Ter filhos está de novo na moda, pelo menos é o que afirmam as revistas atuais. Mas o cuidado genuíno pelas crianças é mais do que uma tendência que vai e volta. É um esforço abnegado, um amor que nada pede em troca, uma vida de oração. É essa a essência da mensagem que transmite nos seminários sobre como ser bons pais, em que ela orienta os empregados de grandes companhias dos Estados Unidos. Seus seminários originaram-se em experiências pessoais — não apenas no campo da educação, mas também junto de sua própria família. Neste artigo ela conta algumas das lições que aprendeu.
Seus primeiros seminários sobre como ser bons pais começaram a convite de uma grande empresa. Agora que dá esses seminários noutras grandes empresas, como é que os aborda? Uma das coisas que eu digo é que muitas grandes empresas estão empenhadas em apoiar o processo de educação, porque reconhecem que se não tiverem funcionários capazes, não podem permanecer competitivos no terreno da indústria ou do comércio. Que outra coisa melhor pode uma grande empresa fazer, do que apoiar o processo de educação, ajudando seus empregados a serem melhores pais? Oferecer seminários sobre como ser bons pais promove o relacionamento da empresa com seus empregados, porque estes verificam que a companhia se preocupa com eles e suas famílias e compreende que a vida dos empregados é mais do que apenas o lugar de trabalho.
Diga-nos como é que prepara esses seminários. Quando inaugurei este programa, assumi o compromisso de orar três horas pelas crianças de todo o mundo, cada vez que desse um seminário. Sempre achei que essa era a verdadeira razão de estar neste programa. É uma oportunidade para ajudar as crianças do mundo e orar por elas. Um dos pontos a que tenho dedicado muito tempo de oração é a inocência das crianças.
Compreendi, ao pensar em meus próprios filhos, que abrigava a idéia de que tudo faria para manter meus filhos inocentes, por tanto tempo quanto pudesse. Mas o que me veio, em resultado da oração, foi que a inocência é uma qualidade de Deus e é inerente à natureza real do homem, e que por isso não pode ser tirada de nós. Isso levou-me a uma abordagem completamente diferente. Percebi que a inocência é característica de todas as crianças, seja qual for o ambiente que as rodeia. Essa inocência não lhes poderia ser tirada.
Algumas vezes os pais têm a sensação de que pouca coisa há que eles ou outras pessoas possam fazer para terem a certeza de que seus filhos permanecerão bons. Qual é sua opinião? Como mãe, utilizei muito um certo versículo bíblíco. É de Isaías: "Como pastor apascentará o seu rebanho; entre os seus braços recolherá os cordeirinhos, e os levará no seio; as que amamentam, ele guiará mansamente." Isaías 40:11. Essas palavras me alentam a deixar que Deus nos guie, em vez de debater-nos sobre como deveríamos agir, na qualidade de pais.
Esse versículo descreve um amor muito carinhoso. Começa com os cordeirinhos e fala em levá-los ao colo, mostra o senso de cuidado, e finaliza com “as que amamentam”, não esquecendo os pais. Esse versículo abarca tanto os filhos como os pais.
Outro fundamento da função de ser pai e mãe eu aprendi de uma cura na Ciência Cristã que minha filha teve quando ela era muito pequena. Tínhamos ido junto com outra mãe e seus dois filhos pequenos a um grande parque nacional, nas montanhas. Fomos lá acampar durante uma semana, só as mães e os filhos. Um dia paramos junto a um rio para almoçar. Quando estávamos prontos para vir embora, a menina de quatro anos, filha de minha amiga, virou-se de repente e caiu nágua. Havia uma descida e a corrente a arrastou para baixo. A mãe correu atrás dela e tirou-a para fora. Enquanto a mãe a puxava, a menina chorava e dizia: “Mamãe me salvou, Mamãe me salvou!” A mãe, muito calmamente, disse: “Mesmo que eu não tivesse estado junto de ti para te acudir, Deus sempre te acudiria.” Que idéia maravilhosa, pensei eu.
Quando chegamos a casa depois da viagem, pus minha filha, que tinha cinco meses, no quadrado e fui tomar banho. Eu a despi para deixá-la tomar sol, mas pus uma fralda de plástico por baixo dela para proteger o quadrado. Quando voltei descobri que ela enrolara a fralda no rosto e os adesivos laterais haviam impedido que ela a removesse. Quando a levantei, ela estava inerte, com o rostinho azulado. Minha primeira reação foi fazer-lhe respiração artificial. Eu havia sido salva-vidas, por isso reagi assim. Mas ela continuou inerte. Corri para o telefone e chamei um praticista da Ciência Cristã para nos ajudar em oração.
Segurando a criança enquanto orava, veio-me a noção de que sua ligação com Deus nunca podia ser cortada. Quando nos elevamos a Deus de todo o coração, percebemos Sua presença, Seu amor. Senti-me muito segura e em paz. Apenas reconhecia Seu amor. Passados uns momentos baixei os olhos e vi minha filha sorrindo para mim. Ela também estava em paz. Ela ficou completamente curada naquele mesmo instante e não houve seqüelas. Essa experiência de buscar a Deus e reconhecer que essa criança estava sob o cuidado de Deus foi um marco para mim.
Eu levo muito a sério minha responsabilidade como mãe. Na Ciência Cristã aprendi que tudo o que sou como mãe é possível por causa daquilo que já é verdade espiritualmente, aquilo que é verdade por causa do que Deus é. Deus é o único Progenitor, Pai-Mãe Deus, para usar as palavras da Sra. Eddy para Deus. Cada um de nós em realidade reflete Deus.
Essa cura foi a base de meu reconhecimento desse fato. Muitas vezes lembro-me dessa cura. Meus filhos, meu marido e eu tivemos muitas curas depois dessa, mas nem posso contar as vezes que precisei recordar o que aprendi com essa experiência. Minha responsabilidade fundamental é reconhecer que existe um vínculo direto entre o homem e Deus. Nada posso acrescentar ao relacionamento que essa criança tem com Deus, nem coisa alguma posso retirar-lhe.
Quando você dá seus seminários, como é que aborda essas idéias e que tipo de reação obtém? Quando comecei, eu estabelecia uma distinção maior entre a oração que fazia antes do seminário e o que efetivamente dizia durante o seminário. Hoje em dia, quando me pedem para dar uma palestra, apercebo-me de que tenho de partilhar de coração para coração aquilo que realmente acredito sobre como ser bons pais. A reação tem sido maravilhosa. Não têm conta as vezes que me abraçaram e disseram: “É ótimo ouvir algo construtivo.” Quantas vezes os pais vão a uma palestra sobre esse tema e escutam tenebrosos presságios sobre a ruptura da família, voltando de lá a murmurar: "Sim, mas se isso é verdade, o que é que nós podemos fazer? Isso não nos ajuda sobre o que devemos fazer para sermos pais melhores.”
Muitas vezes começo falando com os pais sobre a necessidade de comunicar seu amor a seus filhos. Mas muitos pais dizem: “Oh, meus filhos sabem que eu os amo.” Mas será que o comunicamos com clareza? Eu encorajo os pais não apenas a amar seus filhos, mas a ver seus filhos como dignos de serem amados. Essa idéia tem sido muito bem recebida. Uma das histórias que conto é, muitas vezes, a de minha filha Melanie.
Quando tinha cinco anos de idade e eu estava grávida de seu irmão mais novo, ela ficou muito contente pela expectativa de um novo bebê, fosse menino ou menina. Mas quando ele tinha dois anos e meio e entrava no quarto e brincava com as coisas dela, e as pessoas estavam sempre a comentar como ele era engraçadinho, ela já não lhe achava graça alguma. Eu estava sempre a mandá-la para o quarto, de castigo por ter sido rude para o irmão. Quando ela foi para a escola, visitei a classe, pois eu era assistente voluntária, e perguntei à professora como é que ela ia. Ela respondeu: “Bem, nos estudos ela vai muito bem, faz os trabalhos, mas não é uma menina feliz.” Quando regressava, apercebi-me de que em casa também não éramos muito felizes. Mandava-a para o quarto tantas vezes, que havia uma tensão latente.
Percebi que abordava minha filha do ponto de vista de que eu não podia amá-la enquanto ela não se expressasse com amor. Eu havia estado tentando obrigar Melanie a admitir que ela estava sendo grosseira, na esperança de que ela se tornasse amável. Vi-me perguntando a mim mesma: “Por que é que eu não a obrigo a admitir que ela é amável?”
Nas semanas seguintes festejei as ocasiões em que ela era amável — eram poucas e raras. Às vezes em que era grosseira não eram ignoradas, mas eu não fazia desses momentos um grande acontecimento. Eu dava atenção às vezes em que ela era amorosa e gentil. O que aconteceu foi uma transformação muito rápida. Ela começou a ver-se de maneira diferente. As ocasiões em que era amorosa para com seu irmão aumentaram. Na vez seguinte em que perguntei à professora como é que ela ia, a professora respondeu: “Ela voltou a ser a Melanie de antes. Ela é de novo feliz e voltou a ter senso de humor.”
Uso com frequência em minhas orações a parábola de Jesus sobre o filho pródigo, porque ela me fala do amor incondicional de Deus por Seus filhos. Temos sempre um lugar em Sua casa. Até já incluí essa parábola nos meus seminários, em virtude de seu claro exemplo do puro amor paterno. Nós, como pais, podemos não gostar de tudo o que nossos filhos fazem, mas nunca cessamos de os amar.
É uma idéia simples — como expressamos nosso amor? Será que vamos retirar nosso amor pelos filhos, até que eles sejam amorosos? Pelo contrário, penso que devemos reconhecê-los como amorosos, vê-los dessa forma e realçá-la.
Ora, isso não é meramente pensamento positivo. Voltando à minha oração naquela situação, não era uma questão de persuadir minha filha a ver-se a si própria como amorosa. Precisei reconhecer seu relacionamento com Deus, compreender que ela expressava qualidades divinas e que essas não poderiam ser-lhe tiradas. Uma das qualidades que fazem parte de seu ser como filha de Deus é a de ser digna de ser amada.
Aquilo que estou reconhecendo em meu estudo da Ciência Cristã é que nós não nos pomos a mudar a realidade. Oramos para ver com maior clareza o que é espiritualmente verdadeiro. Eu não a mudei por realçar sua capacidade de ser gentil e digna de amor. O que fiz foi vê-la como Deus a criou. Assim, sua verdadeira identidade tornou-se clara para mim.
Ao apresentar esse conceito em meus seminários, utilizo a idéia de ver os filhos corretamente. Eu não lhes digo para vê-los como filhos de Deus, mas, sem dúvida, em minhas orações por meus filhos é assim que encaro essa exigência.
Como é que seus filhos reagem a você dar esses seminários sobre como ser bons pais? Um dos desafios que advém de Melanie saber que eu dou esses seminários, é que se eu me irrito com ela, ela diz: “Mamãe, não podes fazer isso. Tu dás seminários sobre como ser bons pais, sabes?” E mesmo quando eu faço minhas melhores perguntas, eu ainda colho algumas surpresas. Meu filho Kenny mexeu em meu estojo de maquiagem e esmagou o batom na tampa. Voltei-me para ele e perguntei-lhe aquilo que é comum perguntar nesses casos: “E agora, como vamos resolver este assunto?” e ele respondeu: “Bem, acho que podes orar.”
Habite ricamente em vós a palavra de Cristo;
instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria,
louvando a Deus, com salmos e hinos e cânticos espirituais,
com gratidão, em vossos corações.
E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação,
fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai.
Coloss. 3:16, 17
