No meu tempo de criança, minha tia Bidy era uma das pessoas de quem eu mais gostava. (Seu verdadeiro nome era Violeta, mas quando meu irmão era pequeno, ele tinha dificuldade em pronunciar esse nome.) Ela se dedicava a me mostrar a beleza das coisas: música, pinturas, livros e flores. Entre as lembranças que permaneceram mais vivas na minha memória, estão as caminhadas que fazíamos pelos extensos canteiros de flores de minha avó. A Tia Bidy se entusiasmava ao passar pelos canteiros de violetas e peônias, de dálias, tulipas, rosas, margaridas e narcisos. Sou realmente muito grata pelo prazer que ela demonstrava diante de todas as coisas bonitas e pelo seu esforço paciente em despertar em mim o mesmo gosto.
Sou também grata por outra mulher que, através de seus escritos, ensinou-me mais coisas sobre flores. Referindose às flores, num culto na igreja, a Sra. Eddy escreveu: "Estas flores são apóstolos florais" (Miscellaneous Writings, p. 179). Um apóstolo é aquele que é enviado para ensinar e, recentemente, durante uma viagem, compreendi melhor o que a Sra. Eddy quis dizer.
Ao entrar no quarto do hotel onde estava hospedada, ali estava para me saudar um vaso cheio de narcisos silvestres ainda em botão. Pus o vaso sobre a mesinha de cabeceira e reclinei-me sobre os travesseiros para ler. Passado algum tempo, dei uma olhada ao vaso e vi três botões já bem abertos. Fiquei admirada. Silenciosamente, sem que eu notasse, a "atividade dos narcisos" prosseguira! Eu não vi, não ouvi, nem senti nenhum movimento nas flores. No entanto, os narcisos desabrocharam completamente — com suas coroas amarelas brilhantes como o sol, emolduradas por pétalas já perfeitamente formadas. Observei-os demoradamente, certa de que havia naquelas flores uma lição espiritual importante.
Qual era a lição? Em primeiro lugar, era óbvio que nenhum poder humano havia aberto aqueles botões. Eu também tinha plena confiança de que os outros botões iriam se abrir. Sabia que chegaria a ver todo o buquê de flores abertas.
Ocorreu-me que a movimentação dentro do narciso poderia servir de metáfora para a atividade silenciosa e a beleza do Cristo, o espírito de Deus. Conquanto não a possamos ver, ouvir ou sentir fisicamente, a ação do Cristo é contínua na consciência humana. É a influência divina de Deus, despertando o pensamento humano para o fato de que Deus está aqui. É a força irresistível, ininterrupta, da Mente divina que cura e que não tem opositor. Cristo é a mensagem de Deus. Embora invisível e imperceptível aos sentidos materiais, o Cristo fala à humanidade e atrai a atenção, incitando o pensamento humano a reconhecer a presença de Deus, Seu poder curativo e Seu amor.
É claro, o poder do Cristo é muito maior do que o poder existente no desabrochar dos narcisos. O suave poder do Cristo está em atividade o tempo todo. É perpétuo. Jamais se retira, vacila, diminui ou desaparece. É o poder infinito do Amor. Ele varre da consciência o medo que causa o pecado, a doença e a morte, dando lugar para que floresçam os fatos da individualidade espiritual do homem.
Jesus mostrou à humanidade a natureza divina através de sua vida cristã, de seu ministério de ensino e cura. A Sra. Eddy explica, "Jesus representava o Cristo, a verdadeira idéia de Deus" (Ciência e Saúde, p. 316). Mais do que explicar o que Deus é, Jesus demonstrou que o Cristo é a emanação, cheia de poder, do próprio Deus. Cristo não é tanto uma explicação sobre Deus, mas de Deus. Cristo é a atividade de Deus que torna conhecida Sua natureza, Sua presença, Seu amor, Sua força.
Esse fato é estímulo poderoso para aqueles que estão procurando livrar-se da doença, da tristeza, da dor ou do vício. Mais seguro do que o desabrochar dos narcisos é a atividade do Cristo na consciência, elevando o coração humilde a ponto de saber, de intuir espiritualmente, substituindo a dúvida e o desânimo pela convicção e cura.
Quando uma de nossa filhas era bem pequena, despertou certa manhã com os sintomas de resfriado. Ela andou um pouco pela casa, mas logo aparentou estar febril e um tanto ofegante. Peguei-a no colo e a acalentei.
Orei como nos ensina a Christian Science. Embora ainda fosse novata nisso, eu tinha certeza de um fato espiritual: essa pequena era criação de Deus. Eu estava convencida de que Sua criação é infalivelmente boa e de que Ele não dá nem permite nada dessemelhante de Si mesmo para Seus filhos — nada que seja ruim, injusto, doloroso ou que produza um resfriado. Essa convicção foi natural e com ela veio a assertiva: "Esse resfriado simplesmente não é real."
Em pouco tempo, minha filha desceu do meu colo e foi brincar. Os sintomas do resfriado desvaneceram-se diante dos meus olhos. A princípio, pensei que eu me tivesse enganado a respeito do resfriado. Mas não, eu tinha limpado o nariz dela mais de uma vez! A mensagem do Cristo foi suave, mas firme: "O resfriado simplesmente não é real." Não poderia mesmo ser real, se Deus é onipotente e Seu Cristo revela constantemente esse fato. Eu fiquei surpresa, reverente, contentíssima, grata.
Para mim, a lição dos narcisos reiterou o fato de que, enquanto os sentidos físicos não têm conhecimento da presença amorosa de Deus, através do sentido espiritual nós conseguimos ouvir a mensagem do Pai, dizendo-nos o que é real e bom. A criação de Deus é o que Ele sabe. Ela é totalmente harmoniosa, sempre bela, eternamente completa. Sou imensamente grata pelas lições dos "apóstolos florais".
