A divulgação da mensagem do cristianismo é sempre um desafio para as gerações de seguidores de Cristo Jesus. Nossas obras, nossa maneira de viver a mensagem, alcançam aqueles que estão em busca de respostas. No entanto, junto com as obras, são necessárias as palavras: palavras que relatem, apresentem, analisem, exponham, expliquem e registrem o poder da Verdade em nossa vida.
Hoje em dia, quando ouvimos o chamado “pregai o evangelho a toda criatura”, qual é nossa resposta? Esta seção mostra o ponto de vista de alguns indivíduos cuja resposta foi escrever. Contudo, nosso propósito fundamental não é o de falar sobre como escrever, mas sobre a atividade sanadora de se fazer com que a Palavra de Deus seja conhecida e sentida.
Minha mãe falecera e eu estava muito pesaroso. Lembrei-me, então, de que minha família tivera uma belíssima cura após o falecimento de meu pai. Na época, eu havia enviado um artigo aos periódicos da Christian Science, falando dessa experiência. Os redatores haviam me pedido uma revisão, marcando certas passagens que deveriam ser mais bem explicadas. Por isso, eu havia reescrito o artigo, usando-o como uma forma de extravasar minha dor, ao invés de orar profundamente para curá-la. Eu enviara a revisão. Como era de se esperar, eles me mandaram uma carta, informando que o artigo não havia se desenvolvido da forma desejada e sugerindo que eu o colocasse de lado por um tempo.
Isso era exatamente o que eu precisava fazer e foi o que fiz (mais adiante contarei o que aconteceu depois), pois achei que não seria sincero de minha parte escrever naquela ocasião. Os periódicos da Christian Science visam a trazer cura para o mundo, mas não são um substituto para a oração, nem para os autores dos artigos, nem para os leitores. Nos anos seguintes, essa lição foi-me de grande ajuda para conservar puros os meus motivos para escrever.
A Sra. Eddy foi muito específica com relação ao propósito dos periódicos da Sociedade Editora da Christian Science. Ela escreve: “Eu dei o nome a todos os periódicos da Christian Science. O primeiro foi The Christian Science Journal, destinado a registrar a Ciência divina da Verdade; o segundo, intitulei-o Sentinel, destinado a montar guarda a favor da Verdade, da Vida e do Amor; o terceiro, Der Herold der Christian [O Arauto da Christian Science], para anunciar a atividade e disponibilidade universal da Verdade; o seguinte, chamei-o Monitor, para espalhar a Ciência indivisa, que atua sem se desgastar. O objetivo do Monitor é o de não prejudicar ninguém, mas sim abençoar a toda a humanidade” (The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 353).
Constatei que, para ser obediente ao propósito desses periódicos, todo esforço do escritor deve ser para glorificar a Deus. Qualidades tais como sinceridade, amor abnegado e louvor ao nosso Criador são vitais, ao escrevermos artigos sobre nossa religião.
A sinceridade habilita-nos a escrever honesta e humildemente. Um esforço sincero nasce da gratidão pela descoberta da Ciência que Jesus viveu. A gratidão faz com que nos disponhamos a contar ao mundo que Cristo, a Verdade, está aqui hoje para redimir, restaurar e ressuscitar a vida e o pensamento humano. A sinceridade não exagera nem se expressa em teorias, apenas impele-nos a falar a partir do mais profundo nível de nossa experiência. A sinceridade também nos torna humildes, permitindo-nos revisar ou reescrever, se necessário, para que a mensagem sanadora do artigo se torne clara.
O amor abnegado faz com que o texto seja perspicaz, compassivo e caridoso. Não se esconde atrás de palavras requintadas, mas fala de forma compreensível, de modo a propiciar inspiração e conforto. Não tem medo de proclamar o amor e o carinho de Deus, visto que sua fonte é o próprio Deus, o infinito Amor. O amor abnegado, espiritual, tem a disposição de admitir os próprios erros, de forma que os outros possam ser beneficiados com isso e mudem sua atitude. Tal amor penetra nos corações solitários. Ajuda a dissolver pensamentos depressivos e modos de vida pecaminosos com a luz da inspiração que anima, eleva e reforma.
Se nosso propósito, ao escrever, for o de louvar a Deus, nosso motivo será puro. Louvar a Deus ajuda-nos a vencer a tentação de se vangloriar, de glorificar os próprios esforços. Faz com que fiquemos menos convencidos, que não nos consideremos tão importantes pessoalmente, e, ao invés disso, eleva-nos à compreensão espiritual de que Deus, a Mente divina, é a fonte de nossa inspiração e que somente Deus deve ser louvado. Isso nos abençoa com paz, mansidão e graça expressas em nossa vida diária e em nossos escritos.
Por que a sinceridade, o amor abnegado e o louvor contribuem para a cura? Porque glorificam a Deus, o Amor divino. Os esforços, imbuídos de tal amor a Deus, expressam o poder do Cristo, a verdadeira idéia de Deus, que destrói o erro.
A certa altura, lutando para aceitar aquilo que, ele sabia, estava por vir, ou seja, a crucificação, Jesus orou: “Pai, glorifica o teu nome.” Ele não pediu para que seu próprio nome fosse glorificado, mas sim o nome de Deus. Sua oração de amor e louvor sincero a Deus recebeu esta resposta: “Eu já o glorifiquei e ainda o glorificarei” (João 12:28). E a glória da ressurreição e ascensão comprovaram a verdade dessa promessa.
As qualidades de sinceridade, amor e louvor foram claramente evidenciadas na obra sanadora dos discípulos, registrada no livro de Atos e no maravilhoso ministério de Paulo. Essas mesmas qualidades abençoaram e fortaleceram os esforços corajosos que, por fim, trouxeram à humanidade as traduções da Bíblia para as línguas populares.
Quando a Sra. Eddy registrou, para a humanidade, a verdade do ser e a disponibilidade do Cristo para curar em todos os tempos, ela também escreveu com um amor abnegado e com uma coragem claramente provenientes de Deus. A respeito desse trabalho, ela diz, no Prefácio do livro Ciência e Saúde: “A autora não comprometeu sua consciência para acomodar-se à tendência geral das idéias, mas deu sem rebuços e honestamente o texto da Verdade.” Ao final do Prefácio, ela declara: “Imbuída do espírito da caridade de Cristo — como alguém que ‘tudo espera, tudo suporta’, e se alegra em levar consolo aos acabrunhados e cura aos doentes — ela entrega estas páginas aos que honestamente procuram a Verdade” (pp. x, xii).
Hoje, temos a oportunidade de viver o cristianismo que Cristo Jesus nos ensinou. Podemos seguir seu exemplo, espiritualizando o pensamento e curando aqueles que necessitam de cura. Temos a capacidade de expressar a mesma coragem daqueles que nos trouxeram a Bíblia e a mesma dedicação incansável que a Sra. Eddy mostrou, ao dar o livro Ciência e Saúde à humanidade e ao fundar os periódicos da Christian Science. Podemos superar toda e qualquer hesitação em escrever e compartilhar nossas experiências, e podemos vencer a tentação de falar de uma demonstração ainda não realizada.
Sinceridade, amor e louvor irão nos levar à caneta, à máquina de escrever ou ao computador, com a disposição de “registrar”, de “montar guarda”, de “anunciar” e de “abençoar a toda a humanidade”.
O que aconteceu com o meu artigo? Bem, coloquei-o de lado e orei para curar o pesar que estava sentindo. Após essa cura estar firmemente estabelecida (tornou-se, mais tarde, a base de um outro artigo), peguei a caneta, a revisão anterior e a carta dos Redatores e comecei a escrever novamente. Dessa vez o artigo tomou uma nova direção, quase se reescreveu sozinho. Foi claramente o trabalho de Deus sendo executado, e eu fiquei grato pela oportunidade de participar, Por ser escrito com sinceridade, com espírito de amor e de louvor a Deus, teve um ponto de partida muito melhor do que nas tentativas anteriores.
Se nosso propósito, ao escrever, for o de louvar a Deus, nosso motivo será puro.
O artigo foi enviado à Redação do Journal, Sentinel e Arauto e, no momento oportuno, foi publicado. Deu muitos frutos. Foram recebidas cartas do mundo inteiro expressando gratidão pelas idéias sanadoras contidas no artigo. Este foi traduzido para seis idiomas, inclusive para o sueco, no intuito de ajudar a curar o pesar pelo naufrágio do Estônia.
Há outra experiência que gostaria de contar, com relação a isso. Uns dois anos após a publicação desse artigo no Christian Science Sentinel, uma jovem encontrou o exemplar com meu artigo em uma caixa para literatura gratuita, na frente de uma Sala de Leitura da Christian Science. Algumas coisas em sua vida estavam lhe causando pesar e ela achou o artigo muito útil. Oito meses mais tarde, quando o marido dela faleceu num acidente, ela novamente pegou o artigo e orou com as idéias ali contidas. Tempos depois, nos conhecemos e começamos a namorar. Somente alguns meses depois de estarmos namorando, foi que ela se deu conta de que eu era o autor daquele artigo. Casamo-nos. Foi uma bênção saber que a experiência que eu tivera, ao curar meu pesar, confortou minha esposa, muito antes de nos conhecermos!
Poderia isso ter ocorrido se eu continuasse a escrever com a intenção de superar meus próprios problemas? Não. Aquele texto pôde conter uma mensagem sanadora somente quando meu desejo foi o de glorificar o nome de Deus. Da mesma forma, todos nós podemos escrever hoje com o propósito de glorificar a Deus. Ao fazer isso, estaremos contribuindo para as bênçãos que o mundo recebe através dos periódicos da Christian Science.
    