No Decurso Da história da humanidade, os profetas deram contribuição significativa ao avanço espiritual do gênero humano. Afastando-se de um passado que já não os podia reter e avançando para um futuro de perspectivas promissoras, os profetas guiaram o pensamento humano, no decorrer dos séculos, para longe do materialismo e em direção ao propósito e à vontade de Deus.
Hoje em dia, talvez tenhamos a tendência de descartar a profecia, julgando-a como sendo um aspecto da história antiga. Mas será certo isso? Ainda é necessário perceber e proclamar a convicção de que a autoridade de Deus é suprema! Toda vez que a consciência humana entende que a vontade de Deus para o homem é, e sempre foi, inteiramente boa, a profecia espiritual está em ação. O verdadeiro profeta, ou seja, todo pensador e sanador mentalmente espiritualizado, percebe o progresso que Deus impele em favor da humanidade, quando olha além do superficial nos acontecimentos, para a realidade espiritual já presente. A Sra. Eddy, em Ciência e Saúde, descreve o profeta desta maneira: “Um vidente espiritual; desaparecimento do sentido material ante a consciência dos fatos da Verdade espiritual.”Ciência e Saúde, p. 593.
As profecias bíblicas, onde o profeta assevera o poder de Deus para salvar, por vezes exigem que indivíduos ou povos se disponham a fazer alguma coisa. Poderíamos identificar tais profecias como as do “se”, ou das “admoestações”. Em outras ocasiões notáveis, as profecias simplesmente declaram o poder total de Deus e Sua bondade, sem estabelecer nenhuma condição.
Muito embora os profetas se ocupassem primordialmente com a revelação da vontade de Deus ao povo, com relação aos desafios de sua época, eles viam o curso dos acontecimentos à luz da exigência de Deus para que a humanidade progredisse além de sua visão materialista. Consideradas a partir da perspectiva de gerações posteriores, as palavras dos profetas assumem freqüentemente um significado muito mais amplo. Por exemplo, a declaração de Moisés de que depois dele surgiria um profeta dentre o povo (ver Deuteronômio 18:15), pode ser entendida como a promessa do futuro Messias. E alguns escritores do Novo Testamento indicaram a conhecida profecia de Isaías (ver Isaías 9:2–7) como predizendo a vinda de Cristo Jesus como Salvador da humanidade.
Cristo Jesus, ao cumprir a profecia messiânica, foi o maior de todos os profetas. A visão espiritual e as ações dele revelaram que Deus exerce completa autoridade divina sobre a humanidade. As obras que executou estabeleceram o fundamento para que o progresso espiritual da humanidade continuasse, e fosse demonstrado o poder divino.
Jesus disse: “Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” João 8:31, 32. Essa é uma profecia que coloca uma condição, pois exige algo dos que praticam o cristianismo. Jesus disse ainda: “Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão.” Marcos 13:31. A verdade que ele ensinou jamais será extinta: essa é uma profecia que prescinde de condições.
A Sra. Eddy, como seguidora de Cristo Jesus, acreditava na autenticidade e no cumprimento das profecias das Escrituras Sagradas. Ela mesma profetizou muitas vezes o contínuo progresso espiritual da humanidade. Por exemplo, em Ciência e Saúde, a Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã escreve: “O trovão do Sinai e o Sermão do Monte estão no encalço dos tempos e hão de alcançá-los, repreendendo no seu percurso todo erro, e proclamando o reino dos céus na terra.” Indicando o que tal profecia exige da humanidade, comenta: “A Verdade está revelada. Só precisa ser praticada.” Ciência Saúde, p. 174.
Embora o mundo tenha sido grandemente beneficiado em sua história pelas profecias, também tem sido intimidado pelas mensagens incessantes das falsas profecias. Freqüentemente as pessoas predizem coisas, às vezes de modo otimista, outras vezes de maneira pessimista e especulativa. No entanto, essas predições geralmente partem do pressuposto de que a vida está na matéria. Se estivermos desatentos, essas profecias baseadas na matéria, quer sejam grandes declarações públicas, quer sejam pequenas especulações pessoais, podem exercer sobre nossa vida uma influência significativa. Se concordarmos com a estrutura materialista da “lógica” dessas profecias, haverá a tendência a que tais predições se realizem em nossa experiência.
A fim de ser tal profeta e perceber os sinais de nossos tempos, precisamos estar não só convencidos da bondade sempre-presente de Deus, mas também de Seu total poder.
Uma das formas que a falsa profecia assume é a do cinismo. O cínico olha para o presente e para o futuro essencialmente comparando-os com os aspectos negativos do passado. O cinismo declara que não pode haver progresso porque alguma coisa ainda não foi conseguida. O cinismo é, porém, apenas uma crença mortal, que não leva a lugar algum.
A que espécie de profecia nós daremos voz? Àquela que é formulada apoiando-se apenas nas condições materiais, com suas deficiências todas e seus horizontes sombrios? Ou será cada um de nós um verdadeiro profeta, “um vidente espiritual” que olha para além das aparências superficiais e tem “a consciência dos fatos da Verdade espiritual”? A fim de ser tal profeta e perceber os sinais de nossos tempos, precisamos estar não só convencidos da bondade sempre-presente de Deus, mas também de Seu total poder. Essa convicção nos leva a perceber o Cristo, a verdadeira idéia de Deus, a qual cura e salva a humanidade.
Em face das terríveis estatísticas sobre criminalidade, drogas, doenças e atrações do sensualismo, todas dando aparentemente provas de que o mal governa a humanidade, será que nos permitiremos ser subjugados pelo que vemos? Ou consagraremos a vida a ajudar a humanidade a captar os sinais, cada vez mais numerosos, de que a bondade de Deus é onipotente na terra?
Quando nossas orações são movidas pela atividade do Cristo, conservamos nossa própria visão profética. Habilitados a entender a situação humana atual à luz da autoridade e prosperidade espirituais, seremos capazes de auxiliar a humanidade a obter consolo e cura. Tal atividade movida pelo Cristo ultrapassa os padrões tradicionais do pensamento humano e traz renovação e desenvolvimento espirituais.
Próximo ao fim de sua carreira terrenal, Jesus disse a seus discípulos que, como efeito da oração dele, Deus enviaria outro Consolador. A Sra. Eddy identifica esse Consolador, em Ciência e Saúde, como sendo a Ciência Divina. Ao expressar sua própria visão profética dos efeitos do Consolador, ela escreve: “A personificação da idéia espiritual teve duração muito breve na vida terrena de nosso Mestre; mas ‘o seu reinado não terá fim’, pois o Cristo, a idéia de Deus, regerá finalmente todas as nações e todos os povos — de modo imperativo, absoluto e definitivo — com a Ciência divina.” Ibidem, p. 565.
À medida que a profecia espiritual transforma o modo de pensar das pessoas, prepara o caminho para que a genuína liberdade, saúde e domínio se ampliem dentro da família humana. O âmago da oração e prática cristãs sem dúvida corresponderá a essa visão espiritual, que reconhece que o poder sanador de Deus governa e abençoa nosso mundo agora, expulsando dele, finalmente, toda doença e todo pecado.
