Quando Denominamos Esse sentimento de “fantasia romântica”, tudo parece inofensivo e ao mesmo tempo deliciosamente autêntico. Mas, de fato, não é uma coisa nem outra. Para muitas pessoas, a preocupação excessiva com a fantasia saltou dos jardins adornados por trepadeiras de rosas dos romances vitorianos, passando pelo cinema e indo parar no centro de suas vidas.
Como é que a crescente aceitação do sensualismo, como sendo normal e até mesmo terapêutico, nos afeta? É a intensidade física e emocional nossa medida atual do amor?
A questão mais profunda diz respeito à nossa compreensão do que é verídico e substancial. Será que a realidade é em essência física e sensual? Apenas carnal? Ou será que as coisas do Espírito são a realidade básica, a substância permanente da existência? Será que a vida é assim tão monótona e rotineira, a ponto de termos de escapar por meio da fantasia? Ou é nosso viver diário que carece de realidade espiritual? E se um relacionamento que tenhamos nos desaponta, será que arranjar um novo e mais “fantástico” satisfará nossas necessidades mais profundas?
Ou bem a realidade da vida é sensual, com todas as oscilações entre excitação e tédio que o sensualismo implica, ou então esse “pingue-pongue emocional” na verdade nada tem a ver com o homem, que é a expressão de Deus. A procura incessante de amor é, às vezes, indício de que desconhecemos o amplexo de nosso Pai e a intimidade de Seu amor.
É natural que todos anseiem encontrar o “verdadeiro amor”. E pode ser que nossos desapontamentos românticos nos levem a desconfiar de que aquilo que costumamos chamar amor não é de forma alguma amor genuíno. Não é o resultado do Amor divino, nosso Criador. O Amor divino não é volúvel. Não oscila entre a paixão e o desinteresse. Inclui, sim, uma realização contínua que ultrapassa de longe satisfações passageiras. Ninguém pode em definitivo satisfazer nossos desejos íntimos, mais profundos. Eles só podem ser contentados pelo Amor divino e pela compreensão do que efetivamente somos: a imagem espiritual de Deus. Essa verdade sobre o homem é o que alicerça relações genuínas e dignas de confiança.
Quando Jesus encontrou, junto a um poço, uma mulher que tivera cinco maridos, ele deve ter pressentido nela uma sede profunda da satisfação do Espírito. Ele utilizou esse simples incidente como oportunidade para falar metaforicamente da água viva que possuía. Ele disse: “Aquele, porém, que beber da água que eu lhe der, nunca mais terá sede, para sempre”. João 4:14. E no Sermão do Monte, ele deu-nos esta promessa: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos”. Mateus 5:6.
Ora, para ficarmos repletos da inteireza do Cristo, precisamos ter cuidado em não manter nossos dias, nossas mentes, nós mesmos, tão cheios com a rotina diária, que não sobre lugar para o Cristo! A fim de atender à nossa inclinação natural pelo bem, temos de estar receptivos às intuições espirituais que nos alertam e nos defendem da influência subliminar da sexualidade em coisas tão banais como letras comuns de canções, cartazes de auto-estradas e, até, propaganda de artigos domésticos.
Na verdade, a influência do Espírito divino está à nossa volta. Mas para que possamos nos tornar de todo conscientes desse fato, precisamos ouvir em quietude e orar com sinceridade. Por meio da oração, podemos nos tornar conscientes, agora, de nossa verdadeira natureza, que inclui um sentido espiritual inato de inteireza.
A Sra. Eddy escreve: “Se o sentido espiritual sempre guiasse os homens, resultariam dos momentos de êxtase uma experiência mais elevada e uma vida melhor, com mais abnegação devota e mais pureza.” Ciência e Saúde, p. 7.
Permitir que o amor abnegado tome o leme de nossos pensamentos e ações projeta nova luz sobre o tema da atração. Começamos a ver que a “reação química” entre pessoas — esse sentimento de irresistível magnetismo — é o oposto da primitiva atração pelo bem. Cada um de nós possui essa noção do bem derivada de Deus, que permite reconhecer o que vem de Deus, em oposição àquilo que nos empurra para longe dEle. Temos a habilidade, concedida por Deus, de ir contra a corrente, se necessário, para alcançar o que mais desejamos — sermos “felizes para sempre” em nossa união espiritual com Deus.
Os relacionamentos genuinamente ternos, alicerçados nesse tipo de interesse mútuo e compromisso, estão longe de ser monótonos e tediosos. Ao contrário, encontram a maneira de superar as dificuldades da vida cotidiana de um casal. Em vez de acharmos que estamos a perder alguma coisa, nos sentiremos mais vivos. Esse tipo de amor é mais rico, mais satisfatório. Porque, ao contrário do sensualismo, que sempre varia entre o prazer e a dor, o amor do Amor divino é constante e atencioso. Quando adquirirmos esse tipo de amor, não precisaremos escapar à realidade, nem o quereremos. E quando um relacionamento falhar, não correremos às cegas para outro. Em vez disso, nos voltaremos a Deus para que inspire e eleve nossos afetos.
A fantasia e a excitação não nos aproximam do amor verdadeiro. Ao contrário, privam-nos dele. A compreensão de que o homem reflete a inteireza de Deus dissolve por completo o desequilíbrio que o sensualismo produz. Aprofunda nossos afetos, tornando nossas relações com outros mais carinhosas.
