Praticar o cristianismo é trabalho de tempo integral. Significa seguir o exemplo de Cristo Jesus 24 horas por dia, 365 dias por ano. Nosso grau de êxito depende de pormos de lado o sentido pessoal e deixar que Deus, o Espírito, transpareça.
Isso foi o que Jesus ensinou e fez. Somente se seguirmos o exemplo de Jesus nesse ponto, poderemos encontrar nossa verdadeira identidade cristã.
Até abandonarmos o senso de termos uma personalidade separada de Deus, continuaremos a ser membros de um destes dois clubes: o do “eu não consigo!” ou o do “é claro que eu consigo!” Os membros do clube do “não consigo” enfrentam situações novas com temor, relutância, dúvida e uma sensação de incapacidade. Os membros do clube do “claro que consigo” confiam em suas habilidades pessoais e enfrentam novas tarefas seguros de si. Não importa com qual dos dois grupos nos identificamos: ambos são apenas lados opostos da mesma moeda, a de crer que vivemos e agimos independentemente de Deus. Ambos têm de ser considerados inadequados, por deixarem a Deus completamente de fora. Encontramos um grau mais elevado de êxito quando trocamos esses pontos de vista por uma compreensão crescente a respeito da Sua presença.
À medida que compreendemos a presença de Deus, cedemos a ela e dela dependemos. Entretanto, até esse senso mais elevado de proximidade de Deus será superado pela compreensão de nossa unidade com Ele.
Deus é a causa única. Ele é Vida e inclui todo ser real, toda ação, toda causa e todo efeito. Todo o conhecimento, sensação e visão reais procedem de Deus e são refletidos pelo homem, Sua imagem. A Sra. Eddy escreve em Ciência e Saúde: “O homem é a expressão do ser de Deus” (p.470). Exatamente onde nós estamos, Deus, a Mente perfeita, está Se expressando. Nós refletimos o conhecimento de Deus, quando estamos perfeitamente unidos com a Mente divina.
Como idéias de Deus, somos a expressão da Alma, e refletimos individualmente Sua beleza, força e criatividade. Refletimos a ternura do Amor divino e a pureza da Verdade. O homem não pode ser menos do que a expressão de Deus, porque Deus é Tudo-em-tudo. Neste exato momento, Deus, o bem, está no controle completo de tudo o que Ele expressa.
Ciência e Saúde afirma: “Assim como uma gota dágua é uma com o oceano, um raio de luz um com o sol, do mesmo modo Deus e o homem, o Pai e o filho, são um no ser” (p.361). Exatamente como uma gota do oceano possui todas as propriedades existentes no próprio oceano, assim o homem, como a expressão presente de Deus, incorpora todas as qualidades de Deus.
A Bíblia mostra a Deus como a única origem real da ação. Certa manhã, ao ler a Lição Bíblica semanal (do Livrete Trimestral da Christian Science), tive um vislumbre da responsabilidade do homem como expressão de Deus. Fiz uma lista do que poderia representar o “dever” de Deus e o meu. Percebi quantas vezes eu havia tentado fazer o trabalho de Deus, em vez de procurar ver Sua totalidade expressada em mim e nos outros.
À medida que compreendemos melhor nossa unidade com Deus, livramo-nos da atitude de “eu consigo” ou “eu não consigo”, com os temores, o orgulho, a satisfação, os objetivos e a glória que acompanham tais atitudes. Descobrimos que nosso propósito não pode ser o de usar a Deus para nos ajudar a moldar nossa vida de acordo com a nossa vontade, mas sim, devemos deixar que Deus nos use para expressar Sua perfeição. Quando colocamos o nosso eu de lado, nada perdemos de bom. Constatamos que já incluímos tudo o que Deus expressa: vida, bondade, liberdade ilimitadas.
Muito embora sejam grandes as recompensas pela negação do eu, nem sempre o caminho é fácil e não é percorrido de um dia para o outro. Afinal, a maioria de nós passou a vida inteira acumulando camadas e mais camadas de auto-suficiência, importância pessoal e comiseração própria. A Sra. Eddy escreve em Miscellaneous Writings: “O novo nascimento não é obra de um momento. Começa com momentos e continua com os anos; momentos de entrega a Deus, de confiança como a dos pequeninos e de jubilosa aceitação do bem; momentos de abnegação, autoconsagração, esperança celestial e amor espiritual” (p. 15).
Uma das tarefas mais árduas que eu já me propus foi a de manter no pensamento dez palavras de Cristo Jesus: “... não se faça a minha vontade, e sim a tua” (Lucas 22:42).
Naquela ocasião, eu tinha dois pimpolhos que exigiam muito de meu dia em casa. Certa manhã, literalmente me forcei a permanecer com as mãos sobre a máquina de lavar roupa, até sentir o impulso da força de vontade cedendo lugar a uma serena humildade.
Ao término daquele ano, eu já reconhecia a diferença entre o sentimento de força de vontade e a aceitação humilde da vontade de Deus. Eu também sabia que detestava a sensação do “eu” voluntarioso e que faria qualquer coisa para recuperar sempre a tranqüila submissão Deus.
Quando começamos a atingir o ponto de deixar que Deus governe, percebemos que se abrem novos e surpreendentes rumos em nossa vida. Para mim, escrever para os periódicos foi um deles. Escrever era algo que eu jamais havia gostado de fazer, e eu nem pensava possuir alguma habilidade natural para tanto.
Alguns anos mais tarde, após ter sido Primeira Leitora em nossa igreja, senti uma profunda necessidade de compartilhar aquilo que eu estava aprendendo a respeito de Deus. Sabia que o desejo de compartilhar vinha dEle. Portanto, minha expressão correta da natureza divina não poderia ficar escondida nem impedida de manifestar-se.
Comecei a dedicar algumas horas, todas as semanas, para o estudo profundo e a prática da Christian Science. À medida que eu era fiel a esse compromisso, tanto as idéias como as palavras para os artigos me vinham ao pensamento. Brotavam suavemente quando eu prestava atenção à orientação de Deus. A partir daí, escrever se tornou uma das maneiras mais gratificantes de compartilhar as verdades curativas da Christian Science.
A submissão humilde é um passo vital para descobrir nosso potencial, permitindo que nosso ser verdadeiro mostre seu brilho de maneira sem igual, para abençoar o mundo inteiro.
