Há Dois Anos, no Rio de Janeiro, por ocasião da "Eco 92", houve uma conferência de cúpula com a participação de líderes do mundo todo. Esse é um indício importante de quão seriamente os problemas do meio ambiente são tratados hoje em dia. E certamente não é apenas entre políticos, cientistas e religiosos conscientes que há essa preocupação com o meio ambiente. Milhares de cidadãos comuns também estão despertando para a necessidade urgente de cuidar melhor de nosso planeta.
Entretanto, os desafios com que nos confrontamos são obviamente múltiplos, amplos e complexos. A revista Time declarou que "talvez o mundo demore décadas para avaliar o quanto nos custarão os anos de imprudência." Por serem questões bastante amplas e com efeitos potencialmente de longo alcance, é difícil avaliar os problemas de forma adequada, mesmo para os profissionais mais cultos no campo da pesquisa ambiental. Como a maioria de nós tem dificuldade até para começar a compreender as questões inerentes a esse assunto, que se dirá, então, de realmente tomar uma atitude que faça alguma diferença! Às vezes, portanto, parece que se trata de uma tarefa impossível.
Entretanto, há algo no coração humano que se rebela contra a desesperança. Para o cristão, a rebeldia contra o desespero é baseada na profunda convicção de que o poder da oração, o amor de Deus, a graça redentora do Cristo sustentam sempre a esperança de cura e de reconstituição. A atitude cristã de esperança e expectativa, porém, não pode jamais ser ingênua alienação nem uma espécie de idealismo do outro mundo, pelo qual a pessoa meramente espera o fim de sua viagem neste mundo, com a esperança de algo melhor no outro. Ser cristão, ser seguidor de Cristo Jesus, exige sempre responsabilidade individual (que inclui certamente o esforço para corrigir deficiências e reconhecer os erros praticados no trato do meio ambiente) além de dar testemunho do poder transformador de Cristo, a Verdade. É com esse despertar espiritual que nos tornamos novos homens e mulheres, aptos a fazer alguma coisa através de Cristo, algo que realmente tenha efeito sanador em nossa própria vida, na vida dos que nos cercam e no mundo como um todo.
Aqueles que, hoje em dia, se destacam no trato de assuntos relativos ao meio ambiente, geralmente ressaltam que, se a sociedade quiser enfrentar honestamente os problemas subjacentes e encontrar soluções, é preciso que as pessoas assumam tanto a responsabilidade individual quanto a coletiva. Por exemplo, Carl Sagan, o eminente cientista espacial, afirma: “Nós nos tornamos predadores da biosfera, auto-investidos de autoridade arrogante, sempre tirando e nunca devolvendo. Assim sendo, representamos um perigo para nós mesmos e para os outros seres com os quais compartilhamos o planeta” (Parade Magazine). Concordando com os pensadores religiosos, Sagan acata a doutrina de que somos meros depositários das riquezas naturais, como “mordomos” de Deus, pois essa atitude torna possível eliminar a arrogância e diminuir o perigo.
É óbvio que isso indica claramente as razões fundamentais pelas quais os cristãos deveriam se importar com o meio ambiente. É preciso encontrar uma solução espiritual para toda crise que nos coloque em atrito com o próximo, ou que faça com que sejamos um risco para os nossos semelhantes, ou que seja decorrente dos pecados chamados vontade humana e orgulho. Por um lado, o cristão deveria empenhar-se em cuidar do meio ambiente e curá-lo, porque isso é o que essencialmente significa ser cristão. Jesus ordenou a seus seguidores que manifestassem desvelo e praticassem a cura como prova direta de cristianismo e de desenvolvimento espiritual. No Sermão do Monte, Jesus instou seus discípulos a que fossem puros de coração, pacificadores, que amassem tanto a seu próximo como a seus inimigos, que fizessem aos outros o que desejavam que eles lhes fizessem, que produzissem bons frutos e fizessem a vontade de Deus. Tudo isso é guia prático para o trabalho cristão de proteção, limpeza, restauração e renovação do meio ambiente. Podemos dizer que o elemento realmente básico nisso tudo é um modo de vida que seja norteado, em todos os aspectos, mas com inspiração, pela “Regra Áurea”.
Do ponto de vista da Ciência Cristã, à medida que nosso pensamento é purificado, nossa vida também é purificada. À medida que nossos pensamentos e nossa vida são purificados, o meio ambiente desses pensamentos e desse modo de vida é purificado. Para a crise do meio ambiente, essa purificação espiritual proporciona a cura que é tão necessária. Quando a crise interior ceder lugar a um propósito crístico, mais elevado e mais altruísta, a manifestação exterior dessa crise será corrigida, necessária e inevitavelmente. Isso não é idealismo, é realismo prático. E dá um direcionamento expressivo a todos os nossos esforços para melhorar o meio ambiente.
Na Ciência Cristã, aprendemos que o único modo de conseguir mudança e progresso permanente na experiência humana, é proceder a uma transformação genuína da mente e da consciência. Essa transformação não é somente moral, mas também espiritual, incluindo um conceito mais elevado e mais puro da criação. Mediante a oração, nosso sentido espiritual revela a realidade da criação de Deus, formada inteligentemente com o propósito de expressar o próprio Criador. Como Deus é Espírito infinito e Amor divino, aquilo que Sua criação, inclusive o homem e o universo, expressa, só pode ter a natureza do Espírito e do Amor, só pode ser espiritual e amorosa, pura e íntegra, ilimitada e boa. Em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, Mary Baker Eddy, que descobriu a Ciência Cristã, escreve com base em sua própria experiência: “Quando acharmos o caminho na Ciência Cristã e reconhecermos o ser espiritual do homem, veremos e compreenderemos a criação de Deus — todas as glórias da terra, e do céu, e do homem.” Ciência e Saúde, p. 264.
Certamente, toda definição espiritual da criação conflita com as provas físicas de tensões ecológicas, extinção de espécies e outros desastres do meio ambiente que vemos na biosfera deste que tem sido chamado, às vezes, de planeta doente. Entretanto, a forma como Jesus curava, o modo cientificamente cristão de curar, está baseado na profunda compreensão da realidade, que nunca se coaduna com o pensamento material e limitado. Jesus via o que estava além das aparências exteriores da doença, do desequilíbrio existencial, da impureza e das vidas poluídas. No ministério de Jesus, a compreensão de que o homem e a criação são completamente espirituais, governados em absoluta harmonia pela lei de Deus, sempre ajustava o que estava desequilibrado na vida das pessoas e produzia a cura. Havia transformação, mudança exterior e real, bem como regeneração interior.
A esperança real de cura, nosso amor pelo próximo, nossa visão da criação como sendo pura e completa, esses são os motivos pelos quais deveríamos cuidar do meio ambiente. Na Ciência do Cristo, os cristãos têm os meios para liderar a humanidade na conscientização de um mundo completamente “novo”, uma terra nova, equilibrada, completa, boa, com todas as promessas da criação espiritual de Deus.
