Quem não precisa de mais luz? de maior clareza numa época de questionamento? Se nós mesmos estivermos num processo de busca da luz, a experiência de outras pessoas "que honestamente procuram a Verdade," como os denominou Mary Baker Eddy, a Descobridora e Fundadora da Ciência CristãChristian Science (kris'tiann sai'ennss), poderá servir de ajuda. Esta seção apresenta experiências que podem ser úteis àqueles que estão à procura de respostas novas. Os relatos são mantidos anônimos a fim de dar aos autores a oportunidade de falar livremente sobre estilos de vida e atitudes que talvez divirjam consideravelmente de seus valores atuais. Tais relatos focalizam necessariamente um determinado período e não têm a pretensão de contar uma história completa. Essas experiências, porém, retratam um pouco da ampla variedade de pessoas que procuram a Verdade e a maneira com que a luz do Cristo, a Verdade, restaura, redireciona e regenera vidas.
Eu vinha estudando psicologia e todo tipo de filosofias diferentes. Estava à procura de algo, tentava sintetizar os diversos conceitos que estava aprendendo para chegar a algum tipo de ideal que me inspirasse e desse sentido à minha vida.
Também usava drogas diariamente: maconha, cocaína e alguns alucinógenos. Eu achava que, se as pessoas podem tomar aspirina, café e outras cousas desse tipo, também não há nada de errado em utilizar drogas para sentir-se melhor, ou por divertimento. Eu achava que elas me proporcionavam paz mental, me sentia muito melhor quando as usava, principalmente a maconha.
Naquele tempo, estava vivendo com um homem. Ambos achávamos que não precisávamos nos casar para termos um relacionamento. Provavelmente seguíamos a filosofia comum naquela época, de que não era necessário um pedaço de papel dizendo que éramos casados, para nos manter unidos. Contudo, incomodava-me o temor constante de que o homem com quem eu vivia não me fosse fiel.
Comecei a padecer de um mal físico que me causava muita dor. Fui várias vezes ao ginecologista e ele receitou diversos remédios. Sentia alívio temporário, mas o problema voltava com mais gravidade.
Estava tendo muitos e muitos problemas e, quanto mais eu me apegava às drogas e ao meu sistema de vida, tanto mais esses problemas se agravavam. Pensando agora nesse período de minha vida, parece-me que estava sendo exigido de mim que, pelo amadurecimento, deixasse o modo errado de pensar.
Meus pais não eram Cientistas Cristãos, mas achavam que a Igreja da Ciência Cristã tinha uma boa Escola Dominical. Por essa razão, eu freqüentara essa Escola algum tempo, quando era adolescente. Lembro-me de ter tido debates contínuos com minha professora acerca de tudo o que se possa pensar. Creio que eu só queria ser do contra. Quando penso agora sobre aquele tempo, dou-me conta de quantas sementes maravilhosas de verdades espirituais foram plantadas.
Anos mais tarde, à medida que os problemas se avolumavam, eu ia uma vez ou outra a uma Sala de Leitura da Ciência Cristã, pegava um Christian Science Sentinel e pensava sobre seu conteúdo, procurando encaixar aquelas idéias nas muitas outras filosofias que ocupavam minha mente.
Comecei a sentir vontade de me livrar das drogas. Pensei que nós deveríamos ser capazes de alcançar certas coisas, como, por exemplo, a estabilidade e a felicidade, sem depender de droga alguma. Sentia isso instintivamente e tenho certeza de que a instrução recebida na Escola Dominical ajudou. Acho que todos têm um instinto espiritual, instinto esse que é simplesmente sua identidade mais elevada, que lhes fala. Quer lhe dêem ou não atenção, ele aí está. Essa vontade de me ver livre das drogas ficava me cotucando, e bastante. Eu, porém, a punha de lado.
Então, certo dia, senti muita dor. Telefonei ao médico para lhe dizer que os remédios não estavam adiantando. Ele respondeu que, na opinião dele, eu estava com uma doença venérea incurável. Se eu estivesse disposta a me submeter a uma operação cirúrgica, poderia aliviar os sintomas.
Na hora em que desliguei o telefone, pensei: "Agora tenho de tentar a Ciência Cristã para valer." O tempo todo em que eu viera lendo sobre a Ciência Cristã, sentira o desejo de que ela fosse verídica, pois era maravilhoso pensar em Deus como bom, onipotente. Todavia, eu tinha medo de abandonar meus remédios materiais, as drogas. Quando tudo isso aconteceu, pensei: "Se eu recorrer à Ciência Cristã em vez de me operar, sei que, por uma questão de honestidade, tenho de estar disposta a deixar de tomar drogas."
Por quê?
Toda vez que eu tomava alguma droga, sabia estar tomando um remédio material. Não estava me valendo de nenhum recurso espiritual.
Deus fez o homem à Sua imagem e semelhança. Eu sabia que se conseguisse chegar mais perto da compreensão de que a semelhança de Deus não pode ter doenças, então a dor física teria de desaparecer.
Para mim, usar drogas significava que eu estava reforçando meu sentido físico de identidade, reforçando o sentido errôneo de quem eu era. Eu precisava realmente, bem. .. precisava "limpar minha barra" por assim dizer. Se eu quisesse a cura de meu corpo, minha vida e minha infelicidade, eu precisaria purificar meu modo de pensar.
Quando o médico disse que você tinha um tipo de doença venérea, como é que se sentiu em relação a seu companheiro?
O mais duro foi constatar que ele me era infiel. Confirmou meus temores, pois eu não fora infiel a ele. Apesar de meu modo de pensar um tanto confuso, eu realmente amava a pureza. Era uma qualidade muito importante. Gosto da pureza na literatura, na natureza. Simplesmente gosto dessa qualidade.
Que tipo de pureza você estava procurando, a essa altura?
Queria encontrar a pureza dentro de mim e a pureza de minha relação com Deus. Queria entender a Deus, em vez de considerá-Lo apenas como algo distante, obscurecido pelas nuvens do materialismo e da educação errônea. Eu sabia que Deus é completamente puro, poderoso e bom. Portanto eu, como idéia de Deus, tinha de incluir essas qualidades, porque Ele não criaria Sua idéia diferente do que Ele é.
Então você pediu ajuda a uma praticista da Ciência Cristã?
Pedi. Não contei a ela que eu estivera tomando drogas. Para dizer a verdade, nem me lembro se mencionei que se tratava de uma doença venérea. É provável que eu tenha tido vergonha de contar uma coisa dessas. Ela concordou em orar para mim e sugeriu que eu começasse a estudar a Lição Bíblica do Livrete Trimestral da Ciência Cristã.
Naquele tempo, eu via a Bíblia com cinismo, nem sei como, pois agora sinto tanto amor pela Bíblia. Acho que inclusive opus alguma resistência quanto a ler a Bíblia. Ela disse: "Você sabe, é a Palavra inspirada da Bíblia que traz a cura." Aquilo foi mesmo decisivo para mim. Havia inspiração por trás dessa Palavra e por trás de tudo o que os autores e os personagens bíblicos aprenderam na vida. Aí comecei a estudar uma seção da lição a cada manhã, procurando manter em mente, durante o resto do dia, algumas das idéias ali contidas.
Quando eu sentia dor, eu orava, tratava de não dar atenção à dor e voltava-me para Deus. Às vezes repassava a Oração do Senhor. Outras vezes, pensava nalguma verdade que tirara do estudo matutino da Lição Bíblica. A dor foi diminuindo e dia a dia fui me sentindo melhor. Depois de dez dias, estava curada.
Essa cura marcou um ponto decisivo em minha luta contra a droga. Uma ou duas vezes, depois dessa cura, tentei usar drogas. Eu me dizia: "Agora que estou curada, posso fumar um pouco de maconha." Imediatamente, porém, minha própria desonestidade sobressaía aos meus olhos e me desafiava. Daí, parei de uma vez por todas.
O sentimento de alegria e paz, assim como a consciência espiritual pura que começaram a se manifestar em meu pensamento, passaram a ter mais importância para mim, do que as sensações artificiais que as drogas proporcionavam. Elas eram, realmente, falsificações dessa consciência pura, válida, que começava a despontar para mim com o estudo da Bíblia e de Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras de autoria da Sra. Eddy.
Você contou a seu companheiro o que estava se passando?
Ele sabia que eu estava com um problema físico e que uma praticista da Ciência Cristã estava orando para mim. Aliás, quando fiquei curada, ele se maravilhou. Sabia que fora a Ciência Cristã que me curara. Ele aceitou essa cura e também respeitou o fato de eu ter abandonado as drogas. Pouco tempo depois, separamo-nos.
Antes disso, eu vira ocorrer divórcios e muita infelicidade entre pessoas que eram casadas e, como muitos outros de minha geração, achava que havia certa hipocrisia no meio disso tudo. A essa altura, porém, minhas idéias a esse respeito ficaram mais claras e mudaram. Comecei a compreender que, sim, era preciso eliminar a hipocrisia, mas o casamento legal era um símbolo. Representava assumir um compromisso, um compromisso sério. Significava esforçar-se para cumprir esse compromisso, mesmo em momentos difíceis. Talvez o cinema e a música popular tenham nos feito crer que a vida era algo como um contínuo baile romântico.
Você poderia dizer algumas palavras de encorajamento aos outros?
Creio que de alguma forma as pessoas têm amor à pureza quando entendem o que é a pureza. Não é proibição, não é limitação. Pureza é enxergar a luz com clareza através de uma vidraça sem barro nem sujeira.
Às vezes as pessoas dizem que a pureza, sem o mal, é tediosa. Mas é uma qualidade de Deus e como tal deve ser sempre nova e envolvente, não estagnar nunca, nem ficar velha ou rançosa. Deve ter limpeza, frescor, ser sempre interessante, deve crescer sempre e se manifestar cada vez mais, continuando em seu frescor. Alguns anos depois, casei-me com um Cientista Cristão que tem esse mesmo amor pela honestidade e pureza.
Ainda que as pessoas creiam que a pureza está de certa forma perdida, seu desejo de regeneração é um grande passo à frente na compreensão de que sua própria pureza ainda existe, ainda caracteriza sua identidade espiritual no mais profundo de seu ser, quer se dêem conta disso, quer não. Não importa qual seja nosso sistema de vida no momento, podemos ser redimidos. O pensar e o viver errôneos são passíveis de cura. Qualquer pessoa é capaz de descobrir que sua inocência está intacta e pode ser demonstrada e vivida. Podemos mudar. Para Deus, nada é impossível.
Quer dizer que se achamos já ter perdido a pureza, nós a podemos encontrar de novo?
Sim. Podemos reencontrá-la. Gosto daquilo que a Sra. Eddy diz: ".. . a pedra angular de toda edificação espiritual é a pureza." Ciência e Saúde, p. 241. Quando estudamos a vida e os ensinamentos de Cristo Jesus e realmente procuramos colocá-los em prática, descobrimos que estamos construindo algo que em realidade já existe ali: nossa identidade como Deus a fez, na Sua imagem e semelhança.
Posso afirmar que agora, anos mais tarde, sinto alegria e pureza, liberdade e êxito, em maior medida do que jamais poderia esperar na época em que tive essa difícil experiência.
