado, não se defendeu. Por que é que ele não contra-atacou, por que não se irou e não tentou corrigir essas falsas afirmações? Porque ele sabia que o governo infinito de Deus, Sua lei de justiça e Seu grande amor haveriam de silenciar todas essas mentiras, não por meio de palavras, mas com provas do que ele afirmara ser, isto é, o Filho de Deus.

A Sra. Eddy descobriu as leis e verdades espirituais que permitiram a Jesus manter a calma e provar que a justiça de Deus é suprema. Em sua própria vida, foi erroneamente julgada e suportou várias acusações. Em sua obra como Fundadora da Ciência Cristã, foi com freqüência alvo dos mais viciosos ataques. Apesar disso, ela sabia que para se ser ofendido por algum tipo de injustiça, é preciso primeiro aceitar que essa injustiça nos possa dominar. A história de episódios em que uma pessoa faz um julgamento incorreto e outra pessoa cai vítima desse falso julgamento, assenta na crença de que o homem é um mortal falível e vulnerável. Mas a Ciência Cristã revela que o universo espiritual de Deus é que constitui o real, um universo onde não existem tiranos nem vítimas, mas tão somente o governo benevolente de Deus atuando em Sua semelhança, o homem.

Jesus sabia que esse universo, o reino dos céus, estava aqui. Por isso, não se deixou vencer em face da inimizade do homem mortal. As “flechas” mentais vingativas, desferidas por seus acusadores, não o puderam atingir, porque ele nunca as aceitou em sua consciência. Ou seja, seus acusadores não podiam fazer dele um alvo. O exemplo supremo de Jesus, de como vencer a injustiça, mostra-nos a maneira crística de vencer as pequenas e grandes injustiças em nossa própria vida. Não precisamos reagir nem sentir-nos vítimas impotentes. Podemos derramar luz sobre a situação, mediante o raciocínio espiritual.

Considerem por um momento o que parecia estar acontecendo na loja:

1. Acusavam-me de um crime que não cometera.

2. O encarregado da segurança estava totalmente convencido de que eu era culpada. (Meus protestos de inocência não foram nem sequer ouvidos.)

3. Havia muito ego nessa cena: o segurança, que não queria mudar, e eu, ferida em meu orgulho.

4. Eu fora descuidada. Se, ainda em casa, tivesse retirado a etiqueta, nada daquilo teria acontecido. Estava muito aborrecida com minha insensatez.

5. Havia duas mentes que de nenhuma forma conseguiam entender-se.

Agora examinem essa situação de um ponto de vista espiritual, como aprendemos na Ciência Cristã, para determinar o que Deus sabe:

1. O filho de Deus, puro e perfeito, nunca é vítima.

2. Deus é Mente e só a Mente governa. Uma só Mente governa os atos de todos.

3. Só há um Ego, Deus. Por isso, o que abençoa um, tem de abençoar todos.

4. O homem de Deus não é descuidado, mas reflete a Mente infinita, que nunca esquece e nunca desdenha detalhes necessários ao bemestar do homem.

5. Onde quer que o governo de Deus se manifeste, e, na verdade, não existe lugar fora do governo da Mente divina, toda atividade é harmoniosa.

Naquele dia, na loja, orei para sentir o Cristo comigo e testemunhar o governo de Deus. Comecei por afirmar mentalmente para mim a verdade científica acerca daquela situação. Depois refutei toda reivindicação material do primeiro quadro de “fatos”, afirmando o que eu sabia ser a verdade sobre mim, como filha perfeita de Deus, Seu reflexo espiritual. Compreendi que na Ciência jamais poderia eu ser vítima de um julgamento errôneo — meu ou de outrem — porque o filho de Deus tem domínio sobre toda a terra. Por fim, esforcei-me deveras por sentir amor por aquele segurança, amá-lo como filho de Deus, bem como respeitá-lo por cumprir seu dever da melhor forma que podia. Eu sabia que ele também tinha de ser abençoado por essa experiência.

Apesar disso, uma hora depois de esgotar todos os argumentos em minha defesa, não logrei convencê-lo de minha inocência. Ele tomou nota do meu nome, endereço, telefone (e ficou com o casaco). Finalmente minhas filhas e eu pudemos ir embora. Devo dizer que, apesar de ter sido cortês e delicada com o guarda, fiz um esforço enorme para reprimir as lágrimas.

Quando entrei na mercearia ao lado, voltei a orar com fervor e sinceridade ainda maior. “Pai, ajuda-me a me reconhecer como Tua filha. Ajuda-me a reivindicar meu domínio sobre esta situação.” Eu sabia que o único poder que ditava o curso de minha vida (ou de quem quer que fosse!) é a única Mente, Deus — manifestando no homem inteligência, pureza e justiça infinitas. Seja quem for que pareça ser um dos nossos acusadores materiais, podemos descansar na convicção absoluta de que o homem está a salvo e sob os cuidados de Deus.

Pensamentos angelicais começaram a inundar minha consciência. Pensem quão maravilhoso é ter Deus como nosso único Juiz. E pensem o que é que Ele está a julgar: a perfeição. Ele julga Seu homem inocente, inteligente, verdadeiro, belo, inteiramente amoroso. Em exemplificação do homem ideal, Jesus ouviu esta declaração divina: “Este é o meu filho amado, em quem me comprazo.” Mateus 3:17. Que julgamento! O veredicto já foi proferido. Nós somos os bem-amados filhos espirituais de Deus. É esse o único julgamento a que estamos sujeitos.

À medida que eu compreendia ser Deus meu único Juiz, senti-me cheia de gratidão e fiquei livre do desespero ocasionado pelo incidente da suposta “cleptomania”, a ponto de me sentir em tal estado de bom humor e alegria, que esqueci o acontecimento. Prossegui em meus afazeres, as compras, divertindo-me com minhas filhas. Este é para mim um dos detalhes mais impressionantes dessa experiência. O Cristo revelara-me com tanta clareza que eu não tinha outro juiz senão meu amoroso Pai, que consegui me elevar acima da falsa acusação e esquecê-la de fato.

Quando já tínhamos quase acabado nossas compras, ouvi alguém chamar por mim. Voltei-me e vi o segurança com meu casaco na mão. Disse-me que não conseguira deixar de pensar em mim, mesmo depois de termos deixado a loja.

Eu lhe dissera que nesse dia, na companhia de minhas filhas, eu havia tomado uma leve refeição numa lancheria próxima dali e que, sem dúvida, alguém haveria de se lembrar de mim e do casaco que eu vestia. Como a lancheria estava cheia e haviam servido centenas de refeições nessa manhã, ele pensou que isso seria pouco provável, pelo que rejeitou a idéia. Mas depois de eu ter ido embora, sentiu tamanho desassossego, que decidiu telefonar para o gerente do restaurante e saber se alguém se lembrava de nós, o que de fato aconteceu. Embora ninguém pudesse descrever o casaco que eu tinha vestido, eles confirmaram que eu vestia um casaco. E isso, para ele, era suficiente. (Era esse o mesmo homem que duas horas antes fora tão irredutível?)

Imaginem! Ele me procurou no imenso supermercado. E concluiu, dizendo: “Peço desculpas por tê-la feito passar por isso.” Depois de ele ir embora, fiquei ali no meio do supermercado, afirmando: "Obrigada, obrigada, obrigada, meu Deus." Quando o poder de Deus se manifesta com tanta clareza em nossa vida, só nos resta vibrar de júbilo.

Quando oramos com a convicção de que apenas Deus governa nossa vida, podemos curar a injustiça. Só Deus é nosso Juiz. Seu julgamento não contém falsas acusações, nem perseguições cruéis. O julgamento de Deus é sempre amoroso. Podemos sentir esse amor e ter a confiança que Cristo Jesus tinha, porque o Cristo está sempre conosco.

“O homem cristãmente científico reflete a lei divina, tornando-se assim uma lei para si mesmo” Ciência e Saúde, p. 458., escreve a Sra. Eddy em Ciência e Saúde. Se compreendermos isso, poderemos testemunhar a perfeita lei da justiça de Deus em nossa vida e provar que Ele é nosso único Juiz.

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