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Relembrando uma cura pela Ciência Cristã

Da edição de junho de 1994 dO Arauto da Ciência Cristã


Enquanto O Trem expresso que une Berlim a Moscou deixava vagarosamente a estação ferroviária de Varsóvia, onde eu havia embarcado com meu marido, procurávamos nos acomodar bem para enfrentar a viagem de vinte e quatro horas rumo ao leste. Eu mal havia tirado da mala a Bíblia e o livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de autoria de Mary Baker Eddy, quando uma jovem russa que estava no beliche defronte ao meu afastou as cobertas, sentou-se e se apresentou. Estava com o rosto muito inchado, e apressou-se em explicar que estava sofrendo de uma forte dor de dentes havia cinco dias, ou seja, durante todo o período de sua visita ao marido, que tinha sido designado para trabalhar em Berlim por um curto período. Contou que havia tomado vários remédios, mas nenhum deles lhe havia trazido alívio.

Meu marido e eu nos apresentamos e dissemos que lamentávamos por ela não estar se sentindo bem.

Imediatamente senti compaixão por ela, ao lembrar-me dos momentos difíceis que havia passado na adolescência com dor de dentes, quando não tinha ninguém a quem recorrer, a não ser um dentista a quem eu muito temia. Tudo aquilo mudou, quando comecei a estudar Ciência CristãChristian Science (kris’tiann sai’ennss) Aprendi que, ao resolver meus problemas por meios espirituais, conforme aprendemos na Ciência Cristã, a cura da dor ou de outras dificuldades estava sempre tão próxima, quanto meu pensamento estava próximo de Deus. Mas lá estava eu, deslizando confortavelmente por entre paisagens polonesas, na companhia de uma pessoa que necessitava desesperadamente de cura. O que mais eu iria fazer, além de apresentar minha breve manifestação de solidariedade?

Meus pensamentos começaram a percorrer todo o caminho que ia do desejo de ajudar essa pessoa até encontrar desculpas para não me meter em sua vida. Mais de uma vez disse a mim mesma: “Aqui estou eu, uma Cientista Cristã, face a face com uma pessoa que está sofrendo dores. O que é que eu vou fazer?”

Logo veio ao meu pensamento a parábola do bom samaritano, que Jesus ensinou. Ver Lucas 10:25–37. No Evangelho de Lucas lemos sobre um advogado que perguntou a Cristo Jesus: “Que farei para herdar a vida eterna?” A pedido de Jesus, o advogado respondeu à sua própria pergunta e o Mestre aprovou a resposta: que devemos amar a Deus com todo o nosso coração, alma, força e entendimento, e amar ao nosso próximo como a nós mesmos. O advogado perguntou então a Jesus: “Quem é o meu próximo?” Em resposta a essa indagação, Jesus contou a parábola de um viajante que estava indo de Jerusalém para Jericó, quando foi roubado, açoitado e ferido. Duas pessoas passaram por esse homem, olharam-no, e continuaram seu caminho, sem oferecer ajuda. Um terceiro homem que por ali passava sentiu compaixão e saiu de seu caminho para amenizar o sofrimento do viajante. Qual dos personagens dessa parábola eu iria ser?

Um dos argumentos para não oferecer auxílio pela Ciência Cristã era que, pelo fato de provavelmente ser atéia, minha companheira de viagem talvez não fosse receptiva ao ministério espiritual. Justamente nesse momento lembrei-me de um trecho de Ciência e Saúde, onde lemos que um doente ateu pode ser curado pela Ciência Cristã. Ver Ciência e Saúde, pp. 139–140.

Finalmente, fechei a porta a todos os argumentos mentais e comecei a orar em busca de uma resposta. Enquanto ansiava saber qual seria a atitude correta a tomar, uma coisa ficou bem clara para mim: aquela mulher precisava de cura e a Ciência Cristã havia me preparado para satisfazer àquela necessidade. Ao compreender isso, tomei fôlego e disse-lhe que eu praticava a cura espiritual e poderia ajudá-la, caso ela desejasse. Ela aceitou o oferecimento imediatamente.

Enquanto ela se deitava, pensei: “Vou orar até ela ficar curada, mesmo que isso me tome toda a viagem.” A oração começou simples, aferrando-me aos fatos espirituais concernentes à natureza de Deus como Espírito infinito e de Seu filho, criado para refleti-Lo em bondade e bem-estar eterno. Mentalmente rejeitei a noção de que o filho de Deus, Sua descendência espiritual, pudesse ser atormentado pela dor, ou mesmo de que pudesse haver um poder ou consciência que se opusesse a Deus, a Mente todo-harmoniosa. Outras verdades espirituais continuaram a vir ao meu pensamento.

Depois de algum tempo fui tomada por um sentimento de gratidão e de alegria, enquanto compreendia, nas palavras do Salmista, que “O Senhor é bom para todos, e as suas ternas misericórdias permeiam todas as suas obras.” Salmos 145:9. Tive uma sensação maravilhosa da presença e do poder de Deus, o Amor divino, e a certeza de que o Amor estava envolvendo ternamente a todos.

Eu estava orando havia cerca de uma hora, quando a fiscal veio conferir nossos bilhetes, e nossa companheira de viagem comentou espontaneamente que já estava se sentindo muito melhor. Logo que ficamos sozinhos, voltei a orar. Depois de algum tempo, ela levantou-se repentinamente e disse com entusiasmo: “Já passou!” Pôs a mão no rosto, que já não estava tão inchado. “O que foi que você fez?” foi a pergunta inevitável.

Aí eu lhe falei sobre a Ciência Cristã e lhe entreguei a literatura traduzida para o russo que estávamos trazendo. A princípio ela achou difícil assimilar os novos conceitos espirituais pois, como ela mesma explicou, havia sido criada no ateísmo.

Sem dúvida, esse episódio encerra um significado muito maior do que pode ser transmitido neste pequeno artigo. Basta dizer que, ao chegar a Moscou, nossa amiga russa saltou do trem, reconhecendo com muita gratidão a cura espiritual que tivera e levando entre seus parcos pertences uma tradução para o russo do livro Ciência e Saúde.

Desse acontecimento ocorrido há meses, guardo uma lembrança preciosa e pondero sobre as lições que podem ser extraídas dessa cura.

Podemos ter conhecimento de muitas curas obtidas graças ao estudo da Ciência Cristã, algumas ocorridas em nossa própria vida. Certamente elas significam muito para nós, não apenas pelo bem-estar físico que restauraram, mas talvez principalmente pelo que aprendemos e pelo crescimento espiritual que adquirimos enquanto a cura se processava. O aprendizado deve ter implicado conhecermos a nós mesmos espiritualmente, talvez pondo a descoberto, por meio da lei divina, as características indesejáveis ou feridas emocionais que foram se alojando em nosso coração com os anos, nunca sendo eliminadas por completo. Considerando essas experiências a partir de um ponto de vista espiritualmente esclarecido, podemos perceber que elas invariavelmente envolvem um falso conceito de identidade. A cura na Ciência Cristã nos ajuda a perceber quem realmente somos. Aumenta nossa compreensão e noção da bondade divina e do terno amor de Deus por todos os Seus filhos.

Ao lembrar-me dessa cura em particular, vêm ao meu pensamento diversos aspectos, que considero bastante instrutivos. Nesse caso houve um momento de sofrimento que provocou uma resposta de alguém que conhecia o sofrimento mas que também sabia que este, contrariamente à opinião humana, não era inevitável, pois podia não só ser aliviado, mas também curado de forma completa, por meios espirituais, na Ciência Cristã.

A cura ocorreu graças à oração baseada na compreensão espiritual. Se bem que pedir ajuda a Deus seja um aspecto legítimo da oração e com freqüência o primeiro passo quando nos volvemos a Deus em busca de cura, a oração baseada na compreensão espiritual vai além dos sentimentos de esperança ou fé em Deus (embora estes sejam sentimentos muito importantes) ou do simples pedido de intervenção divina. Requer um pouco de conhecimento e convicção da natureza real de Deus e do homem e da relação causa-efeito que existe entre eles. Exige que a verdade espiritual do Criador e da criação seja reconhecida e acalentada no pensamento, até que a cura se complete.

Na experiência acima, o conhecimento da verdade, ou seja, a afirmação consciente dos fatos metafísicos fundamentais e a negação da suposta validade do sofrimento, trouxeram alegria espontânea e gratidão pelo reconhecimento verdadeiro da presença divina. Conquanto tenha sido importante negar aquilo que reconhecidamente não tinha fundamento em Deus, ou Verdade, a cura se efetuou somente quando houve a aceitação de Deus como a Mente única e quando a noção pessoal de oração foi abandonada. Uma sensação de paz, que incluía tudo, funcionou como antídoto contra a sensação de sofrimento, e provou conclusivamente, uma vez mais, que a doença física é realmente uma experiência mental, que pode ser tratada e curada com a oração. Nas palavras da Sra. Eddy, que descobriu e fundou a Ciência Cristã: “Se uma sensação de estar doente produz sofrimento e uma sensação de bem-estar é o antídoto contra o sofrimento, então a doença é mental, não material. Daí o fato de que só a mente humana sofre, está doente, e de que só a Mente divina cura.” Ciência e Saúde, p. 270.

Sabemos, graças aos Evangelhos, que Jesus exortou seus seguidores a expelir demônios, ou seja, espíritos malignos. Certa feita ele tratou e expeliu um “espírito de enfermidade” que havia afligido uma mulher dezoito anos e a havia mantido incapacitada fisicamente. Ver Lucas 13:11–13. Esse incidente ilustra o fato de que a doença daquela mulher não era o que aparentava ser, ou seja, um problema material sobre o qual ela não tinha controle; era, em realidade, uma crença falsa. Jesus provou que a mulher tinha um direito divino, portanto tinha a capacidade de se libertar de pensamentos ou espíritos que a incapacitavam. Ela correspondeu à compreensão de sua condição normal de liberdade espiritual e instantaneamente a saúde lhe foi restaurada.

Em meu entender, talvez a parte mais difícil da experiência com minha companheira de viagem tenha sido vencer a relutância em ajudar. Por alguns minutos meu desejo natural de ajudar foi neutralizado por pensamentos de cepticismo, medo e pela inclinação humana a não nos envolver em assuntos de outras pessoas. Quando percebi que essa disputa mental não levava a lugar nenhum e resolutamente abandonei o raciocínio humano com seus ciclos de prós e contras, volvendo-me a Deus como a Mente divina que sabe todas as coisas, a percepção ficou mais aguçada, e com isso veio-me a compreensão do que precisava ser feito. Quando veio ao meu pensamento o símbolo poderoso da bondade na pessoa do bom samaritano, ainda que não tenha produzido efeito imediatamente, foi contudo um fator decisivo para que eu tomasse uma atitude. Será que eu também passaria “de largo?” Com certeza houve ocasiões em minha vida em que, em circunstâncias semelhantes, minha atitude ficou mais próxima da do sacerdote e do levita. Então, o que teria acontecido de diferente nesse caso?

Ao lembrar-me da experiência, parece que houve uma diminuição da vontade humana, em favor de um desejo humilde de ser divinamente guiada. O exemplo do bom samaritano pode ser encarado como uma luz brilhante, um lembrete poderoso da relevância dos ensinamentos de Jesus, num dia e numa época em que a humanidade com freqüência volta-se para a tecnologia e para a medicina material para aliviar o sofrimento e a confusão existentes no mundo atual.

Há outros elementos vitais na experiência, como a maravilhosa e inocente receptividade ao terno amor de Deus, manifestada por aquela mulher, receptividade que não foi bloqueada por sua educação atéia. Ela permitiu que seu pensamento fosse tocado pelas idéias espirituais.

Finalmente, um aspecto fundamental foi a ausência do sentido pessoal de responsabilidade ou de realização. A disposição suprema de deixar que Deus, como a Mente divina, governasse e curasse foi muito importante para a eliminação da dor. Não foi tanto o fato de uma pessoa auxiliar outra pessoa a se livrar de um problema humano. Foi o poder do Amor, Deus, que se refletiu em amor, e no processo eliminou o medo e a sensação de sofrimento. Foi a oportunidade de estar a serviço, da maneira mencionada pelo apóstolo Pedro, na tradução de J. B. Phillips: “Servi uns aos outros com os dons especiais que Deus dá a cada um de vós, como despenseiros fiéis da maravilhosa variedade da graça de Deus.” 1 Pedro 4: 10.

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