Como nos apressamos a pôr rótulos nas pessoas que encontramos! Freqüentemente, e com apenas um olhar, formamos opiniões que nos deixam com preconceito, medo, inveja. Essa tendência de rotular as pessoas nos impede de descobrir a individualidade real de nosso próximo. Compreender os outros significa reconhecer neles a semelhança de Deus, o bem. Dessa maneira, começamos a perceber a presença imediata da criação perfeita de Deus.
Uma das bem-aventuranças que Cristo Jesus ensinou diz: “Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus.” Mateus 5:8. A pureza de pensamento e de afeição nos capacita a discernir que só Deus e aquilo que Ele cria são reais. Conforme nos diz Ciência e Saúde: “O Amor divino é infinito. Por isso, tudo quanto realmente existe está em Deus, e é de Deus, e manifesta o Seu amor.”Ciência e Saúde, p. 340. Começar a ver os outros como Deus os conhece, dá-nos poder e traz cura. O fato espiritual é que cada um de nós é a própria expressão do Amor divino, bondoso, belo, puro e terno.
Será que é impossível ou ingênuo ter esse tipo de conceito a respeito do homem? Não, se levarmos a sério o exemplo e os ensinamentos de Jesus. Ele ensinou aos seus seguidores que o reino de Deus está próximo, está dentro em nós. Não é um paraíso distante, mas um fato presente a ser visto e compreendido, sentido e vivido. A fim de ajudar as pessoas a verem mais além daquilo que poderia esconder o reino perfeito de Deus, que está próximo, Jesus exigiu que eles se arrependessem, ou seja, que mudassem sua maneira de pensar, enxergar e viver. Jesus sabia que a visão material não diz nada do fato real, espiritual, ao contrário, tenta encobrir a presença de Deus e Sua expressão.
Existiam rótulos negativos no tempo de Jesus, tanto quanto existem hoje em dia. As pessoas eram identificadas como doentes, pecadoras, amedrontadas, pobres, tristes, orgulhosas, ignorantes. Ele, porém, jamais permitiu que tais rótulos definissem a individualidade de alguém. Em humilde obediência a Deus, ele mantinha uma perfeita vigilância sobre os pensamentos que lhe vinham e preservava em sua consciência o conceito de homem como expressão espiritual de Deus. Ele aceitava e dava testemunho somente da verdade, do fato espiritual.
A Bíblia afirma: “Nós... temos a mente de Cristo.” 1 Cor. 2:16. Temos, portanto, autoridade bíblica para reconhecer o homem de Deus, como Jesus fazia. Podemos, pois, saber que os conceitos equivocados a respeito do homem, os falsos rótulos, são mentiras. E as mentiras são mentiras, não importa quantas sejam, ou há quanto tempo elas tenham sido aceitas ou quão grandes tenham se tornado. Uma mentira é sempre destruída no momento em que é posta a descoberto e substituída pelo fato espiritual.
Jesus assumiu o controle de seu próprio pensamento, momento a memento. Do mesmo modo, nós também somos responsáveis pela nossa própria maneira de pensar, um pensamento por vez. Temos autoridade outorgada por Deus para elevar cada pensamento à luz sagrada do Cristo e encontrar a idéia perfeita. Ao falar do fato de que o reino de Deus está dentro em nós, a Sra. Eddy escreve: “Sabei, portanto, que possuís poder soberano para pensar e agir corretamente, e que nada pode despojar-vos dessa herança e violar o Amor.”Pulpit and Press, p. 3.
À medida que formos fiéis em vigiar e guardar nosso pensamento, atentos à nossa união com Deus, a Mente, veremos e sentiremos com maior segurança o reino de Deus aqui mesmo e agora mesmo. Os efeitos sanadores e purificadores de tal modo de pensar e de agir são inevitáveis.
Um amigo me contou como foi que o desejo de uma pessoa, de manter um conceito puro a respeito dele, ajudou-o a mudar inteiramente sua vida. Meu amigo estava na cadeia havia dezenove anos, cumprindo pena por ter matado um policial, durante um assalto a um banco. A certa altura, decidiu fazer na cadeia um curso de horticultura. Assim que ele tentou contar à professora a razão pela qual estava preso, ela disse: “Eu não me importo. Não é isso o que eu sei a seu respeito.” Meu amigo disse que olhou para ela como se ela fosse de um outro planeta! Mas, a partir daquele dia, sua visão do futuro mudou.
Essa professora conseguiu penetrar além dos rótulos e ver o filho de Deus, que ela podia amar e apreciar. Sua firme tomada de posição a favor da verdade ajudou meu amigo a melhorar sua própria percepção de si mesmo, fazendo-o compreender e sentir o seu eu real como filho amado de Deus. Ela lhe apresentou a Christian Science e ele foi aprendendo mais sobre Deus, sobre liberdade e confiança, enquanto ainda estava na prisão.
Ali mesmo, onde parece haver mortais, está presente o homem de Deus, expressando o Amor divino, de maneiras distintas e belas. Se acreditamos estar vendo outra coisa, nós também podemos dizer: “Não é isso o que eu sei a seu respeito”.
 
    
