Há Pouco Tempo, uma amiga lembrou-me de uma história estimulante, mas real. Dois estudantes à procura de aventura resolveram passear de canoa no fim-de-semana. No primeiro dia, de manhã, eles subiram o rio remando por longo tempo e se encontraram em meio a um denso nevoeiro. Na tentantiva de sair dessa névoa, eles remaram vigorosamente por um trecho bastante longo. Exausto, um dos rapazes resolveu levantar-se, para esticar as pernas. Para sua surpresa, ele percebeu que a neblina cerrada que os envolvia tinha a altura de pouco mais de um metro acima da superfície da água. Eles haviam remado sem visibilidade dentro de uma camada de neblina de aproximadamente um metro de altura!
Ao colocar-se “por cima”, o rapaz conseguiu elevar-se acima de sua própria ignorância e falta de percepção daquilo que estava enfrentando. Com sua nova visão elevada, ele conseguiu perceber qual a melhor maneira de sair daquele apuro.
Embora essa experiência seja contada como uma história divertida, suas profundas implicações vão muito além da ação correta e involuntária. Para resolver os problemas mais sérios de nossa vida, tais como doença, crime, pobreza, o vício das drogas, a humanidade necessita voltar-se para o exemplo supremo daquele que deliberadamente elevou-se acima das limitações materiais de toda espécie.
Devido à elevação espiritual de seu pensamento, Cristo Jesus foi capaz de satisfazer às necessidades urgentes de outras pessoas. Ele curou a carência, a doença, a imoralidade, a morte. Ao declarar que Deus é Espírito onipotente, Jesus ensinou à humanidade a melhor posição “por cima”: a compreensão espiritual que é refúgio seguro contra as tempestades da violência e do materialismo.
Os cristãos se comprometem a seguir a visão e a clareza espirituais de seu Mestre. Mas o que é que os habilita a aspirar a essa altura espiritual e a atingi-la? É o Cristo eterno, o poder transcendente de Deus, que foi manifestado de forma completa na vida e nas obras do Mestre.
Perseverando na exigência bíblica, que aparece em Filipenses: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus,” Filip. 2:5. a Ciência Cristã mostra a qualquer pessoa que esteja necessitando de ajuda, como levantar-se acima do nevoeiro do medo, não importa qual seja o desafio humano. Essa Ciência oferece um conhecimento de Deus e do homem que nos habilita não apenas a permanecer “por cima”, segundo a óptica espiritual, mas a viver de acordo com esse elevado ponto de vista crístico.
Um rapaz que eu conheço começou, na época da faculdade, a seguir uma trilha que logo descambou em um comportamento imoral, inclusive com o uso de drogas e de bebidas alcoólicas. Suas notas começaram a baixar, seus planos para a faculdade e as expectativas com respeito à sua carreira dissiparam-se. Em realidade, ele havia se perdido em meio ao nevoeiro do materialismo e do sensualismo. A mentalidade materialista o havia feito cair em um pântano de medo e de dúvidas acerca de si mesmo.
Quando parecia ter chegado ao fundo do poço, um amigo encorajou esse rapaz a ter uma conversa com uma praticista da Ciência Cristã. A praticista falou-lhe da habilidade que ele tinha de adquirir um novo conceito do homem, seu próprio ser verdadeiro, espiritual, feito à semelhança do Espírito divino. Ela também disse ao rapaz que essa compreensão mais elevada da maneria como Deus criou cada um de nós poderia abrir para ele a oportunidade de um novo rumo em sua vida.
Se bem que nossa natureza divina inclua muito mais do que os sentidos materiais parecem perceber, podemos discerni-la aqui, neste exacto momento, quando expressamos a Mente do Cristo. Essa Mente é o Deus onisciente, todo-sábio, a fonte da inteligência do homem, uma inteligência que não se origina nas propriedades químicas do cérebro. Voltando-se para essa Mente divina perfeita e infinita para saber a verdade a nosso respeito e a respeito das outras pessoas, podemos refutar os quadros de medo, frustração, ansiedade e limitação que o mundo nos apresenta. Podemos sentir o apoio e a segurança que advêm quando alinhamos nossos pensamentos com o poder divino, que guarda, dirige e sustenta nossa vida.
Com muita ponderação e humildade, o jovem aceitou essas verdades. Saiu do escritório da praticista com a determinação de fazer um esforço para ser curado por meio da oração. Ele começou a estudar o livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde de autoria da Sra. Eddy. Um trecho em particular chamou sua atenção: “O homem real não pode desviar-se da santidade, nem pode Deus, de quem o homem provém, engendrar a capacidade ou a liberdade para pecar.” Ciência e Saúde, p. 475.
Esse conceito novo e elevado da verdadeira natureza de cada um de nós como filhos puros de Deus, começou a operar maravilhas na vida daquele rapaz. Pouco a pouco, sua dependência de drogas foi diminuindo até acabar completamente e logo ele estava se empenhando com todo o entusiasmo em uma nova atividade e em novos objetivos. A partir de então sua vida, sua casa, sua carreira, passaram a demonstrar estabilidade e progresso. Hoje, na função de educador, ele é membro altamente respeitado de sua comunidade, auxiliando centenas de jovens a encontrar uma posição mental mais definida, sobre a qual basear sua própria vida.
Ao recusar-se a permanecer no nevoeiro de uma vida material pecaminosa, o rapaz se levantou e ficou “por cima” e sentiu o poder crístico, elevando a compreensão de si mesmo e de sua relação com Deus a um ponto mais alto, mais espiritual. Isso não apenas permitiu que ele visse claramente seu caminho correto na vida, mas também habilitou-o a auxiliar outros no mesmo sentido.
Das várias personagens bíblicas que tiveram de se elevar acima do medo e da discórdia, para seu próprio bem e o de outras pessoas, sempre me lembro da vida de José, que aparece no Gênesis, no Antigo Testamento. Apesar da inveja de seus irmãos e de ter sido preso injustamente no Egito, José recusou-se a permanecer preso na armadilha da névoa mental da mágoa e do ressentimento. Não importava o que lhe acontecesse, ele continuava a servir a Deus e a seus semelhantes.
Quando José foi finalmente indicado pelo Faraó para uma posição especial de liderança no Egito, esse não foi um triunfo do bem só para ele. Muitas outras pessoas também foram beneficiadas. Pelo fato de José haver se acostumado a se volver a Deus em busca de respostas, ou seja, a assumir uma posição “por cima”, ele pôde salvar milhares de pessoas no Egito e nos países vizinhos, durante um difícil período de carestia que durou sete anos. Na ocasião da reconciliação com seus irmãos, ele declarou: “Deus me enviou adiante de vós, para conservar vossa sucessão na terra, e para vos preservar a vida por um grande livramento. Assim não fostes vós que me enviastes para cá, e, sim, Deus”. Gênesis 45:7, 8.
O miasma da teologia escolástica, explica a Ciência Cristã, tem, de certa forma, evitado que a humanidade reconheça o homem como a criação espiritual de Deus, como a verdadeira expressão da Mente. Para sermos verdadeiramente livres, então, precisamos elevar-nos acima do fatalismo e da condenação dessa teologia errônea. Os escritos da Sra. Eddy nos ajudam a entender como a Ciência Cristã nos auxilia para que nos elevemos acima de uma visão nublada. No livro Miscellaneous Writings, ela escreve: “Acima do nevoeiro dos sentidos e das tempestades da paixão, a Ciência Cristã e sua arte se elevarão triunfantes; a ignorância, a inveja e o ódio — trovão impotente do mundo — não lhes arrancarão as asas celestiais.”Mis., p. 374.
Quantas vezes o mundo, buscando resolver seus problemas unicamente através de meios humanos, fica preso sem necessidade e sem se dar conta, no nevoeiro do sentido material. Aos milhões de pessoas em todo o mundo, que estão se esforçando para elevar seus pensamentos e sua vida acima das doenças e dos reveses da vida material, a Ciência Cristã oferece uma visão nova, que é sempre atual: a visão e a maneira de viver genuinamente crísticas.
A Ciência do Cristo torna possível a todos nós perceber um pouco de nossa identidade real como o homem criado por Deus, a expressão espiritual da Mente, o que nos possibilita progredir e encorajar aqueles que nos cercam a fazê-lo também. Devemos permanecer “por cima”!
