Logo após eu me ter divorciado, os cultos dominicais da Igreja da Christian Science foram um grande apoio para mim. Eu não desejara separar-me de minha mulher, e durante os cultos uma frase destacava-se das demais: “não divorciado da verdade” (no texto original inglês).
Estas palavras do Livrete Trimestral da Christian Science constam da Nota Explicativa escrita por Mary Baker Eddy. A nota é lida pelo Primeiro Leitor antes de os Leitores começarem a ler a Lição Bíblica semanal da Bíblia e do livro-texto da Christian Science, Ciência e Saúde, de autoria da Sra. Eddy. Parte da nota declara: “Os escritos conônicos, em conjunto com a palavra de nosso livro-texto, a qual corrobora e explica os textos bíblicos no seu significado espiritual e na sua aplicação a todos os tempos, passado, presente e futuro, constituem um sermão ‘não divorciado’ da verdade, incontaminado e livre de hipóteses humanas, e divinamente autorizado” (p. 2).
Ali sentado, ouvindo a Lição, pensei no que significa ser aquele que recebe um sermão “não divorciado da verdade”. Parecia-me natural ver-me a mim próprio como “não divorciado da verdade”, não divorciado de minha verdadeira individualidade como filho de Deus e não divorciado de Deus, que é Verdade, Amor e Vida.
Compreendi que não apenas eu, mas todos aqueles que Deus criou não podem ser separados do bem, daquilo que constitui a identidade concedida por Deus. O homem não pode deixar de ser a imagem de Deus, a Verdade, Sua expressão espiritual, incluindo apenas qualidades divinas, e de ser a testemunha do infinito amor de Deus. A verdade sustenta continuamente o homem como sua imagem, a sempre amada e amorosa semelhança do Amor infinito. Por isso eu sabia que tinha de seguir adiante e viver o fato de eu ser na realidade a imagem do Amor e de que não podia ser separado da alegria.
Essa inspiração deu-me renovado sentido de propósito. Sabia que podia continuar a participar de forma útil e valiosa em minha igreja e comunidade. Também esforcei-me para vencer os defeitos e hábitos, em meu pensamento, postos em evidência durante o processo de ruptura do casamento. Isso ajudou a eliminar a sensação de que eu não valia nada e ninguém me amava.
Encontrei ajuda num artigo da Sra. Eddy chamado “Prevenção e cura do divórcio” em seu livro The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany. Também ponderei a resposta de Cristo Jesus a uma pergunta feita pelos judeus: “Os que são havidos por dignos de alcançar a era vindoura e a ressurreição dentre os mortos não casam, nem se dão em casamento.” Lucas 20:35.
Desta vez descobri que trazia para o casamento um sentido mais consciente de ter algo a dar, qualidades como alegria e amor.
Compreendi com maior clareza que o casamento, por si só, não nos dá valor ou substância, que são inteiramente espirituais. O casamento também não nos pode tornar completos ou inteiros. Essas são qualidades espirituais já inerentes ao homem como imagem e semelhança de Deus. Não é o mundo que as proporciona, e o mundo não pode privar-nos delas.
Fui capaz de aceitar que o casamento, em si, não trouxera qualidades espirituais a minha vida, e por isso ao já não estar casado não estava privado dessas qualidades. Mas descobri que tinha trabalho a fazer para ser feliz sozinho, como o fora quando tinha minha família ao meu redor. Esse trabalho incluía reivindicar meus direitos espirituais como homem criado por Deus: eu era completo, inteiro, amado e abençoado. Eu era, em realidade, o filho inocente, puro e perfeito de Deus. Isso é verdade para mim e para todos.
Enquanto orava, percebi que era correto partilhar minha vida e alegria com alguém e continuar a expressar as qualidades de cônjuge que já antes tentara expressar. Mas desta vez descobri que trazia para o casamento um sentido mais consciente de ter algo a dar, qualidades como alegria e amor. Não estava a tentar preencher um vácuo ou adquirir algo pelo casamento.
Pouco tempo depois conheci alguém que apreciava o que eu tinha para dar, enquanto eu apreciava suas qualidades e virtudes. Logo nos casamos, e com muita felicidade. Neste casamento tenho procurado conscientemente ser mais paciente, gentil e terno, expressar mais das qualidades do amor divino que mantêm e cimentam uma relação. Estamos casados, com muito alegria, há dezessete anos e nosso casamento tem se revelado uma bênção não apenas para nós, mas para muitas outras pessoas da comunidade, que têm se beneficiado do trabalho útil que desenvolvemos em conjunto. Têm sido anos de fruição também para nós.
Essa experiência é para mim a prova de que, de acordo com a Bíblia, “Todas as cousas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo seu propósito.” Romanos 8:28. Raramente passa um dia em que eu não esteja consciente dessa verdade. Por meio da graça de Deus somos capazes de redimir qualquer situação e torná-la boa, ao mesmo tempo que continuamos a elaborar nossa própria salvação, nossa liberdade e imunidade de todos os males, de qualquer sentido de separação ou divórcio de nosso Pai-Mãe Amor. Na onipresença do Amor, o homem nunca pode estar separado do Amor, da Verdade e da Vida infinita. Por isso temos autoridade divina para negar e vencer qualquer senso de separação, não apenas em nós mesmos mas também em outros. Dessa forma todos podemos contribuir para que não ocorram mais divórcios em todo o mundo, de acordo com a lei do onipresente, onisciente e onipotente Amor.
 
    
