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Menores, criminalidade e o poder de um desejo justo

Da edição de abril de 2000 dO Arauto da Ciência Cristã


"O'dona, a senhora 'tava com medo de vir aqui?" O garoto sorria amigavelmente, mas com um certo tom de malícia na voz. Para dizer a verdade, eu havia sentido um pouco de apreensão, à medida que se aproximava o dia de eu falar a uns vinte adolescentes, num centro de detenção de menores. Eram jovens que haviam cometido crimes graves e eu não tinha muita certeza de como eles reagiriam, ao ouvir uma mulher falar sobre Deus e sobre a diferença que Ele poderia fazer na vida deles.

Afinal, por que iriam prestar atenção a mim, uma pessoa tão diferente deles? Além disso, havia a sugestão insistente de que talvez já fosse tarde demais. A maioria deles já estava embrenhada no mundo do crime. Para alguns, uns poucos momentos de desatino haviam mudado para sempre, e de forma aparentemente irreversível, o curso de sua vida, sem falar da vida das vítimas.

Contudo, nas semanas que haviam se seguido ao convite para falar nesse centro de detenção, minhas orações me haviam proporcionado uma certeza: Deus não os havia abandonado. A Mente divina, o Amor, que é a origem de todas as identidades e inclui todas elas, tinha um propósito para cada um desses garotos. Havia esperança para eles — esperança de aprender, de arrepender-se, de chegar a uma vida útil e proveitosa, ali mesmo onde estavam, no centro de detenção.

Como, porém, poderia eu convencê-los disso? É uma pergunta que muitos de nós fazemos: como alcançar aqueles que precisam de ajuda, mas que parecem estar tão longe de nós, ou tão perdidos no desespero, que aparentam total indiferença? É nesse ponto que importa compreender o poder de um desejo justo, como o desejo que eu estava sentindo de ajudar esses garotos. "O desejo é oração;" escreve Mary Baker Eddy, "e nenhuma perda nos pode advir por confiarmos nossos desejos a Deus, para que sejam modelados e sublimados antes de tomarem forma em palavras e ações" (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 1).

O desejo sincero de ajudar tem um potencial ilimitado, porque sua verdadeira origem está no Amor divino e infinito que é o próprio Deus. Aliás, um desejo justo é a evidência de que nós somos, em realidade, a manifestação desse Amor infinito. O Amor é a causa primária e universal, que atua continuamente no pensamento humano, transformando a vida, exatamente como a luz e o calor do sol transformam a semente em árvore. A compreensão de que nosso desejo de ajudar é o efeito do próprio Amor divino, dá-nos a autoridade de agir e de confiar em Deus quanto aos resultados.

Naquele dia, dirigindo-me aos garotos, não pude deixar de notar que sua linguagem corporal variava da curiosidade à apatia. Um pequeno grupo ficou de costas para mim, jogando cartas. Quando comecei a falar, porém, eu senti a convicção da presença atuante de Deus. Eu sabia que Ele estava me dando idéias específicas para que Sua mensagem de cura tocasse aqueles meninos.

O jogo de cartas foi interrompido; todos passaram a ouvir atentamente. Falamos de como a reforma e o respeito próprio brotam da compreensão de nossa verdadeira condição de filhos de Deus. A Bíblia promete: "Quem é filho de Deus não continua pecando, porque o Espírito de Deus age nele. E não pode continuar pecando, porque Deus é o seu Pai" (A Bíblia na Linguagem de Hoje, 1 João 3:9).

Vários garotos falaram com uma maturidade que me surpreendeu. Disseram que estavam contentes de terem sido detidos, porque tinham consciência de que precisavam aprender a viver uma vida melhor, antes de voltar à liberdade. Aqui estava um desejo justo, a oração deles, pensei comigo, a evidência de sua identidade de filhos de Deus, que eles jamais poderiam perder. O cuidado do Amor divino não pára, só porque foi cometido um crime. Ele está presente e ativo para confortar e curar a vítima, para despertar e reformar o criminoso. Nunca é tarde demais para quem quer que seja, sempre é tempo de ser receptivo ao amor vivificante de Deus. As calorosas expressões de agradecimento que recebi dos meninos, naquele dia, convenceram-me disso.


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