Aos olhos do mundo, dificilmente poderia parecer menos significativo, meia dúzia de adultos e talvez mais ou menos uma dúzia de crianças reunidas pelo espaço de uma hora, no porão ou nos fundos da igreja.
O ponto de vista limitado e mortal está convencido — e seu intento é convencer-nos — de que a Escola Dominical da Ciência Cristã é fundamentalmente um esforço sem relevância. O pensamento mortal pretende sugerir que há poucas pessoas envolvidas e as idéias ali debatidas provêm de antigos livros de religião — realmente, peças de museu.
A história cristã e o sentido espiritual denunciam o talento da mente mortal de interpretar erradamente as coisas. Afinal, foi a mentalidade carnal ou mortal que classificou o ministério de Cristo Jesus como herético e perigoso ou como passageiro e inconseqüente. Foi essa a mentalidade que perdeu de vista, que não percebeu que o que estava irrompendo nos corações e nas vidas humanas era algo que surgia por ordem divina.
Jesus disse certa vez: “Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles”. Nalgumas Escolas Dominicais pode ser que se trate literalmente de dois ou três reunidos — um professor e apenas um ou dois alunos. Mas se os professores e os alunos estão despertando para vivenciar algo do Cristo — o advento da própria realidade de Deus na experiência humana — então algo de significado imensurável definitivamente acontece, algo que capacita uma criança a caminhar na realidade do reino de Deus.
Uma das coisas que as crianças apreciam na Escola Dominical da Ciência Cristã é a possibilidade de se libertarem das classificações e limitações que o mundo lhes impõe. Às vezes durante a semana, na escola, sentem que são classificadas do ponto de vista psicológico, social ou racial. Muitíssimas vezes na Escola Dominical o amor pelas crianças é tão forte e direto que as ajuda a dar início à descoberta de sua individualidade autêntica — que já é livre do fardo de categorias e estereótipos humanos. Ao experimentar esse amor, desperta e floresce o desejo natural de espiritualidade da criança. Decorrente desse despertar flui o crescimento e o desenvolvimento, mas não é o tipo de crescimento e desenvolvimento que a mente mortal consegue quantificar, medir ou submeter à psico-análise. O que uma criança aprende na Escola Dominical será testado de milhares de maneiras pela própria vida e será posto à prova à medida em que a criança vence os desafios numa base espiritual. Esse repetido exame desvenda o reservatório ilimitável de espiritualidade que dá à criança ou ao jovem a possibilidade de começar a viver numa base inteiramente nova. Só o sentido espiritual, porém, perceberá o escopo total do que está agindo na consciência.
A Escola Dominical requer nova compreensão do que é significativo e até mesmo do que é real. Faz-se necessária uma nova maneira de ver, que não é convencional e é mais elevada. Quando a mente mortal exige que o foco de atenção se apegue, por exemplo, à pouca quantidade de alunos, o sentido espiritual dá valor a cada criança que encontra o caminho da Escola Dominical. O sentido espiritual está alerta quanto às possibilidades que a educação espiritual vem abrindo para essas crianças — mesmo que bem poucas delas compareçam nesse momento. Se nenhuma criança freqüenta uma dada Escola Dominical, o pensamento mortal nos animaria a cruzar os braços em sinal de derrota e abandonar tudo. O sentido espiritual sempre instará conosco a que nos atenhamos aos fatos espirituais. Deus é a força impulsionadora que trouxe à luz a Escola Dominical em primeiro lugar e o propósito divino com vistas a essa atividade permanece em vigor. O que se nos exige é viver mais estreitamente com o único Pastor, Deus, que reúne Suas próprias ovelhinhas e as alimenta e as apascenta à Sua própria moda.
Façamos, neste ponto, uma pequena pausa, pois sempre que chegamos ao coração espiritual de um empreendimento, o pensamento céptico pode ser rápido em sugerir: “Certo, essa é a meta ideal, mas entrementes volvamos ao que se pode fazer realisticamente.” A Fundadora da Ciência Cristã (e das Escolas Dominicais da Ciência Cristã), Mary Baker Eddy, descobriu que viver mais unido ao único Pastor é algo que se pode fazer agora. Aliás, essa é a maneira de ver evidência tangível e direta do ilimitado desvelo do Amor divino por seus pequeninos.
Às vezes acontece que vemos o que torna possível a educação espiritual: o fato de que em verdade já vivemos na luz abrangedora do Espírito e essa luz é verdadeira sabedoria, amor, alegria e a vitalidade de todo o ser. A educação espiritual é o despertar natural para essa luz — vê-la e vivenciá-la como a substância de nossa vida. É esse tipo de educação que torna prática e tangível a espiritualidade. E é essa espécie de educação que coloca Deus e Sua sabedoria à frente de todas as técnicas e teorias educacionais e psicológicas. Toda acumulação rotineira dos fatos e dos conceitos simplesmente falha, tornando-se obsoleta, ao chegar à novidade espiritual que a Mente divina revela.
A Escola Dominical da Ciência Cristã tem a ver com a descoberta do que Deus, o Amor divino, já expressou plenamente em cada criança. Mas não se trata de algo como a remoção de um pano branco que cobria a estátua e então ela ali está em sua plenitude. Assemelha-se muito mais ao “pastor vigilante” cuja experiência se acha descrita na primeira página do prefácio de Ciência e Saúde de autoria da Sra. Eddy: “O pastor vigilante avista os primeiros tênues clarões da aurora, antes de surgir a plena radiação do novo dia.”
Os primeiros clarões da aurora em muitas turmas da Escola Dominical — aqueles vislumbres do amanhecer espiritual — talvez se apresentem bem modestos, como meras tentativas. Para o sentido mortal pode parecer que nada de importante está acontecendo. Mas o sentido espiritual nos capacita a perceber a magnitude do que realmente está despontando — algo que o sentido mortal nem chega sequer a vislumbrar — a compreensão de que somos filhos da luz, expressões imortais do Espírito infinito.
Naqueles momentos ternos e bem reais da descoberta, quando se descortina a autenticidade real do Espírito, a Escola Dominical da Ciência Cristã torna-se uma dádiva vívida para as crianças do mundo. As pessoas que nela trabalham esforçam-se para cumprir com a exigência cristã de descobrir pelo menos algo do que Jesus via e amava nas crianças. Quando nisso seguimos ao Mestre, começamos a descobrir algo que não foi formado nem debilitado pelas condições ambientais ou psicológicas: a espiritualidade inviolável que está bem dentro do coração de cada criança.
Quando ocorre a educação espiritual genuína numa Escola Dominical, é de significado indisputável, como chuva contínua numa “terra árida, exausta, sem água”.
Recebido de um professor de Escola Dominical da Ciência Cristã: Um projeto realizado com uma turma de oito a dez anos de idade.
Durante o prazo de cinco domingos — além do tempo destinado às idéias fundamentais a serem trocadas sobre a Lição-Sermão semanal — meus alunos leram em voz alta e debateram o capítulo “A Oração” do livro Ciência e Saúde de autoria da Sra. Eddy. (A propósito, nunca faço os alunos lerem em voz alta simplesmente “para passar a hora”.) Foi uma leitura feita com propósito muito especial, um projeto de pesquisa, não apenas uma idéia geral do conteúdo. O capítulo foi lido tendo-se em mente determinada pergunta: “O que a Sra. Eddy diz que a oração não é?”
O projeto brotou do reconhecimeto de que Ciência e Saúde é o relato indiscutivelmente honesto das idéias reveladas — que podem ser perscrutadas e estudadas, algo que uma pessoa pode encarar na expectativa razoável de quem pesquisa e acha. Trabalhando nesse projeto todos nós vimos que ao tomar em nossas mãos o livro, estamos segurando o registro concreto feito por alguém — pela Sra. Eddy — de uma experiência real de descoberta espiritual. Sabendo com o que estamos lidando, constatamos que o livro “fala” literalmente a você; ele não irradia abstrações teológicas para o vazio do senso humano perplexo!
Eis a prova. As crianças se revesaram na leitura. Toda vez que encontravam uma passagem relacionada com o que a oração não é, paravam e conversávamos. Qual é a idéia de oração que a Sra. Eddy está rejeitando? A lista parcial que damos a seguir é surpreendentemente mais concreta do que o que encontramos quando nossa leitura não vai a fundo em busca da essência daquilo do qual podemos nos apropriar e praticar de forma imediata:
A oração não é tecer louvaminhas.
A oração não modifica a realidade.
A oração não é implorar a Deus.
A oração não é tornar a Deus melhor ou mais importante do que Ele já é.
A oração não é dar conselhos a Deus.
A oração não é algo feito de vez em quando.
A oração não é uma tentativa de instruir a Deus.
A oração não é ingratidão.
A oração não significa acreditar que se está certo e depois ouvir de Deus somente o que se quer ouvir, de modo a se sentir apoiado por Ele.
A oração não é pedir perdão, quando não se deseja a reforma. (Não é apenas “pedir desculpas”.)
A oração não é esperar tudo de bom sem sacrifício algum.
A oração nem sempre é um processo prolongado!
Está claro, antes de chegarmos a essas conclusões, houve muitos debates, que resultaram nessas resoluções finais. No transcurso desse projeto, aprendemos juntos o que são todos esses tipos de imitações erradas da oração, que devem ser evitadas e naturalmente adquirimos uma melhor compreensão sobre o sentido espiritual verdadeiro que dá relevo ao que é real. Constatamos que quando nos desfazemos de todas essas suposições errôneas e conceitos falsos, só nos resta a própria oração — a expressão muito real e científica do cristianismo primitivo.
Recebido de um superintendente de Escola Dominical
Quando passamos a incluir a comunidade no amor de Deus, os novos alunos vieram principalmente de famílias bem novas na Ciência Cristã. As crianças estavam tão excitadas ao conhecerem acerca da verdade e do amor de Deus, que trouxeram seus pais para a igreja.
Os alunos estão aquirindo uma compreensão firme do que é a Ciência Cristã. Estão tendo provas, eles mesmos, de que a Verdade está bem à mão e de que ela sempre atua no sentido de atender às necessidades deles. Preciso contar a vocês algumas dessas curas.
Um menino estava no balanço. Quando desceu, o balanço voltou e o atingiu em cheio na cabeça. Prontamente o menino começou a orar. Disse que sabia que não havia saído da presença de Deus, por isso sua cabeça não estava machucada. A dor cessou e não apareceu nenhum calombo ou galo.
Uma adolescente estava tendo dificuldades com seu patrão, no emprego. A questão foi debatida na Escola Dominical. Ela deu-se conta de que seu chefe também era filho de Deus governado pela harmonia de Deus, na qual ambos viviam. A turma orou a esse respeito durante a semana. No domingo seguinte, essa jovem veio para a aula toda contente. O patrão a saudara com alegria e elogiara seu trabalho. Que coisa linda ver a turma da Escola Dominical orar para essa cura e obtê-la. Deu nova dimensão ao ensino em aula. Agora eles oram uns para os outros o tempo todo e obtêm resultados.
Nossa Escola Dominical está cheia de amor, amor extravazante. Temos visto curas maravilhosas no trabalho com esses alunos. Não somos movidos ou influenciados pelo quadro material. Perpassando a neblina, vemos o filho de Deus belo e maravilhosamente criado por Deus. Um menino que manifestava comportamento errático e descontrolado, hoje está apto a tomar parte numa aula comum da Escola Dominical. Outra criança com esse mesmo problema acaba de ser matriculada. Essas crianças estão vindo a nós porque nosso pensamento se preparou para ver somente a cura que se está processando.
É surpreendente o crescimento em humildade e compreensão espiritual entre o pessoal da Escola Dominical. A conseqüência maravilhosa resultante é: melhor ensino e mais amor expressado.
