O Livro Do Gênesis relata que certa vez Jacó teve uma visão. Enquanto dormia, ele “sonhou: Eis posta na terra uma escada, cujo topo atingia o céu; e os anjos de Deus subiam e desciam por ela.” Gênesis 28:12. Nessa visão, Deus assegurou a Jacó Sua orientação e suprimento, tanto para ele como para sua descendência.
É interessante relacionar a visão de Jacó com o tratamento na Ciência Cristã. Quando o tratamento é inspirado por Deus, alcançamos uma visão nova e mais nítida da realidade divina. Porém esse discernimento não é abstrato e não está, por assim dizer, desvinculado da experiência humana.
De certa forma, o tratamento poderia ser comparado a uma escada cujo topo atinge o céu, através da qual as profundas verdades sobre a natureza espiritual de Deus e do homem chegam a nós; e essas verdades nos fortalecem espiritualmente, de modo que conseguimos negar legitimidade e realidade às manifestações do pecado, da tristeza e da dor. Então é natural que nossa oração atinja um estágio em que possamos perceber, mais do que tínhamos percebido antes, que o Amor divino está de fato cuidando de nós aqui, neste exato momento. “Na verdade o Senhor está neste lugar; e eu não o sabia”, Gênesis 28:16. disse Jacó ao despertar.
Reconhecer a supremacia de Deus em todos os aspectos da vida humana é parte importante da cura pelo Cristo. A Sra. Eddy nos diz em Ciência e Saúde: “A Mente imortal, que tudo governa, tem de ser reconhecida como suprema, tanto no assim chamado reino físico, como no espiritual.” Ciência e Saúde, p. 427.
É claro que, para o conceito material e generalizado de existência, Deus pode parecer muito longe do nosso alcance e até mesmo irrelevante para a situação humana, especialmente se alguém está atormentado por uma doença ou enfrentando qualquer outro desafio penoso. Mas nós podemos afirmar a supremacia de Deus em nossa vida, sentindo essa verdade de todo o coração, à medida que nos aproximamos do Pai e aprendemos a raciocinar melhor a partir de premissas puramente espirituais e científicas.
Deus e Seu universo espiritual e harmonioso, que inclui o homem, constituem a realidade divina. E não se trata de uma realidade que fica além, ou do lado de fora, daquilo que percebemos como realidade física; trata-se da própria realidade, o único reino verdadeiro. Esse é o “reino de Deus” que Jesus dizia que “está próximo” e que ele manifestou, como suas obras de cura atestam. Esse reino é absoluto, puramente espiritual, sem nenhuma camada de matéria e nunca se manifesta através da matéria. A Bíblia ensina que Deus é Espírito e que o homem é Sua imagem e semelhança. Portanto cada um de nós tem apenas uma identidade verdadeira; somos o homem totalmente espiritual que Deus criou. Há um só reino, o reino divino, e nós estamos nesse reino. Esses fatos sobre nosso ser real permanecem invariavelmente verdadeiros para sempre.
Embora às vezes nós possamos usar o adjetivo relativa ao qualificar a experiência humana, é interessante notar que nunca, nos escritos da Sra. Eddy, esse termo é usado em oposição à verdade absoluta. De fato, não há nada que se contraponha à realidade espiritual absoluta. Não há dois reinos nem duas realidades! Em um artigo que aparece em The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, entretanto, nossa Líder usa o termo correlativo, que, sem dúvida, tem um significado diferente (Ver Miscellany, p. 218). Uma declaração correlativa, por definição, provém da declaração original e é tão verdadeira quanto ela. Afirmações correlativas da verdade, portanto, são conclusões naturais que se originam em nossa compreensão crescente da única realidade, que é a totalidade de Deus. E são confirmadas pela onipotência e onipresença dEle.
Há muitas declarações correlativas da verdade, na Bíblia e nos escritos da Sra. Eddy, as quais afirmam de vários modos o suprimento amoroso de Deus para satisfazer a todas as necessidades humanas. Atente para as palavras de Jesus que aparecem no Evangelho de Mateus: “Se Deus veste assim a erva do campo, ... quanto mais a vós outros?” Mateus 6:30. E também para as palavras do Salmista: “Pois do Senhor é o reino, é ele quem governa as nações.” Salmos 22:28. Em Ciência e Saúde há afirmações semelhantes, tais como: “O Amor divino sempre satisfez e sempre satisfará a toda necessidade humana.” Ciência e Saúde, p. 494. Há também inúmeras referências ao controle harmonioso que Deus exerce sobre o corpo humano. Por exemplo: “Nem a inação orgânica nem o excesso de ação se acham fora do controle de Deus ... ” Ibid., p. 125. E, falando sobre a Verdade, a Sra. Eddy diz: “Transmite um estímulo salutar ao corpo e regula o organismo.” Ibid., p. 420.
Essas declarações não significam que Deus conheça a matéria ou o universo material. Nem sugerem que a matéria seja real e substancial. Porém ressaltam o efeito, na consciência humana, do Cristo, o Messias, cuja terna missão é nos salvar, elevar e redimir, até que despertemos na semelhança do Pai. À medida que nos voltamos para Deus em prece humilde e persistente, o Cristo fará com que fique claro para nós, de uma maneira que possamos entender no momento, a onipotência e a onipresença da Verdade e do Amor divinos.
Há alguns anos, presenciei uma cura na Ciência Cristã, que me ajudou a entender melhor alguns desses pontos.
Eu estava cuidando de uma pessoa de minha família que sofria de um doloroso problema de estômago, e vinha orando com ela. Em um determinado momento, com o agravamento de seu estado, busquei a Deus de todo o coração. Vieram-me ao pensamento muitas verdades espirituais sobre a onipotência de Deus, a natureza da verdadeira substância e da lei divina e a absoluta inviolabilidade do homem, que é o filho amado de Deus. Lutei para vencer o medo e as imagens de dor e sofrimento em mim mesma e também para negar que elas pudessem ser reais na experiência de outra pessoa.
Comecei a me sentir mais calma e estava certa de que Deus impulsionava minhas orações. Mas como não havia melhora no estado físico, eu me aferrei mais firmemente às verdades que me vinham ao pensamento. Foi então que, subitamente, lembrei-me de algo que um praticista da Ciéncia Cristã me havia dito certa feita, sobre a necessidade de ver afirmar que a verdade espiritual surte efeito na experiência humana. Voltei-me de novo ao Pai para pedir orientação. Imediatamente, sem qualquer esforço de minha parte para formular uma idéia, veio-me ao pensamento uma afirmação vigorosa e específica da verdade a respeito do controle absoluto de Deus sobre o corpo humano.
Devo explicar que o pensamento que tive não foi uma imagem mental de Deus fazendo alguma coisa em um órgão físico; não se tratava da mente humana “visualizando” a Deus em ação no corpo humano. Aquele pensamento veio a mim como uma percepção da realidade, como ocorre quando vemos um amigo que não víamos há muitos anos e repentinamente lhe reconhecemos o rosto. Eu simplesmente percebi, com base na compreensão que estava adquirindo a respeito da totalidade do poder e da presença divinos, que Deus tinha de estar no controle absoluto da situação humana, pois nada nem ninguém mais poderia deter tal controle!
Em alguns minutos, meu parente estava em pé e ativo, completamente curado.
É claro que as curas não ocorrem sempre desse mesmo modo. Cada tratamento é diferente e provavelmente nem todo tratamento inclui afirmações correlativas da verdade. Não há necessidade de afirmações correlativas em cada um dos tratamentos; o que realmente precisamos sempre é cultivar uma compreensão básica da supremacia absoluta de Deus.
A recordação dessa cura ajudou-me a ver que não preciso confiar em meu próprio esforço pessoal para que um tratamento se adapte a uma determinada situação. Afinal, Jacó não teve de “inventar” verdades espirituais adequadas às circunstâncias em que ele se encontrava; entretanto, ele foi suficientemente receptivo para ouvir e aceitar como verdadeiro o que Deus lhe revelava e que era evidentemente específico para suas necessidade.
Por outro lado, se pretendemos frustrar os esforços da mente carnal para impedir a oração científica e, conseqüentemente, a cura pelo Cristo, temos realmente de trabalhar. Temos de estar dispostos a persistir na oração, até que a inspiração flua e tenhamos as verdades necessárias para refutar as sugestões agressivas e conseguir a cura completa.
Quando as afirmações correlativas da verdade nos vêm por inspiração, elas nunca comprometem nossa visão da realidade espiritual absoluta. Entretanto, a mente humana tenta comprometer nossas orações, confinando-as a uma concepção essencialmente humana de vida. Tenta manter nosso tratamento amarrado a conceitos materiais, centrado em pessoas e situações, ao passo que o resultado natural da visão espiritual seria dissipar a visão material ou mesmerismo. Sabemos que estamos orando eficazmente, quando percebemos melhor o Espírito e a realidade espiritual, e a perspectiva meramente humana e pessoal, seja penosa seja agradável, retrocede. Essa percepção espiritual não ignora os problemas nem nos torna menos compassivos. Muito pelo contrário, ela nos abre o caminho para que o poder de Deus, a Verdade, seja sentido de forma tangível na cura.
A Verdade infinita, por sua própria natureza, cuida das condições humanas. Quando mantida na consciência, ela dissipa a ilusão, a mentira de que haja um poder separado de Deus, que possa atuar de modo prejudicial sobre o homem ou através dele. Ela tem um efeito curativo e regenerador sobre o corpo humano, porque tem poder curativo e regenerador sobre a consciência humana, que governa diretamente o corpo. O efeito da Verdade é nossa cura mental, moral e física.
Todos nós temos a capacidade, dada por Deus, de ter a visão espiritual que enxerga a supremacia de Deus em nossa vida. Deus é realmente supremo “tanto no assim chamado reino físico, como no espiritual.” Essa afirmação não é veraz durante apenas algum tempo, nem é uma verdade menor. Ela é verdadeira aqui, neste exato momento.
