Dizem Os Especialistas que a maioria das pessoas se preocupa com a questão da amizade — de fazer amigos e de mantê-los. Devido às incertezas da economia, das condições mundiais e da vida em família, dizem que desejamos muito ter amigos — pessoas que nos ouçam, nos confortem e fiquem ao nosso lado quando nos sentimos sós.
Há pouco mais de cem anos, em 1892, um construtor de nome Joseph H. Leishman disse a Mary Baker Eddy que ele também se sentia só, embora se tratasse de outro tipo de solidão. Ele devia preparar um relatório para os Cientistas Cristãos de Boston, apresentado seu projeto para a demolição das edificações existentes no terreno onde seria construído o Edifício Original d’A Igreja Mãe. Mas ele demorou, demorou tanto que, conseqüentemente, todo o projeto de construção da igreja acabou se atrasando.
Finalmente, a Sra. Eddy convidou o Sr. Leishman para uma conversa e pediu informações sobre o relatório. Ele lhe disse que sua equipe estava muito ocupada com outros projetos e por isso ele havia ficado “completamente só” para cuidar do projeto da igreja. Imediatamente a Sra. Eddy afirmou: “Sr. Leishman, o senhor nunca está só!”
“Fiquei tão impressionado com suas palavras”, recordou Leishman cerca de quarenta anos mais tarde, “que não consegui responder nada naquele momento.” Mas, antes de ir embora, ele prometeu que em dez dias o relatório estaria pronto. Posteriormente, tornou-se Cientista Cristão e se filiou À Igreja Mãe. Ver Clifford P. Smith, Historical Sketches (Boston: The Christian Science Publishing Society, 1941), pp. 91–92.
Será que é realmente possível “nunca estar sozinho”? É sim, e nós compreenderemos isso quando percebermos, mesmo que só um pouco, que Deus está onde quer que estejamos e que Ele nos ama acima do que podemos imaginar.
Uma vez que tenhamos percebido essas verdades, nada jamais poderá voltar a convencer-nos de que estamos solitários ou abandonados. Podemos ser levados a pensar que estamos sós, porém, mais cedo ou mais tarde ouviremos a Palavra de Deus falando ao nosso coração, dizendo-nos que Ele está sempre junto a nós. Essa é a mesma voz divina que o profeta ouviu tão claramente há milhares de anos, dizendo a ele e aos filhos de Israel: “Eu, o Senhor teu Deus, te tomo pela tua mão direita, e te digo: Não temas, que eu te ajudo.” Isaías 41:13.
Nesse sentido, todos nós temos um companheiro divino — nosso Pai-Mãe celestial — que está sempre conosco. Podemos dizer que Ele é nosso melhor amigo, o único sem o qual, literalmente, não podemos viver, porque Ele é nossa Vida. Ele cuida eternamente de nós, é nosso protetor e nossa fonte infinita de felicidade. É aquele amigo que nunca nos desaponta, como o expressa de maneira tão comovente a letra de um hino do Hinário da Ciência Cristã:
Apraz-me em Ti pensar, Senhor,
De Ti dependo eu;
Afastas todo meu temor,
Fiel Amigo és.Hinário da Ciência Cristã, N° 224.
Você pode estar pensando: “Bem, ter Deus como amigo para mim é algo remoto e abstrato. Quero um amigo que eu possa ver, com quem possa conversar e em quem possa confiar.”
Por outro lado, será que a gentileza e a lealdade nas afeições humanas — bem como tudo o que é valioso para nós — não dos advêm dos recursos infinitos do Amor divino? Será que pode existir amizade ou amor genuíno que, em última análise, não estejam fundamentados no único e verdadeiro relacionamento — nosso relacionamento com Deus?
A Sra. Eddy certa vez escreveu: “Deus é nosso Pai e nossa Mãe, nosso Ministro e o grande Médico: Ele é o único parente verdadeiro do homem na terra e no céu.. .. Irmão, irmã, amado no Senhor, conheces a ti mesmo, conheces a Deus? Em caso negativo, peço-te que, como Cientista Cristão, não tardes em fazer dEle teu melhor amigo.” Miscellaneous Writings, p. 151.
Como fazer com que Deus seja nosso “melhor amigo”? Dando-Lhe a primazia em nossos pensamentos e em nossa vida. Procurando reconhecer Seu amor, Sua sabedoria e Seu poder em todas as pessoas que conhecemos e em todas as situações com que nos deparamos. E também certificando-nos de que Ele esteja presente em toda amizade que fizermos (é claro que vai estar, pois Ele está em todo lugar).
Talvez estejamos pensando que não é tão importante assim dar uma dimensão espiritual a nossos relacionamentos. Mas se deixarmos Deus fora de nossas amizades, não estaremos baseando nossos afetos em características puramente mortais, tais como a atração humana, o apego emocional, “as vibrações positivas”, a posição social ou financeira, a aparência e a popularidade? Não seria esta uma decisão tão desastrosa quanto a de construir uma casa sobre um alicerce de gelo? Como Gilbert Meilaender disse, há alguns meses atrás, num artigo sobre amizade para a revista Christian Century: “Pensar em um amigo separado de Deus é ver uma miragem.” Christian Century, 3 de novembro de 1993, p. 1094.
Conheço uma senhora, uma amiga muito especial, que faz um trabalho notável, construindo todas as suas amizades sobre uma base espiritual. Há alguns anos ela passou por uma experiência trágica. Inesperadamente perdeu um de seus filhos em conseqüência de um acidente. Durante dias ela e o marido ficaram prostrados com o pesar. Era como se toda a vontade de prosseguir — de continuar servindo a Deus e à humanidade — tivesse sido extraída de dentro deles.
Foi então que receberam um telegrama que mudou tudo. Era de um amigo com o qual haviam desenvolvido um trabalho para atender às necessidades espirituais de pessoas de todas as religiões. O telegrama era afetuoso e confortador, mas terminava da seguinte forma: “Voltem ao trabalho. Busquem seu próprio bem no bem que proporcionarem a outros.” Eles conheciam essa frase, era uma paráfrase de algo que a Sra. Eddy diz em Ciência e Saúde: “.. . bem-aventurado é aquele homem que vê a necessidade de seu irmão e a satisfaz, buscando o seu próprio bem no bem que proporciona a outrem.” Ciência e Saúde, p. 518.
Ambos sentiram instintivamente que esse era um modo prático de prosseguir. Voltaram ao trabalho com a confiança que sentimos quando reconhecemos — sentimos no coração — que a maior felicidade consiste em dar aos outros, amando-os, e ajudando-os a sentir o amor de Deus.
O maravilhoso foi que, ao fazerem isso, eles próprios sentiram o amor de Deus — porque estavam expressando, vivendo e compreendendo Seu amor. A sensação de consolo e a alegria que passaram a sentir nunca mais os abandonaram. Sua tristeza ficou curada. Minha amiga foi levada a seguir uma longa carreira na incomparável arte da amizade cristã, uma carreira que tem sido repleta de bênçãos. É uma carreira que ela e seus inúmeros amigos sem dúvida recomendariam a todos nós.
