Durante minha carreira de professora, fui certa vez escolhida para treinar o time de hóquei da escola. Como fazia muito tempo que eu jogara hóquei pela última vez, quando ainda era estudante, meus alunos e eu começamos juntos a aprender as posições básicas e os passes. No começo as jogadas saíam desajeitadas e tímidas, mas nós nos encorajávamos mutuamente e quando um aluno acertava uma boa tacada, eu sempre elogiava com entusiasmo. Em pouco tempo, nosso time estava preparado para enfrentar outras escolas da cidade.
Toda situação de aprendizado tem seus desafios e suas recompensas, mas com a orientação de um professor compreensivo, muitas vezes excedemos nossas próprias expectativas e sentimos a alegria de haver feito um bom trabalho.
Cristo Jesus foi um professor exemplar. Ele ilustrava seus ensinamentos com as coisas do cotidiano: pássaros e peixes, flores e sementes de mostarda, e, acima de tudo, com sua vida. Numa parábola registrada no Evangelho de Mateus, o Mestre mostrou o valor dos talentos, ou qualidades, que Deus, nosso Pai, dá a cada um de nós.
Jesus comparou o reino dos céus à experiência de um homem que se afastou do país por um longo período. Ver Mateus 25:14-30. Antes de partir, confiou seus bens a seus servos, esperando que estes mostrassem competência administrativa para que, após seu retorno, recebesse seus bens com lucro. Diz-nos o relato da Bíblia que um servo recebeu cinco talentos, outro dois e outro apenas um, "a cada um segundo a sua própria capacidade".
Ao regressar algum tempo depois, o senhor dos servos verificou que o que recebera cinco talentos, negociara com eles e ganhara outros cinco; o que recebera dois talentos, ganhara outros dois. O senhor elogiou-os por sua diligência e desempenho. Disse a cada um as mesmas palavras: "Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre muito te colocarei: entra no gozo do teu senhor."
Entretanto, o homem que recebera um só talento, teve medo de negociar, por isso escondera seu talento na terra. Foi reprovado por sua negligência e falta de atividade. Seu talento lhe foi tirado e dado ao que já tinha dez. É Jesus quem nos ensina a moral: "Porque a todo o que tem se lhe dará, e terá em abundância; mas ao que não tem, até o que tem lhe será tirado."
Esse conselho é válido ainda hoje. Sim, essa história abrange muito mais do que negociar ou ganhar dinheiro. A parábola, na verdade, refere-se ao reino de Deus agora. Podemos perguntar-nos: que uso estamos fazendo dos dons e habilidades espirituais que o Pai nos deu? Estamos ajudando a lançar as sementes do amor, da justiça e da sabedoria com generosidade, no mundo de hoje?
Quer sejamos estudantes ou professores, quer trabalhemos no lar ou fora dele, o modo como nos aplicamos às nossas tarefas é que fará a diferença para alcançar êxito. Acaso começamos nosso trabalho dispostos a dar o melhor de nós mesmos e com expectativa de bons resultados? Acaso reconhecemos que nossos talentos são em realidade espirituais, doados a nós por Deus para serem usados em Seu serviço? O reconhecimento de que Deus, a Mente, é a fonte de todas as nossas capacidades, dá-nos ímpeto para tirar o máximo proveito de nossas oportunidades, retribuindo assim o ganho a Deus.
Isso foi exatamente o que Jesus fez. Ele usou sua habilidade outorgada por Deus para expressar o Cristo, sua natureza divina, em tudo o que empreendia. Ele curava, pregava e ensinava em nome de seu Pai. Foi o melhor e mais fiel servo de Deus que o mundo jamais conheceu. Trouxe à luz a realidade e praticabilidade do reino de Deus. Entregou-se por inteiro ao serviço de seu Pai e mereceu, sem sombra de dúvida, a bênção: "Muito bem, servo bom e fiel."
Às vezes nos sentimos tão sem coragem e confiança, que nos tornamos como o homem que enterrou seu talento ao invés de aventurar-se a fazer bom uso dele. Se pensarmos que fazer o bem depende só de nós, é possível que nos sintamos desencorajados. Mas quando vislumbrarmos o fato de que a graça é uma dádiva divina, é Amor em ação, verificaremos que nunca nos faltará a habilidade crística de expressar Deus, pois, em realidade somos Sua imagem e reflexo. Quando fielmente utilizamos qualidades crísticas tais como compaixão, humildade, misericórdia e perdão em nossas relações com outras pessoas, verificamos que esses atributos são apreciados e trazem à nossa vida os frutos do amor.
A Sra. Eddy, comentando a parábola de Jesus sobre os talentos, escreveu: "Fazer o bem a todos porque amamos a todos e usar no serviço de Deus o único talento que todos possuímos, é o único meio de fazer aumentar esse talento e a melhor maneira de silenciar nosso profundo descontentamento com nossas deficiências." The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 195.
Olhando para trás, para o dia-a-dia de nossas vidas, vemos que à medida que usamos fielmente, todos os dias, o talento dado por Deus, aumentaram as oportunidades de sermos úteis a outras pessoas e ao mundo. Essas qualidades também produzem um acréscimo de responsabilidade para sermos sinceros no que empreendamos para servir a Deus, isto é, nos entregaremos por inteiro ao Seu serviço. Se continuarmos a servi-Lo de todos os modos possíveis, verificaremos que nunca estamos separados da sabedoria e do amor que nosso Pai confere. Deus é nosso constante apoio. Nosso trabalho será ricamente recompensado à medida que entrarmos com maior amplitude no gozo de nosso Senhor.
