Não Existem Duas pessoas exatamente iguais. Não importa quantos bilhões de habitantes existam no mundo, esse fato surpreendente é imutável. Contudo, a pergunta melancólica “Quem sou eu?” ainda persegue muitos homens, mulheres e crianças. É grande o número de pessoas que se sentem invadidas pela sensação de que, na melhor das hipóteses, a vida humana é imprevisível, anônima e conduz-nos de forma confusa a um destino ignorado.
Será que existem respostas convincentes para estas relevantes perguntas: Quem sou eu? Por que estou aqui? Qual é o propósito de minha vida? Como posso aproveitar melhor essa vida preciosa com a qual fui presenteado? É claro que existem respostas. Mas não deveríamos nos surpreender com o fato de que essas respostas são encontradas apenas nos níveis mais elevados do pensamento, não nos mais baixos; no sentido espiritual das coisas, não no material.
Houve uma época em que, como muitas outras pessoas, eu questionava a razão de minha existência. Queria saber por que eu existia, quem tinha conhecimento de minha pessoa ou se preocupava comigo, que bem humano eu poderia trazer para alguém. Também queria saber para onde eu estava sendo levado, se é que deveria chegar a algum lugar. Como não encontrasse respostas satisfatórias, eu me perguntava: para que continuar vivendo?
Em minha luta com esse sentimento agressivo de insignificância pessoal, a única coisa que me dava conforto e acalmava meus tristes pensamentos era o estudo da Ciência Cristã. Certo dia, meus olhos caíram sobre esta declaração incisiva da Sra. Eddy, em Ciência e Saúde: “É preciso tirar o máximo proveito da escola preparatória da terra.” Ciência e Saúde, p. 486. Através da oração, foi-me revelado que eu não estava procurando melhorar meu conceito de existência. Pelo contrário, eu estava nutrindo e acalentando um acentuado conceito de minha mortalidade pessoal. Onde é que Deus ficava nisso tudo? Como é que eu poderia “tirar o máximo proveito” desta “escola preparatória”, se a única coisa que eu fazia era ficar remoendo sempre os mesmos pensamentos voltados para mim mesmo, a mesma auto-compaixão e o mesmo negativismo?
Minha cura começou quando compreendi que poderia encontrar respostas às perguntas que eu ansiava por ver respondidas. Não, porém, em uma interminável auto-análise mortal, mas sim apenas em uma busca espiritual para conhecer a Deus e meu relacionamento com Ele. O que é que Ele queria que eu fizesse com minha vida? O que é que Ele havia planejado para mim? Essa nova linha de pensamento exigiu uma disciplina com a qual eu não estava acostumado, pois meu raciocínio havia se tornado bastante indisciplinado. Em realidade, eu estava sendo dominado por meus pensamentos e submetia-me humildemente ao que eles me ordenavam.
Em assuntos relacionados com o Espírito, eu me sentia bastante enferrujado. Mas o Espírito onipotente não fica desconcertado com um pouco de ferrugem mortal! Quando volvi meus pensamentos a Deus, iniciei um estudo em espírito de oração sobre o vasto tema “Deus”, na Bíblia e no livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde, e quando comecei a refletir sobre como e para que Ele me havia criado, houve uma reviravolta completa. Meus pensamentos começaram a ser envolvidos por uma nova e crescente inspiração espiritual. Com o tempo, o pensamento voltado para mim mesmo e o negativismo melancólico foram totalmente curados. Foram substituídos pelo entusiasmo que passei a sentir, a cada dia, por uma busca reverente da orientação divina e por uma procura pelo Cristo, a verdadeira idéia do ser que desponta no pensamento.
Uma das coisas maravilhosas que aprendemos, ao estudar a Ciência Cristã, é que Deus, nosso Criador, o Criador de toda a vida, fez tudo espiritualmente, de acordo com Seu plano divino. Isso significa que Ele tem uma função e um propósito para cada manifestação de Sua existência, inclusive para mim e para você. Ciência e Saúde coloca essa idéia da seguinte forma: “O homem é a expressão do ser de Deus.” Ibid., p. 470. Como Deus é Espírito, será que o homem poderia, ao mesmo tempo, ser a expressão da matéria, o exato oposto desse ser? Como poderia a matéria, que não tem inteligência, ser a expressão do Espírito onisciente? Como poderia a expressão de Deus ser a expressão do erro inútil, sem propósito, sem plano? Não podemos aceitar esses dois contrários ao mesmo tempo, podemos?
Tendo aceitado a verdade de que Deus criou a mim e a você à Sua própria semelhança, à semelhança do Espírito, não da matéria, não temos nós de aceitar o conseqüente e esperar que essa condição elevada continue conosco hoje, amanhã e sempre, para ser demonstrada? Visto que coexistimos com Deus, como poderíamos ser gradativamente afastados dessa posição de filhos dEle, simplesmente porque a matéria, que não é inteligente, sugere enganosamente que somos mortais, velhos ou doentes, ou sem emprego, ou com problemas financeiros, que não completamos os estudos, ou que nos mudamos para um local pior, ou que perdemos um ente querido? Acaso não temos de defender nossa posição de filhos e filhas de Deus e insistir em receber a parte completa que nos cabe de nossa herança divina? Não temos o dever de manter o pensamento firme em nossa identidade real, como a expressão do ser de Deus?
Aprofundando-nos nos aspectos cristãmente científicos de Deus e do homem, podemos alcançar uma nova e clara percepção de que somos necessários e de que esse fato é divinamente autorizado. Podemos nos conscientizar de nossa importância insubstituível como idéias de Deus em Seu plano divino. Afinal, a essência da mensagem de Cristo Jesus sobre nossa filiação divina acaso não era a de que cada um de nós tem um lugar e um propósito no reino do Pai? Jesus disse: “Não temais, ó pequenino rebanho; porque vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino.” Lucas 12:32. Assim como cada nota é necessária em uma sinfonia, a criação de Deus, divinamente ordenada, precisa de cada um de nós como parte indispensável dessa grande ordem. Nossa necessidade imediata é parar de duvidar disso, orar humildemente para que possamos ver qual é a razão de nossa existência e como podemos cumprir nosso dever para com Deus, como Sua expressão.
Quando compreendemos, mesmo que só um pouco, nosso lugar na Ciência do ser, já não seremos enganados por crenças materiais que querem fazer-nos crer que somos jovens demais, velhos demais, doentes demais, pobres demais, com instrução de menos, com instrução demais, ou muito malquistos, para ocupar alguma posição significativa no plano divino. Cabe a nós orar diariamente para afirmar que realmente reconhecemos e compreendemos nosso lugar no plano de Deus e que o caminho a seguir nos será indicado.
Consideremos este trecho notável de um dos livros da Sra. Eddy: “Como parte ativa de um todo estupendo, a bondade identifica o homem com o bem universal. Assim, possa cada membro desta igreja elevar-se acima da pergunta tantas vezes repetida: Quem sou eu? para a resposta científica: Eu sou capaz de transmitir verdade, saúde e felicidade, e essa é a rocha da minha salvação e a razão de minha existência.” Miscellany, p. 165.
O conceito de que “essa é ... a razão de minha existência” nos proporciona algo, ou melhor, tudo o que precisamos, para ter um objetivo. A razão de nossa existência é transmitir verdade, saúde e felicidade a nossos semelhantes, inclusive a nós mesmos! Nossa necessidade é a de sermos ativos em expressar a Deus de todas as maneiras, silenciosa ou audivelmente, sejamos ou não vistos por aqueles a quem abençoamos.
Se quisermos nos elevar acima do pensamento depressivo de que somos pessoas sem valor, rejeitadas ou desnecessárias, precisamos voltar nossa atenção para o alto, para questões divinas, adquirindo assim uma noção do propósito divino para o homem, do que significa ser o reflexo de Deus, Sua criação divina. E para chegarmos ao entendimento de nosso verdadeiro valor, começamos por orar sem cessar para compreender nosso relacionamento com Deus e a posição do homem como Sua expressão.
Resumindo, já não perguntamos: “Quem sou eu?” Passamos a perguntar: “Pai-Mãe Deus, qual é Tua vontade para mim? Como posso transmitir Tua verdade, saúde e felicidade aos outros?” Substituindo o pensamento voltado para o próprio eu pelo pensamento centrado em Deus, adquirimos uma nova perspectiva de tudo o que nos rodeia. Aprendemos a sentir apreço verdadeiro pelo presente maravilhoso que é a vida que recebemos de Deus.
