Skip to main content Skip to search Skip to header Skip to footer

O desejo de ser amada

Da edição de março de 1991 dO Arauto da Ciência Cristã


Para muitos, o desejo de encontrar uma pessoa com quem compartilhar um relacionamento permanente, é um anseio não realizado que acaba solapando a felicidade. Quando eu era adolescente, os garotos eram a coisa mais importante para mim e para minhas amigas. Sentia-me muito insegura e achava que necessitava de uma pessoa para quem eu fosse especial. Na minha opinião, isso significava ter namorado.

Quando não tinha namorado, sentia um enorme vácuo em minha vida. O que me restava eram acessos de choro, de depressão e costumava perguntar-me: “O que há de errado comigo?” Por outro lado, quando tinha um namorado não conseguia ser feliz. Sempre me parecia que eu não estava à altura dele e pensava que chegaria a hora em que ele encontraria alguém que lhe agradasse mais. Em suma, era uma situação insustentável: sentia-me infeliz quando não tinha o que queria, e, quando o tinha, ficava ansiosa e com receio de perdê-lo.

Apesar de não freqüentar mais a Escola Dominical da Ciência Cristã, às vezes eu folheava exemplares dos periódicos da Ciência Cristã, que pertenciam a minha mãe. Sempre que encontrava algum artigo que tratava de relacionamento ou amor, eu o lia, esperando encontrar a solução mágica. No entanto, a solução que eu buscava, era ter um namorado e que o artigo dissesse como orar para consegui-lo! Não queria orar para me aperceber de minha inteireza como imagem de Deus; tampouco queria compreender que não poderia haver vácuo em minha vida, pois o homem é totalmente espiritual, o reflexo de Deus. Não queria nem ouvir dizer que eu não precisava de outro ser humano para me sentir especial, digna e feliz. Em vista disso, acabava me desapontando e colocava o periódico de lado.

Quando adulta, passei a ter outros interesses que ocupavam boa parte de meu tempo. Além disso, tinha o trabalho e a escola. Mesmo assim, sentia-me diminuída por não partilhar essas atividades com um homem. Continuava à procura de minha “outra metade” e, se porventura tinha um namorado, temia perdê-lo.

Minha mãe estava a par desse problema e enviava-me artigos dos periódicos da Ciência Cristã que tratavam especificamente do assunto e eu os lia. Também freqüentava Salas de Leitura da Ciência Cristã, em busca de literatura que pudesse auxiliar-me. Tudo o que eu lia, tocava no mesmo ponto: como o homem é a imagem de Deus, Sua expressão, ele é completo, inteiro. Eu conseguia aceitar o fato de que eu tinha de tudo no tocante a alimentação, abrigo e vestuário. O que não parecia lógico, era a afirmação de que eu podia deixar de sentir-me incompleta apesar de não ter namorado. Eu não me sentia completa, não importava quantas vezes repetisse isso para mim mesma.

Encontrei um panfleto da Ciência Cristã que me auxiliou muito. Apesar de não entender tudo, senti-me consolada. Uma idéia que se destacou foi a seguinte: mesmo que o amor que sentimos por alguém, não seja retribuído da maneira que esperamos, ele nunca é em vão, pois somos abençoados pelo amor desinteressado que expressamos. Também comecei a perceber que, a todo instante, somos amados por Deus.

Devo admitir que, na ocasião, eu queria ter um namorado. O amor de Deus não parecia ser suficiente, ou não era o tipo de amor que eu buscava. Compreendi, porém, que Seu amor devia ser o que eu desejava. Continuei a orar e a ler aqueles artigos periódicos da Ciência Cristã que abordavam as coisas que eu não queria ouvir. Também comecei a freqüentar a igreja com maior constância e a ler a Lição-Sermão do Livrete com certa regularidade.

Pouco a pouco compreendi que precisava chegar a um conceito mais claro acerca de minha identidade espiritual como a imagem, ou o reflexo de Deus, com direito a herdar tudo o que Deus provê. Precisava compreender que eu não era um mortal que necessitava de outro mortal para completar o cenário. Tinha de reconhecer meu valor inato como filha de Deus, um valor que não encontramos ou compramos por aí e que tampouco é subtraído de nós. E apesar de ainda não saber muito bem como aplicar essas verdades, comecei a lembrar-me delas sempre que me sentia solitária ou penalizada por minha situação.

Finalmente compreendi que Deus era a Pessoa mais importante em minha vida. Essa foi uma das lições que Cristo Jesus ensinou no Sermão do Monte: “Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino [o reino de Deus] e a sua justiça, e todas estas cousas vos serão acrescentadas.” Ao colocar a Deus em primeiro lugar, tudo ajustou-se naturalmente e minha visão das coisas ficou mais clara. A insegurança, a sensação de que me faltava essa ou aquela qualidade, simplesmente desvaneceram-se. Na verdade, passei a ter certeza, a realmente sentir, que sou o reflexo de Deus, sem vácuo ou vazio a ser preenchido. Tenho tudo o de que necessito, inclusive amor e companhia, porque tudo provém de Deus e não de um indivíduo mortal.

Existe uma tênue diferença nessa explicação, que por vezes é difícil de identificar. Surgem soluções em nossa vida, que suprem determinada necessidade humana. Em muitos casos, isso até pode vir por intermédio de outra pessoa. A fonte, porém, é sempre Deus. Ficaremos de mãos vazias se esperarmos que o mundo material e seus habitantes supram as nossas necessidades. Por outro lado, nunca ficaremos decepcionados se nos voltarmos a Deus, sabendo que Ele atende as necessidades legítimas. A Sra. Eddy explica-o desta forma: “O Cristo, a Verdade, dá aos mortais alimento e roupa temporários, até que o material, transformado pelo ideal, desapareça e o homem seja vestido e alimentado espiritualmente” (Ciência e Saúde).

Portanto, se precisamos de companhia, a resposta virá de uma forma que a consciência humana aceite. Para que isso ocorra, porém, talvez tenhamos de mudar nosso ponto de vista, será necessário compreender que Deus, não uma pessoa, é a fonte da satisfação e da realização. Talvez seja por isso que todos aqueles artigos finalizassem afirmando que os anseios de seus autores haviam sido atendidos quando a lição espiritual fora aprendida e quando haviam compreendido sua inteireza como reflexo de Deus.

Aprendi que Deus não é apenas uma resposta, Ele é a única resposta. Bem, muito embora tenha me casado, não considero que essa seja minha recompensa. O mais importante para mim é a libertação daquela triste e deprimente insegurança. Não me preocupo com o que meu marido vê em mim. Tampouco me questiono sobre quando ele vai descobrir que se enganou, para então partir. Amo meu marido e sou feliz no meu casamento, mas essa não é a fonte de minha felicidade, pois Deus é essa fonte. Se eu não tivesse superado todas as ansiedades do passado, meu casamento não seria mais feliz do que os relacionamentos que tive antes.

Isso não quer dizer, porém, que eu seja indiferente, ou que não me importaria se meu casamento terminasse. Tampouco considero-me tão maravilhosa, a ponto de pensar que isso jamais possa acontecer. Significa, no entanto, que pelo fato de Deus ser a fonte de minha felicidade, ela jamais me pode ser tirada. Esse conhecimento fortalece e apóia meu casamento.

O homem, como reflexo de Deus, vive eternamente no reino de Deus e a Sua criação expressa essa harmonia. Nossa vida não é um quebra-cabeça cujas peças precisam ser encontradas para formar o quadro completo. Cada um de nós é uma idéia completa que reflete Deus. Encontraremos a companhia adequada quando expressarmos esse fato espiritual em nossa vida.

Para conhecer mais conteúdo como este, convidamos você a se inscrever para receber as notificações semanais do Arauto. Você receberá artigos, gravações em áudio e anúncios diretamente via WhatsApp ou e-mail.

Inscreva-se

Mais nesta edição / março de 1991

A missão dO Arauto da Ciência Cristã 

“...anunciar a atividade e disponibilidade universal da Verdade...”

                                                                                        Mary Baker Eddy

Conheça melhor o Arauto e sua missão.