Nem Todos Temos de agarrar-nos à Bíblia como Gregory Crow o fez. Em 1556 ele fugiu de sua cidade natal, Malden, porque, como muitos protestantes que viviam na Inglaterra no tempo da sanguinária Rainha Mary, ele foi perseguido por sua religião. E não lhe era permitido ler a Bíblia.
Porém, no meio do Canal da Mancha, o navio onde Crow viajava naufragou. Ao agarrar-se aos destroços, viu de repente seu exemplar do Novo Testamento flutuando perto de onde ele estava. Lutou para apanhá-lo e quando o conseguiu, guardou-o dentro da camisa. E depois, durante muitos dias, agarrou-se ao que restava do navio e orou.
Mesmo quando parecia já não haver esperança, sua fé, só pode ter sido esta, manteve-o à tona — parece que miraculosamente — até que um providencial capitão de navio em rota para Antuérpia o salvou. A primeira coisa que Crow fez, uma vez a bordo, foi apanhar sua amada Bíblia — e regozijou-se ao descobri-la intacta!
Por que é que alguém haveria de deixar amigos, família e país para poder ler a Bíblia? E por que é que haveria de arriscar a vida para salvá-la? Só pode ser porque, para ele, as Escrituras ofereciam algo tão valioso como a própria vida. Talvez ele até sentisse que a Bíblia lhe dava vida, — vida eterna — ajudando-o a conhecer conhecer a Deus e Seu filho, Jesus Cristo. Como o próprio Jesus disse: “A vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.” João 17:3.
Nunca saberemos como Crow orou. Um historiados diz simplesmente que ele “clamou por Deus como pôde.” John Foxe, Actes and Monuments ... (London: Iohn Day, sem data), Vol. VIII, pp. 148–149. Mas pode-se dizer com certeza que Crow não teria continuado a orar, hora após hora, se ele não tivesse algo chamado esperança. Esperança de que Deus ouvisse suas orações, de que Deus o salvasse.
A esperança e a coragem para continuar a orar — mesmo quando no momento parece que nossas orações não são ouvidas — é isso o que a Bíblia tem dado a homens e mulheres através dos séculos. Quando, há pouco tempo, conversei com o Dr. Eugene Habecker, presidente da Sociedade Bíblica Americana, ele disse: “Nosso ramo de negócios é a ‘esperança’. Nós damos esperança ao povo. Esperança, não em nossas próprias palavras, mas a esperança que vem das Sagradas Escrituras, a Palavra de Deus. Queremos que a mensagem das Escrituras chegue às mãos das pessoas, mas mais que isso, queremos que se instale nos seus corações. E achamos que isso proporciona esperança.”
O que é que a Bíblia diz, que proporciona tanta esperança aos que a lêem? Pelo menos, conta-lhes a história de pessoas que abrigaram esperança no coração durante milhares de anos.
Há quase quatro mil anos, uma dessas pessoas, um homem chamado Abraão, teve uma inesquecível conversa com Deus, que o encheu de esperança. Naquela altura, Deus prometeu que se Abraão e sua família adorassem e obedecessem apenas a Ele. Ele tomaria conta dele e de seus descendentes para sempre. Ele os protegeria, guiaria e faria deles uma grande nação, que seria uma luz espiritual para todo o mundo. Ver Gênesis, cap. 12.
O resto do Antigo Testamento conta a história de como Abraão e seus descendentes se apegaram à esperança que Deus lhes dera. Conta como eles — e Deus — cumpriram suas promessas. Não foi fácil para os descendentes de Abraão, os hebreus da Palestina, permanecer fiéis ao seu Deus. Algumas vezes foram tentados a adorar outros deuses. Outras, rebelaram-se contra Deus. Houve ocasiões em que tiveram medo de que Deus os tivesse esquecido — especialmente quando, repetidas vezes, foram oprimidos por seus inimigos.
Mas o povo hebreu jamais desistiu realmente de Deus. Em tempos de maior tribulação, os líderes espirituais, chamados profetas, levantaram-se do meio deles para soprar os resquícios de sua esperança e convertê-la em fé ardorosa. À medida que os séculos passaram, esses profetas conceberam uma esperança muito especial, a convicção de que algum dia um Messias, o “Príncipe da Paz”, haveria de libertá-los, de uma vez por todas, da infelicidade e da opressão.
A seu tempo, o Messias veio realmente sob a forma do homem Jesus, que disse que viera para salvar o mundo pela palavra da verdade. A verdade que ele ensinou foi que todos os homens, mulheres e crianças são realmente filhos de Deus. Ele ajudou as pessoas a compreenderem que todos são, de fato, puros, perfeitos e inteiramente espirituais, como seu divino Progenitor. Jesus não falou apenas da verdade. Ele provou-a por suas açōes (“obras”, ele as chamou) de quase inacreditável bondade — reformando pessoas que haviam cometido erros, curando os doentes, ressuscitando os mortos.
A vida de Jesus era a definição vívida daquilo que as pessoas passaram a chamar “Cristo” — a evidência tangível do poder e amor de Deus sempre ativo na esfera humana, para transformar e redimir. E Jesus ensinou aos seus seguidores como demonstrar o Cristo assim como ele o fizera, trazendo progresso evidente — cura — a qualquer situação.
Essa verdade que Cristo Jesus ensinou é a mensagem principal do Novo Testamento, uma mensagem de esperança para todos os seus leitores, em todos os tempos. Uma mensagem que lhes diz que também eles podem viver o Cristo, a Verdade, curar as pessoas necessitadas e andar “no poder do Espírito” como o Mestre o fez. Mary Baker Eddy, que tornou clara para todos a mensagem da Bíblia, nesta época, escreveu certa vez: “Jesus deu a seus discípulos (alunos) poder sobre todas as formas de doenças; e a Bíblia foi escrita de forma a que todas as pessoas, em todas as épocas, tenham a mesma oportunidade de se tornarem alunos de Cristo, a Verdade, e assim lhes sejam outorgados por Deus o poder (conhecimento da lei divina) e os ‘sinais que se seguem’.”The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 190.
Todo e qualquer novo vislumbre do Cristo, a Verdade, contido na Bíblia, tal como Gregory Crow constatou há mais de quatrocentos anos, renova-nos a fé, no fundo do coração, de que o amor inextinguível de Deus está sempre ao nosso alcance, para nos salvar.
