Recentemente, Perguntei-Me: será que ser pai ou mãe ainda é considerado um objetivo desejável, nos dias de hoje? É claro que ter filhos continua sendo o desejo de muita gente! Mas, que dizer de ser pai, ou ser mãe? O que é que isso significa?
Entre os meus conhecidos, há algumas famílias cujos filhos não foram ensinados a dizer “papai” ou “mamãe” mas sim, a chamar os pais por seu primeiro nome. Talvez não tenha importância o modo como os filhos se dirigem aos pais. No entanto, importa haver suficientes “mães” e suficientes “pais”, não no sentido de gerarem filhos, mas no de expressarem qualidades e concepções espirituais. Nosso mundo precisa do terno sentimento materno e da constância paternal.
Haverá um padrão ou modelo espiritual para ser pai ou para ser mãe?
Quando procuramos a resposta na Bíblia, conseguimos vislumbres sábios e úteis. Encontramos os termos pai e mãe referindose não só aos genitores, mas também a Deus. Em Isaías, lemos as palavras de Deus: “Como alguém a quem sua mãe consola, assim eu vos consolarei”. Isaías 66:13. Cristo Jesus nos ensina a orar a Deus, dizendo: “Pai nosso”. Mateus 6:9. Igualmente, no livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde, Mary Baker Eddy escreve: “Pai-Mãe é o nome da Divindade, o que indica o terno parentesco dEle com Sua criação espiritual.”Ciência e Saúde, p. 332. Assim, podemos concluir que o mais alto modelo de pai ou de mãe encontra-se em Deus mesmo, como Cristo Jesus no-Lo revelou.
João, em sua primeira epístola, no Novo Testamento, diz: “Deus é amor”. 1 João 4:16. Jesus explicou de muitas maneiras esse amor de Deus pelos Seus filhos, como, por exemplo, na parábola do filho pródigo. Ver Lucas 15:11–32. Um dos objetivos da parábola é dizer-nos que o pai não recrimina, pelo procedimento errado no passado, aquele que se arrependeu. Ele perdoa, tem compaixão, e seu amor é invariável. Ainda que o filho ou a filha escolham um caminho errado, os verdadeiros pais não forçam, não ameaçam nem castigam com métodos cruéis. O amor liberta, assim como o pai, na parábola, deixa o filho livre. Muito embora o jovem esteja por vezes jogando fora uma educação boa e todas as advertências, o amor dos pais continua inabalável.
Tal amor conhece o filho como um ser espiritual, como o reflexo do bem, o reflexo de Deus que é o único Criador do homem. Portanto a bondade é, no homem, tão permanente como sua fonte, Deus, mas o mal não tem permanência nem vida real, porque não expressa a Deus. Com esse conhecimento, o amor paterno pode permanecer amoroso para sempre.
Raiva, vontade humana e justificação própria obscurecem o amor. Tentamos, por vezes, alcançar o bem por meios humanos? Sentimo-nos pessoalmente responsáveis? Cristo é nosso bom pastor e é a luz espiritual para nossos filhos, para nosso próximo e para o mundo inteiro. Podemos seguramente confiar o cuidado e a orientação de cada ser individual a Deus, o Todo Poderoso, o Todo Amoroso, Espírito onisciente e onipresente, pois sabemos que as atitudes más e o pecado não fazem parte da natureza espiritual e verdadeira de pessoa alguma.
A Sra. Eddy diz, em Ciência e Saúde: “O afeto de uma mãe pelo filho não lhe pode ser alienado, porque o amor materno inclui pureza e constância, ambas imortais. Por isso, o afeto materno perdura, sejam quais forem as dificuldades.”Ciência e Saúde, p. 60.
Uma das qualidades mais importantes da verdadeira maternidade ou paternidade é a lealdade constante. Constância não parece estar muito na moda, nos dias de hoje. Mas como a humanidade anseia pelo amor constante, pela expressão espiritual de “pais”, de “mães”! Que dizer de maior constância em nossas amizades e em nosso amor conjugal, em nossos deveres, até mesmo em nossa diligência e amabilidade, quer estejamos no trabalho, na escola, na rua ou em casa? E que tal maior constância em nossa fé e na dedicação devotada à igreja?
Alternar extremos de emoções fortes, às vezes calorosas, às vezes gélidas, assim como humores variáveis, não fazem parte do verdadeiro amor maternal ou paternal. É o amor constante e leal, no qual se pode confiar, sejam quais forem as dificuldades, o que corresponde ao ideal do Pai-Mãe divino. Esse amor, a expressão de Deus, pode ser encontrado por qualquer pessoa, em qualquer época.
Além da constância, o cuidado é outra manifestação importante de amor, na parábola do filho pródigo. O filho que voltou ao lar foi vestido da melhor maneira dos pés à cabeça, e preparou-se para ele um grande banquete. Como a parábola contém significados simbólicos, podemos entender que a roupa, o anel, o calçado e o novilho cevado são algo mais do que coisas meramente materiais. Cada uma das dádivas do pai tem também profundo significado espiritual.
O amor do pai renova todas as coisas. Reveste o homem com “a melhor roupa”, a roupagem da alegria, santidade e beleza. Dá-lhe o anel como símbolo do eterno e inseparável relacionamento entre Deus e Seu filho. Dá-lhe “beleza, em vez de cinzas da ilusão”, como diz o hino n° 412 do Hinário da Ciência Cristã. Com as sandálias, protegem-se os pés do pó do mundo sensual. O filho não tropeçará mais, ele seguirá adiante com passos firmes.
Atender às necessidades práticas de uma pessoa é só parte do cuidado amoroso. O cuidado espiritual é também muito importante, consiste em orar e em entender espiritualmente quem o homem é, como descendente de Deus. Jamais deveria cessar, quer em favor de nossos próprios filhos, quer em favor de nosso próximo. O cuidado espiritual nunca interfere nem é dominador. É discreto, consolador, terno, prestativo, sanador e, ainda assim, totalmente desprendido. Não procura levar vantagem nem busca recompensas. Esta é a parte mais importante da criação de nossos filhos, como o é também de nosso relacionamento com outras pessoas.
Ser mãe ou ser pai também significa preparar um “ninho” de afeto em meio à insegurança do mundo, mas não somente para os próprios filhos ou para os amigos pessoais. Uma vez que o verdadeiro cuidado paternal ou maternal é uma qualidade refletida de Deus, o Todo Amoroso, ele deve ser estendido a todas as pessoas em nossa vida. Esse cuidado se estende também ao mundo animal e ao meio ambiente e, como é uma qualidade de Deus, pode ser expresso por qualquer indivíduo, seja ele jovem ou idoso, homem ou mulher, quer tenha filhos quer não os tenha.
O cuidado espiritual, como expressão do Amor divino, também cura desarmonias do corpo. Tive experiência disso com nossos filhos. Eles sabiam que podiam sempre contar conosco, quer de dia, quer de noite e que podiam recorrer a nós toda vez que necessitassem de ajuda. Certa noite, uma de nossas filhas veio ter comigo. Chorava, estava com febre e queixava-se de forte dor de ouvido, que não a deixava dormir. Subiu em minha cama e estreitei a menina junto a mim. Não senti medo, somente o desvelo do amor, e senti que ambas estávamos a salvo no seio do Amor divino. Foi essa segurança quanto ao terno cuidado de nosso divino Pai-Mãe, que deu certeza e confiança a nós duas, mãe e filha. O Cristo, a presença sanadora de Deus, estava conosco, assegurando-me que é o Pai quem mantém a saúde e o bem-estar de minha filha. Reconheci que nos braços de Deus estamos todos bem e em segurança, e ambas adormecemos. Na manhã seguinte, ao acordarmos, a menina estava curada e disposta a ir para a escola.
O amor maternal e paternal, compreendido espiritualmente, exerce efeito curativo também nos relacionamentos em qualquer nível, incluindo a eliminação do ódio entre nacionalidades e raças. Se houvesse, na humanidade, apenas “mães” e “pais”, isto é, as qualidades de mãe e pai vivenciadas, isso seria um grande passo rumo ao fim da violência, da infidelidade, das atitudes competitivas, da apatia, da miséria, do abandono, da crueldade para com os animais, do sofrimento.
O amor de Deus, constante e zeloso, responde claramente a esta pergunta de Caim após o assassinato de seu irmão: “Acaso sou eu tutor de meu irmão?” Gênesis 4:9. A resposta é: “Sim! como Cristo Jesus disse: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo.’ ” Mateus 22:39.
Neste mundo de hoje, aparentemente inseguro, não é apenas importante, é essencial, viver as qualidades de mãe e de pai conscientemente, de acordo com a maternidade e a paternidade de Deus. Isso propicia um senso muito maior de família e de lar para ti e para teu próximo.
