Eu tinha acabado de me mudar para um apartamento próprio, numa área movimentada de uma grande cidade e tinha boas expectativas para essa nova aventura. Meu horário de trabalho, entretanto, exigia que eu trabalhasse até tarde e não conseguia encontrar um estacionamento próximo a meu novo apartamento. Isso significava uma caminhada de vários quarteirões do estacionamento até em casa. Os amigos manifestaram preocupação, dizendo que não seria seguro para uma mulher andar sozinha tão tarde da noite. Quando eles comentaram, comecei a me sentir um pouco apreensiva com minhas caminhadas noturnas.
Na primeira noite, fiquei nervosa e decidi que na vez seguinte tentaria um itinerário mais iluminado. Após três noites e três itinerários diferentes, ainda olhava com ansiedade ao meu redor, para ver se alguém me seguia. As ruas arborizadas e encantadoras tinham se tornado subitamente sombrias e ameaçadoras, na escuridão.
Já em casa, na terceira noite, decidi que algo tinha de ser feito. Eu tinha três opções: continuar trocando de itinerários, mas ainda com medo; pedir para trabalhar somente no turno da manhã; ou volver-me a Deus em oração. As duas primeiras opções permitiriam que o medo me governasse e tivesse controle sobre mim. Desde a infância, eu havia me volvido a Deus, quando me defrontava com desafios e isso era o que realmente precisava fazer agora.
Na manhã seguinte, enquanto lia a Bíblia, uma sentença em Salmos atraiu minha atenção. Dizia: "Contudo, o Senhor, durante o dia, me concede a sua misericórdia, e à noite comigo está o seu cântico, uma oração ao Deus da minha vida" (Salmos 42:8). Comecei a me sentir mais em paz e lembrei-me de que as mesmas ruas, durante o dia, nunca tinham me parecido assustadoras. Portanto, perguntei-me, por que me sinto assim, à noite? Eu estava certa da presença de Deus durante o dia, mas tinha me deixado enganar, pensando que, de alguma maneira, Deus não estaria lá à noite. Aqui estava uma garantia de que o cântico de Deus estava comigo à noite. Mas o que é o cântico de Deus? Pensei sobre outros versículos em Salmos, que falam sobre o livramento de Deus e Seu braço protetor. Lembreime também desta declaração de Mary Baker Eddy: "Deus é Amor. Podemos pedir-Lhe que seja mais?" (Ciência e Saúde, p. 2). Esse era o cântico que estava sempre comigo.
Eu já tinha vencido o medo. Não iria ser levada a mudar-me por duvidar do cuidado de Deus
Cristo Jesus ensinou que Deus é nosso Pai amoroso. Um Pai amoroso não permitiria que Seus filhos ficassem com medo. Eu precisava compreender mais sobre Deus como Amor e sobre o fato de que o filho do Amor nunca pode ser separado de Sua proteção. Então eu poderia dizer, como João, que "o perfeito amor lança fora o medo" (1 João 4:18).
Naquela noite, caminhei para casa completamente livre do medo, sentindo-me segura numa compreensão mais completa de Deus. E, dentro de duas semanas, apareceu uma vaga no estacionamento em frente ao meu prédio.
Um ano mais tarde, um vizinho me disse que um amigo dele tinha sofrido um assalto à mão armada, recentemente, dentro do nosso prédio. Subi as escadas rapidamente e tranquei bem a porta. Meu primeiro pensamento foi: "Talvez já tenha morado aqui tempo demais. Talvez seja hora de mudar-me para outro lugar." Mas eu já tinha destruído essa sugestão de medo e perigo. Amava meu lar e não iria ser levada a mudar-me por um motivo errôneo, ou a duvidar do cuidado de Deus por todos os seus filhos.
Não senti mais medo. E nunca mais, nos cinco anos em que morei ali, ouvi falar de alguém ter sido abordado de maneira ameaçadora, na nossa rua.
