Democracia Significa, Literalmente, governo do povo. Será que associamos essa definição imediatamente à oração? Ou costumamos achar que é a maioria das opiniões humanas que governa, e que a oração não tem peso? Nesse caso talvez nos consideremos como apenas um entre muitos, e nos sintamos resignados, por acharmos que não podemos fazer nada. Em algumas pessoas o aborrecimento pode levar até à anarquia e à violência. Em compensação, outros podem tentar favorecer seus interesses, procurando a ajuda de pessoas influentes ou por meio de intrigas.
No entanto, a Bíblia nos ensina que nosso futuro, sim, toda nossa vida é governada por leis divinas. Vivenciaremos esse governo à medida que subordinarmos nossas opiniões humanas a essas leis. Na Bíblia encontramos vários relatos de acontecimentos que deixam bem clara a importância de nosso relacionamento com Deus, até mesmo nos processos políticos. Por exemplo, podemos lembrar a conhecida história de Daniel na cova dos leões. Através de sua fidelidade a Deus, Daniel triunfou sobre uma intriga cujo objetivo era sua queda. Ver Daniel 6:4–26.
Muitas pessoas podem se sentir mais dispostas a subordinar suas opiniões aos valores e leis divinas, quando reconhecem, nos relatos da Bíblia, o governo de Deus. Bem, não está escrito em lugar algum que Deus entra em acordo com Seus anjos ou que Se submete a decisões da maioria. Aprendemos com Cristo Jesus que Deus é Espírito. Os Salmos falam nEle como sendo uma rocha. Um princípio espiritual, como por exemplo o da matemática, não toma decisões por maioria para resolver um problema. Assim também Deus, que é Princípio, Amor, governa Sua criação sem erros, imutavelmente. No livro de Isaías lemos: "O Senhor é o nosso juiz; o Senhor é o nosso legislador, o Senhor é o nosso rei; ele nos salvará." Isaías 33:22. Para o escritor destes versos, Deus personifica a clássica divisão dos três poderes: Deus como soberano absoluto. Quando analisamos, de modo simbólico, esta definição "política" de Deus, fica claro que Deus reúne em Si todo poder. E esse poder é capaz de fazer apenas e somente o bem. Ele "nos salvará".
Mas o padrão de conduta dos ditadores políticos não é bom nem prestativo, é totalmente dessemelhante de Deus. Isso significa que uma ditadura humana nunca pode ser o mais elevado modo de governo. A Sra. Eddy, cujo irmão Albert tinha participação ativa na política e trabalhava pelo bem comum, escreve sobre isso no livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde: "Deus dotou o homem com direitos inalienáveis, entre os quais estão o governo de si mesmo, a razão e a consciência. O homem só é propriamente governado por si mesmo quando bem guiado e governado por seu Criador, a Verdade e o Amor divinos." Ciência e Saúde, p. 106.
Uma estrutura democrática antevê que todos tomem parte na formação da opinião pública. Mas, independentemente do sistema político sob o qual vivemos, sempre temos a possibilidade e o dever de recorrer a Deus em busca de orientação. Ocasionalmente pode nos parecer mais confortável deixar que outros tomem as decisões. Mas na verdade o homem tem um desejo perfeitamente natural de pensar por si mesmo. É nosso direito inalienável e também nosso desejo mais profundo o de volver-nos a nosso Criador, o Amor divino.
Uma ocasião ficou clara para mim a importância de podermos recorrer a Deus quando temos de tomar uma decisão. Na época eu costumava sair com um amigo para voar de asa delta. Certa vez íamos testar um novo modelo. Era um belo e calmo dia de inverno. Meu amigo voou primeiro e eu fiquei observando. Ele saiu correndo e levantou vôo. Quando estava a cerca de uns cinco metros de altura, deixou a asa delta ficar muito lenta (certamente por causa da sensação nova de voar) e, por um momento, quase ficou parado no ar. Essa situação costuma causar acidentes nos vôos de asa delta, pois nesse momento a asa fica sujeita a rajadas de vento e pode embicar sem controle. Ou seja, ele corria perigo de cair.
Eu estava a cerca de trinta metros de distância e não sabia se devia lhe gritar um comando de vôo. Não tinha certeza se ele conseguiria fazer a manobra antes que fosse tarde. Nesse instante fui inundado por uma forte certeza da amorosa e protetora presença de Deus e da totalidade de Sua criação perfeita.
Essa certeza fez com que me acalmasse imediatamente. Reconheci que meu amigo e eu estávamos totalmente seguros em Deus e que Deus sempre nos supre com as idéias corretas de que precisamos. Foi realmente um momento sagrado para mim. Naquele preciso segundo meu amigo fez a manobra de vôo correta, a asa delta pegou impulso e ele fez um belo vôo. Eu o segui numa outra asa, e nos encontramos na pista de pouso.
Comentamos sobre aquela situação crítica no início de seu vôo, e ele me disse algo como: "Sim, aquela foi por pouco. Muito obrigado por ter-me gritado o comando correto." Bem, eu não havia dito nada, e fiquei inicialmente espantado, até que ficou claro para mim que ele tinha indubitavelmente escutado o comando correto. O Cristo o havia alcançado com muito mais eficácia do que eu jamais teria conseguido.
Esse exemplo sempre me enche de profunda gratidão e me ensinou muito para meu futuro. Agora, quando há decisões a tomar, tento estar sempre consciente de que somente a Mente divina se comunica com todos. É o Cristo que alcança todos nós, a quem todos podemos compreender. E ele nos alcança diretamente e sem dúvidas, de uma maneira muito melhor do que as opiniões e os esforços humanos. Desde essa época sinto-me mais livre e tranqüilo quando outras pessoas manifestam opiniões diferentes. Não tento mais apenas impor opiniões, mas me alegro em reconhecer que somente Deus tem todo o poder.
Cristo Jesus é nosso grande modelo ao volvermo-nos constantemente a nosso Pai celestial. Ele nunca agia de modo contrário à vontade de Deus, e conseqüentemente agia com autoridade divina. Fazia uso ilimitado de seu direito inalienável de ser inteiramente governado por Deus. Cristo Jesus disse: "Eu e o Pai somos um." João 10:30.
E como podemos contribuir para que os bons pensamentos se imponham também nas decisões democráticas? Para abrir o caminho aos pensamentos divinos, começamos sempre com abnegação e oração. Quanto mais confiamos o resultado à onipotência e à vontade divinas, e quanto mais livre de expectativas humanas for a oração, tão mais potente ela será.
Isso pode parecer difícil, diante de decisões contrárias às nossas convicções. Mas quando reconhecemos o quanto nossa oração é importante e necessária, então também fica claro para nós que não podemos nos dar ao luxo de reagir com atitudes negativas, tais como resignação ou revolta.
Quanto mais abnegadamente amamos e apoiamos esse fato, tão mais claramente percebemos que, na verdade, Deus é que trabalha. E nós podemos ser testemunhas de Sua divina força e alegria, e de Seu amor por Suas idéias.
