Quando Eu Tinha cerca de doze anos, participei numa cerimônia de batismo junto com outros amigos da Escola Dominical que eu freqüentava. Essa ocasião especial proporcionou-me um sentimento de compromisso a valores cristãos e um sentido de pertencer à família da igreja. Mas faltava-me um sentido da atividade contínua do batismo. Para mim, havia sido um acontecimento daquele momento apenas.
Quando comecei a me interessar pela Ciência Cristã, comecei a aprender que o batismo, um requisito cristão indispensável, é algo mais do que uma declaração de intenção cristã mas é, de fato, a verdadeira essência do progresso espiritual. É a influência limpadora, purificadora do Cristo, a Verdade, em nossa vida, a purificação a cada momento, de pensamento e ação. Essa purificação cristã modifica nossa maneira de ver as coisas. Ajuda-nos a compreender a natureza espiritual do homem, criado por Deus, o Espírito, em Sua pura semelhança. Isso melhora nossa compreensão acerca de nós mesmos e dos outros. Características que parecem fazer parte de nós, mas são opostas à natureza de Deus, o Amor divino, são vistas como imposições que mais cedo ou mais tarde têm de dar lugar às qualidades espirituais inatas da semelhança de Deus. Essa verdadeira percepção e expressão substitui o conceito errôneo de que o homem é um mortal, doente e pecador, e torna-se evidente na vida diária por meio da cura.
A Ciência Cristã revela uma conexão concreta entre o batismo e a demonstração da cura espiritual. No livro texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde, a Sra. Eddy escreve: “O batismo no Espírito, que lava o corpo de todas as impurezas da carne, significa que os limpos de coração vêem a Deus e se aproximam da Vida espiritual e sua demonstração.” Ciência e Saúde, p. 241. Aproximar-se de algo implica atividade contínua. O piloto de um avião, por exemplo, começa a se aproximar de seu destino no momento em que toma o rumo certo, mas há ainda muito a fazer até concluir uma aterragem segura. Por meio de nossa obediência a Deus e aos ensinamentos de Cristo Jesus, tomamos com certeza o rumo certo. Tendo assumido esse compromisso, descobrimos que a persistência, a oração e a purificação contínua do caráter abrem o caminho no sentido de como demonstrar a cura espiritual com certeza crescente.
Os ensinamentos de Jesus são ricos em instruções. O Mestre realçou qualidades tais como amor, pureza, humildade, fome de justiça e pacificação. Ele tornou claro que nenhuma delas está nem sequer temporariamente fora de nosso alcance, mas pelo contrário, são qualidades ao nosso dispor, ou melhor, sempre conosco, e abençoam a todos os que se disponham a expressá-las. No entanto, ao nos esforçarmos por esse cristianismo, alguns traços que são totalmente estranhos a nossa verdadeira natureza precisam ser abandonados, por não pertencerem à imagem de Deus. É aí que o batismo se torna essencial. A purificação do pensamento elimina as tendências alheias ao homem de Deus, tais como orgulho e medo, ressentimento e raiva. Essa limpeza de nossos motivos e propósitos permite que o amor crístico singelo, inato ao homem, seja sentido e vivenciado. Produz em nós uma mudança que é mais do que superficial. Jesus avisou os soberbos e convencidos fariseus que se abstivessem de apenas limpar “o exterior do copo e do prato”. Mateus 23:25. Esse ensinamento deixa claro que o verdadeiro batismo tem de atingir os desejos e aspirações mais íntimos e purificá-los.
No entanto, esse batismo não é por si só a fonte da pureza espiritual. Apenas revela o que já existe, o que é inerente a nossa verdadeira identidade. Por exemplo, suponha que você encontre uma pedra interessante coberta de sujeira. Você a lava com cuidado e descobre, com surpresa, que por baixo do acúmulo de sujidade existe uma belíssima gema de valor incalculável. Você não pensaria que o ato de lavá-la transformara a pedra nessa gema preciosa. Você compreenderia que o ato de lavar permitira ver o objeto tal como é na realidade. A purificação do pensamento permite-nos ver o grande valor do homem conforme Deus o criou. Também nos permite detectar as qualidades que não fazem verdadeiramente parte de nosso caráter e abandoná-las. Essa regeneração toca o coração e o transforma. Essa pureza inata é expressa no dia-a-dia por meio de crescente compreensão do poder do Cristo que cura física e moralmente.
À medida que comecei a compreender a necessidade contínua de purificar meu pensamento e ações, comecei a ter curas espirituais. Meus estudo diligente da Bíblia e do livro-texto da Ciência Cristã despertou dentro de mim um desejo de aprender, como uma criança, algo mais acerca de Deus e de minha identidade como Sua filha. Com cada vislumbre profundo da natureza de Deus como Vida e Amor, infinitamente bom, eu adquiria uma compreensão mais elevada de meu caráter real como Sua semelhança. Atitudes superficiais de sofisticação e preocupação própria começaram a se dissolver. Comecei a descobrir que a humildade é o patamar da descoberta espiritual. À medida que esse processo limpador prosseguia, comecei também a ver os outros sob uma nova luz, mais espiritual, e essa visão mais pura começou também a beneficiá-los. A purificação contínua sempre mostra a profundidade da limpeza, que pode ser simbolizada pela água, mas tem de avançar por meio de ação.
A própria imersão de Cristo Jesus na água, concessão à época, exemplificou a necessidade e profundidade do batismo espiritual. Mas tanto suas obras curativas como as ordens que deu a seus seguidores demonstraram o quanto essas idéias deviam crescer para desenvolver-se além dos símbolos materiais. Ele ensinou que o padrão cristão de pureza é equivalente à perfeição. Seu amoroso e firme mandamento a seus seguidores de todos os tempos foi “Sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste.” Mateus 5:48.
Se não estivermos elevando nossa vida com a pureza espiritual, como é que a perfeição crística pode ser conseguida? Seguir a Cristo Jesus tem de incluir uma disposição do fundo do coração para obedecer a seus ensinamentos e seguir seu exemplo. A Sra. Eddy escreve em seu livro The People's Idea of God: “A Ciência Cristã tem uma única fé, um único Senhor, um único batismo; e essa fé se alicerça no Espírito, não na matéria; esse batismo é a purificação da mente — não uma ablução do corpo, mas lágrimas de arrependimento, um amor transbordante, que lava os motivos do pecado; sim, é o amor abandonando o eu por amor a Deus. O frio banho pode refrescar o corpo, ou, em cumprimento de um rito religioso, pode declarar aquilo em que uma pessoa acredita; mas não pode purificar sua mente, ou corresponder às exigências do Amor. É o batismo do Espírito que lava nossas vestimentas e as torna alvas no sangue do Cordeiro; que nos banha na vida da Verdade e na verdade da Vida.” The People's Idea of God, p. 9.
É esse batismo que vence o abismo existente entre aquilo que a humanidade parece ser — imperfeita, maculada, doente e pecadora — e aquilo que de fato é: a amada descendência, espiritualmente perfeita, de Deus. Uma pureza cada vez maior de pensamento não apenas proporciona mais cura à nossa experiência, mas habilita-nos a agir com amor abnegado e satisfazer a grande necessidade de cura espiritual do mundo de hoje.
Eu já não encaro o batismo como um evento que ocorre uma só vez, nem mesmo como algo opcional. A profunda e persistente purificação mental permite-nos satisfazer os requisitos do cristianismo. O batismo espiritual traz à nossa vida inspiração e amor crescentes, proporcionando o ímpeto para maior alegria, propósito e cura.
