Em 12 de abril de 1879, na casa da Sra. Eddy em Lynn, Massachusetts, reuniu-se a Associação de Cientistas Cristãos, formada por seus alunos:
Foi apoiada, e aprovada por unanimidade, a proposta da Sra. M. B. Glover Eddy, para que organizássemos uma igreja, a ser chamada Igreja de Cristo. Atas da Associação de Cientistas Cristãos, Departamento de História da Igreja d' A Igreja Mãe.
Descobriu-se mais tarde que, naquele mesmo estado, já havia uma congregação registrada sob esse nome. Por isso, em agosto, os alunos da Sra. Eddy obtiveram o alvará sob o nome de Igreja de Cristo (Cientista). O objetivo dessa igreja era o de "comemorar a palavra e as obras de nosso Mestre", e a ela cumpria "restabelecer o cristianismo primitivo e seu elemento de cura, que se havia perdido". Mary Baker Eddy, Manual de A Igreja Mãe, p. 17. Naquele mesmo mês, foram esboçadas normas e regras para reger a nova Igreja. Uma dessas regras era:
O Pastor desta Igreja deve ser capaz de curar o doente pelo sistema da Ciência Cristã, deve ser estritamente moral, e ser seguidor fervoroso e devoto de Cristo. Documento da História da Igreja: L02655.
A Sra. Eddy vinha conduzindo os cultos, em Boston, desde novembro do ano anterior e, naturalmente, a congregação a convidou, em agosto, para pregar para a nova Igreja. Sem dúvida, ela atendia aos requisitos morais e espirituais, como sanadora cristã.
Durante esse período, uma criança doente veio ter à porta da Sra. Eddy, em Lynn. Muitos anos depois, a Sra. Helen M. Grenier narrou o incidente:
Eu era uma menininha, na época, com a aversão natural que toda criança tem por remédios e com o conseqüente medo dos médicos. Tendo aparecido de repente uma forte dor do lado, decidi não contar nada a ninguém. Os olhos do amor, entretanto, são aguçados. Minha mãe notou minha palidez incomum e meu desassossego e quis saber o motivo. Como resultado, disse que chamaria um médico no dia seguinte, se eu não estivesse bem melhor até lá. Eu piorei, em vez de melhorar, por isso decidi me empenhar para encontrar um meio de resolver o problema.
Ao visitar um parente, na rua Broad, eu havia notado uma casa com uma tabuleta decorada com uma cruz e uma coroa douradas. Diziam que ali morava uma médica e, em meu desespero, raciocinei assim: "Se eu tenho de ver um médico, prefiro ir ver aquela senhora na rua Broad. A tabuleta indica que ela é cristã ..." Por conseguinte, dei uma escapada e fui ver a Sra. Eddy. Nunca mais esqueci a fineza e feminilidade da Sra. Eddy, ao me acolher e me oferecer assento, dizendo: "Queridinha, você queria me ver?" Depois de umas poucas generalidades, ela fechou os olhos por alguns instantes. Não me perguntou nada sobre os sintomas, o mal, etc., mas, pegando minha mão nas suas, disse: "Se você não estiver melhor amanhã, venha aqui novamente."
Eu não conseguia entender. Foi tudo tão diferente! Não perguntou nada, não fez nada no corpo, nenhum remédio e nenhum dinheiro, e no entanto a dor sumira! Eu não sabia absolutamente nada da Ciência Cristã e nada foi dito, nem pela Sra. Eddy nem por seu marido, que me havia aberto a porta. Eu estava maravilhada com a bondade dessas pessoas que trataram tão bem uma menininha, mas já não me surpreendia ao ver a bela cruz com a coroa acima da porta e, em meu coração, passei a considerá-los como verdadeiros cristãos.
Aquele tratamento nunca foi pago, a não ser com amor e grato apreço. Fui completamente curada com aquele único tratamento e voltei andando, ou melhor, correndo, para casa.Reminiscências de Helen M. Grenier, História da Igreja. Relato em exposição na casa da Sra. Eddy, 12 Broad Street, Lynn, Massachusetts.
A Sra. Eddy apreciava em especial o pensamento das crianças. Isso pode ser visto na amizade que tinha por Alice Sibley, de catorze anos, que lhe fora apresentada por um de seus alunos. Em 14 de setembro de 1879, a Sra. Eddy escreveu-lhe:
Querida Alice, mantenha-se livre de contaminação. Não permita que o elemento grosseiro do pensamento de outras pessoas venha a tocar a textura mais fina do seu pensamento, para que ali não entreteça nem um fio que não seja de ouro. Busque tudo o que é elevado, deixe de lado, por não ter valor algum, tudo o que avilte ou que simplesmente ofusque o brilho da jóia da mente. Faça com que o pensamento perfeito seja o pai da ação perfeita, não permita que a fonte da mente seja manchada por nem sequer um único pensamento errôneo, acalentado por descuido; então a brilhante promessa de sua doce meninice encontrar-se-á com a expectativa dos anos mais maduros e daqueles que a amam com tanta ternura. Documento da História da Igreja: L13362.
Dois meses depois, o filho da Sra. Eddy, George Glover, visitou-a em Boston. Havia vinte e três anos que não se viam. O Sr. e Sra. Eddy haviam se mudado para Boston em novembro, para estar mais perto dos cultos da Igreja, que a princípio eram realizados em Charlestown e depois em Boston, no Hawthorne Hall. Embora mãe e filho sentissem profundo afeto um pelo outro, os dois encaravam a vida de maneiras opostas e isso criou entre eles uma brecha que não conseguiram superar. Ele era um garimpeiro nas montanhas do território do Dakota, ao passo que ela já havia encontrado seu ouro no reino de Deus. Antes de voltar para casa, George mencionou à mãe que sua filhinha de três anos, Mary, era vesga. Ela retrucou: "Você deve estar enganado, George, os olhos dela são perfeitos." Mais tarde, essa neta escreveu: "Quando ele voltou para casa, em Deadwood, durante uma conversa com minha mãe, à cabeceira da minha cama, enquanto eu dormia, decidiram me acordar e descobriram que meus olhos haviam se endireitado. Minha mãe tem uma fotografia minha, tirada antes disso, em que eu estou vesga." Reminiscências de Mary B. G. Billings, História da Igreja. Essa neta da Sra. Eddy tornou-se mais tarde Cientista Cristã.
Em abril de 1880, a Sra. Eddy proferiu um sermão intitulado "A cura cristã". No mês seguinte, esse sermão foi publicado em panfleto, tornando-se sua primeira publicação após Ciência e Saúde. Nele, a autora adverte seus seguidores: "Cientistas Cristãos, vós que tendes tomado o nome de Cristo num sentido mais elevado, cuidai para permanecer fiéis às vossas declarações e alcançar a abundância de Amor e Verdade, pois, a menos que façais isso, não estareis demonstrando a Ciência da cura metafísica." Christian Healing, p. 16. Esse era um problema que a Sra. Eddy havia enfrentado praticamente desde que começara a ensinar. Muitos dos primeiros alunos, embora tendo apreendido algo de sua "Ciência", achavam difícil "permanecer fiéis" e "alcançar a abundância" no nível de correção que a metafísica cristã exige. Obras falhas ou errôneas minavam o trabalho de cura desses alunos, o que, por sua vez, fazia com que eles deixassem de apoiar o trabalho que ela desenvolvia para estabelecer a causa da Ciência Cristã. Foi essa falta de apoio que levou a Sra. Eddy a pensar em demitir-se do pastorado da Igreja, em fins de maio. Com a esperança de persuadi-la a ficar, os membros, tanto da Associação como da Igreja, aprovaram diversas resoluções. A segunda delas dizia: "Que muito embora achemos que ela não recebeu o apoio que tinha razão de esperar, ousamos ter a esperança de que volte atrás em sua decisão e permaneça conosco." Documento da História da Igreja: L09676. Ela ficou um mês mais. Porém em julho ela e o marido, Asa Gilbert Eddy, foram passar o restante do verão em Concord, New Hampshire.
A Sra. Eddy via grande perigo naquilo que mais tarde descreveu como "acreditar na cura mental, dizendo ter plena fé no Princípio divino, dizendo 'sou Cientista Cristão', enquanto faz aos outros aquilo que nos recusaríamos terminantemente a aceitar, se fosse feito a nós." Miscellaneous Writings, p. 223. Isso a levou a pesquisar "o mistério metafísico do erro". Ibidem. Ela sabia que o mal era uma ilusão, mas também sabia que se sua verdadeira natureza não fosse especificamente posta a descoberto, o pensamento poderia ser influenciado, ainda que inconscientemente. A edição seguinte de Ciência e Saúde ampliou o número de páginas a esse respeito, reunindo-as em um capítulo intitulado "Demonologia". Os motivos que a levavam a dar tanta atenção ao problema podem ser depreendidos daquilo que ela, mais tarde, acrescentou ao livro-texto:
Todo Cientista Cristão, todo professor consciencioso da Ciência da cura-pela-Mente, sabe que a vontade humana não é Ciência Cristã e tem de reconhecer isso a fim de defender-se da influência da vontade humana. Sente-se moralmente obrigado a abrir os olhos de seus alunos para que estes possam perceber a natureza e os métodos do erro de toda espécie, principalmente qualquer grau sutil do mal, que engana e é enganado.Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 451.
Quando de sua volta, em setembro, o casal Eddy foi morar novamente na casa de Lynn e a Sra. Eddy continuou em sua atividade de pregar e ensinar. Embora esse trabalho lhe ocupasse a maior parte do tempo, o foco de sua atenção estava voltado para a revisão do livro-texto, Ciência e Saúde. Ela passava todos os seus momentos livres trabalhando nisso. Em agosto de 1881, foi publicado em dois volumes, pela primeira vez com o emblema da cruz e coroa na capa.
A terceira edição de Ciência e Saúde é particularmente memorável pela inclusão do capítulo "Recapitulação". A Sra. Eddy explicou: "Esse capítulo vem de nosso livro de classe, primeira edição, 1870." Ciência e Saúde, 3a Edição, p. 167. O livro de classe fora publicado em 1876, em edição particular, sob o título A Ciência do Homem. Continua sendo até hoje a base do ensino da Ciência Cristã. Embora a terceira edição tivesse recebido intensa revisão, sua mensagem e ensinamento permaneceram inalterados. Ela revisou o livro-texto "somente para dar uma expressão mais clara e mais completa de seu significado original". Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 361.
Como mencionamos anteriormente, a Sra. Eddy achava que a condição mental de seus alunos, na época, exigia um estudo mais completo da influência mesmérica do mal, ou mente carnal, que ela colocou dentro do capítulo "Demonologia". Ela escreveu: "Põe a mentira a descoberto e, como uma serpente, ela se volta para dar a mentira a ti." Mais tarde, na edição corrente de Ciência e Saúde, ela colocou essa idéia assim: "Põe o erro a descoberto, e ele volta a mentira contra ti." Ibidem, p. 92. Dois meses depois de ser publicada a terceira edição, uma carta assinada por oito alunos da Sra. Eddy foi entregue tanto à Associação como à Igreja. Ver Robert Peel, Mary Baker Eddy: The Years of Trial (Boston: The Christian Science Publishing Society, publicado originalmente por Holt, Rinehart and Winston, 1971), pp. 95-96. Eles acusavam sua professora de ter "mau gênio, amor ao dinheiro, e a aparência de hipocrisia," e declaravam que ela não tinha condições de liderá-los. Nunca antes os signatários haviam demonstrado insatisfação de algum gênero.
Duas semanas depois disso, em 9 de novembro de 1881, os alunos que haviam permanecido fiéis ordenaram sua professora como Pastora da Igreja de Cristo, Cientista. Uma semana depois, aprovaram uma série de resoluções, que a Sra. Eddy editou e aprovou, declarando que ela era "a Mensageira Escolhida por Deus para trazer Sua Verdade às Nações," e classificando como deplorável "a maldade e o abuso" dos dissidentes. Atas da Associação de Cientistas Cristãos, História da Igreja; Peel, Trial, p. 99. Essas resoluções foram mais tarde publicadas em um jornal de Lynn.
Um elemento essencial da mensagem de Deus para a humanidade é a cura divina, que nunca estava longe do pensamento da Sra. Eddy Ela contou a um de seus secretários, em 1908:
Quando eu estava em Lynn, meus opositores diziam que eu havia sido uma mulher mas agora me tornara muito má. Havia um senhor ... que era membro da Igreja Congregacional, que sempre me defendia. Ele dizia: "Eu não a compreendo, mas sei que ela é bondosa."
Um dia ele foi até minha casa com um recado. Estava usando uma muleta, pois tinha um problema no quadril. Enquanto estava à minha frente, apoiando-se na muleta, eu lhe disse: "Você se apóia mais na muleta ou em Deus?" Ele olhou para mim e respondeu" "Em Deus," jogou de lado a muleta, que caiu de encontro à porta, e ficou ereto e livre....
Esse senhor deixou a muleta para trás e foi embora em bom estado de saúde. Anotações de Irving C. Tomlinson, História da Igreja.
As curas que tinham lugar como ocorrências naturais, durante os sermões da Sra. Eddy, eram muitas vezes notáveis. Ela registrou uma dessas curas, em um artigo que escreveu alguns anos mais tarde, para a revista Mind in Nature (Mente na Natureza) que se especializava na relação mente/corpo:
Em 15 de março, durante meu sermão, um homem doente foi curado. Ele havia entrado na igreja assistido por dois outros homens, uma muleta e uma bengala, mas saiu andando, ereto e forte, com a muleta e a bengala debaixo do braço. Eu não conhecia esse senhor, nem sabia que ele estava presente. "Ciência Crista", Mind in Nature, Junho de 1885. (A Sra. Eddy estava respondendo a dois artigos anteriormente publicados, de autoria do Bispo Samuel Fallows, que rotulara a Ciência Cristā como "poder telepático" e "não-cristã".) Ver também The Christian Science Journal, Fevereiro de 1885, p. 5.
Cumprindo seu dever como Pastor, Mary Baker Eddy demonstrou a nulidade da doença e do pecado, pela revelação da onipotência do bem divino. Não é de surpreender que o resultado fosse, muitas vezes, a cura.
