Eu estava almoçando com um amigo, num restaurante chinês. Quando o garçom trouxe a conta, veio junto um pacotinho embrulhado em celofane, com um biscoitinho da sorte. Geralmente contém um bilhete com um provérbio ou uma lição moral, e não, como se poderia esperar, um aviso sobre a sorte ou o azar de quem o abre. As mensagens dizem coisas como: “Quem sorri não se encontra com caras feias”, ou outras desse tipo.
Mas esse dia, o bilhete que eu abri tinha uma mensagem que, ironicamente, deve ter passado despercebida de quem a escreveu. Dizia assim:
O jogador não só perde o que tem, mas também o que não tem. Números que dão sorte: 7, 24, 25, 30 e 40
Achei muita graça nesse texto, acompanhado de números que supostamente dariam “sorte”. Mesmo assim, a moral do texto era válida. Aceita-se com muita naturalidade, hoje em dia, o hábito do jogo, que em alguns lugares é apoiado até por órgãos governamentais. Nem se percebe o quanto o jogo é destrutivo. Os desastres ocorridos com muitos casos deveriam servir de aviso. O rádio e a televisão relatam inúmeros exemplos de gente que perdeu no jogo tudo o que tinha: dinheiro na poupança, carro, casa. Qualquer pessoa pode comprar um bilhete de loteria ou encontrar um lugar para jogar no bicho. E o jogo de cartas atrai e prende muita gente. Poucos imaginam o quanto se pode perder.
Mas o que dizer daquilo que apareceu no provérbio do meu bilhete, ou seja, perder o que não se tem? Essa perda se refere às enormes dívidas que geralmente destroem a vida dos jogadores. Muito além das posses materiais ou do dinheiro, está o patrimônio aparentemente menos tangível, porém mais importante e substancioso do que as posses propriamente ditas. Como, por exemplo, a nação de valor, de autorespeito, dignidade, controle sobre a própria vida, paz, esperança e alegria. Quando se perdem essas coisas, toda a estrutura da vida fica correndo risco.
Mas existe uma resposta, tanto para o indivíduo que deseja libertar-se das garras do jogo, como para aqueles que querem ajudar a solucionar esse problema social. A resposta se encontra na visão espiritual oferecida por meio da oração. Essa perspectiva espiritual reconhece a lei de Deus, sempre absolutamente segura, e não a sorte, o azar, ou a chance. Ela se baseia na Ciência do Cristo, que revela a ordem perfeita de toda a criação de Deus. Nessa criação, tudo é governado pela lei divina. As coisas não ocorrem por uma questão de chance, os resultados não dependem disso, nem os ordenados das pessoas. O bem que Deus provê para Seus filhos, inclusive para você e para mim, não depende de sorte ou variações. O bem não se ganha (nem se perde) no jogo de dados, e nunca resulta de um fator acidental.
No livro-texto da Christian Science, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, a autora, Mary Baker Eddy, faz esta importante observação: “Os acidentes são desconhecidos a Deus, a Mente imortal, e precisamos abandonar a base mortal da crença e unir-nos à Mente única, a fim de substituir a noção de acaso pelo conceito apropriado acerca da direção infalível de Deus, e assim trazer à luz a harmonia” (p. 424).
O bem que Deus provê e Sua harmonia são constantes, sempre disponíveis. Há uma continuidade divina do bem expresso por meio de toda a vida, na experiência de cada um de nós, como o reflexo espiritual de Deus.
Isso é o que verdadeiramente somos, o reflexo espiritual, ou expressão, de Deus, o bem eterno. O fato é que, por refletirmos a bondade de Deus, jamais nos privamos daquilo de que precisamos. O reflexo constante de Deus, expressando a continuidade do bem, jamais pode ser vítima do azar, nem ser governado pelas chances, nem ficar viciado no jogo.
Nossa vida é verdadeiramente governada, e abundantemente abençoada, pelo Princípio divino, Deus. Orando sob esse ponto de vista, podemos romper o ciclo do vício, da posição de vítima e de perdedor. Ganhamos todo o bem. E conservamos tudo o que temos, tudo o que Deus nos deu. Cumpre-se a promessa da Bíblia: “... provai-me nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós bênção sem medida” (Malaquias 3:10).
    