Quando a única coisa que conhecemos a respeito de uma pessoa é sua conduta desagradável, logo achamos que ela não merece estima. Essa impressão pode tornar-nos temerosos ou ressentidos em relação a essa pessoa. Entretanto, em benefício de nossa própria harmonia, bem como em prol de um mundo mais pacífico, precisamos encontrar uma maneira de obedecer ao mandamento de Cristo Jesus, de amar nosso próximo Ver Mateus 22:39. inclusive aquelas pessoas que aparentemente não têm boas qualidades nem são dignas de admiração.
Recentemente fui convocado para um jogo de tênis com um parceiro que, em partidas anteriores com outros tenistas, dera a impressão de ser o indivíduo mais desagradável e agressivo que eu jamais vira, tanto nas quadras, como fora delas. Ele importunava os jogadores de ambos os times e ficava especialmente zangado quando seu parceiro cometia algum erro.
Eu só conhecia esse homem pelo que tinha visto, o que fazia com que ele parecesse muito antipático. Perante tais circunstâncias, que poderia eu fazer? Encontrei a resposta numa das últimas lições de Cristo Jesus a seus discípulos, antes de sua crucificação, quando os instruiu: "Novo mandamento vos dou; que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros." João 13:34.
A maneira de amar ensinada por Jesus dá novo significado a nosso conceito comum de amor. Jesus amava porque percebia a verdadeira identidade dos outros como sendo a expressão perfeita, espiritual de Deus, mesmo a daqueles que pecavam ou que pareciam extremamente indignos de ser amados. Por entender que Deus, seu Pai, era o Pai de todos, Jesus sabia que, em verdade, todos somos filhos e filhas de Deus. Por isso o ser verdadeiro de cada indivíduo é semelhante ao Cristo, não importando como ele ou ela aparentem ser humanamente.
Essa era, pois, a maneira de amar de Cristo Jesus. Não importava se uma pessoa fosse pecadora ou estivesse doente, infeliz ou revoltada, o ponto de vista de Jesus era mantido em estreita conformidade com a realidade do fato de que Deus fez o homem espiritual, à Sua própria imagem e semelhança. Essa visão correta trouxe reiteradas vezes cura a muitas situações.
Amar a natureza divina, boa e real de nosso próximo, significa também rejeitar o mal sob qualquer forma que se apresente, como reconhecendo-o dessemelhante de Deus, irreal e, portanto, desprovido de poder. Fundamentado nessa compreensão, não havia uma pessoa sequer que Jesus não pudesse amar, nem mesmo aqueles que o caluniaram, desvirtuaram seus ensinamentos e o perseguiram. Além disso, ao responder com esse amor puro e espiritual às acusações e perseguições injustas, ele se colocou acima do alcance da mente mortal que movia seus perseguidores, frustrando-lhes assim suas malignas intenções.
Seguindo esse raciocínio, tornou-se clara a maneira como deveria encarar meu futuro parceiro de tênis, não como um mortal desagradável, mas como Jesus o teria visto, ou seja, precisava vê-lo como em realidade ele era: o filho de Deus, perfeito, amoroso e espiritual, merecedor de todo o amor. É óbvio que sendo o homem o reflexo de Deus, ele não pode dar origem às suas qualidades divinas, pois elas se originam em Deus e n'Ele permanecem. A identidade verdadeira do homem é o reflexo de Deus, o verdadeiro homem espiritual, que eu não poderia deixar de amar.
O livro-texto da Ciência Cristã Ciência e Saúde, de autoria da Sra. Eddy, explica: "A compreensão crística acerca do ser científico e da cura divina inclui um Princípio perfeito e uma idéia perfeita — Deus perfeito e homem perfeito — como base do pensamento e da demonstração." Ciência e Saúde, p. 259.
Sabendo, pois, ser impossível estar simultaneamente consciente do homem à imagem de Deus e do seu oposto, orei até alcançar a compreensão real e tangível de que o homem é a semelhança de Deus.
Na noite em que jogamos tênis juntos, cometi vários erros, mas nunca tivera um parceiro que me apoiasse e encorajasse tanto, como esse. Ele não perdeu a paciência e todos tiveram prazer em jogar com ele. Antes, quando seu parceiro perdia, mesmo que fosse apenas um set, ele abandonava a quadra contrariado, sem mesmo falar com seu parceiro. Naquela noite perdemos os dois sets, mas saímos juntos da quadra, como amigos.
Essa experiência permitiu-me focalizar com maior nitidez muitas coisas a respeito de Jesus e do poder que lhe conferia sua maneira de amar. Hoje percebo que posso verdadeiramente conhecer algo maravilhoso e semelhante a Deus em cada pessoa que encontro, alho que posso amar genuinamente, não importa quão pouco merecedora de amor tal pessoa aparente ser. Sei também que essa maneira de amar é a forma mais eficaz que existe de alcançar a paz.
Se pude curar tais falsas percepções a respeito do homem no caso descrito, não deveria então, como cristão, proceder assim em escala maior e mais coerente? É um amor que preza e abençoa a todos.
