Reta Final Foram seguidas todas as regras do jogo. A arte de negociar parece uma corrida, disputada corpo a corpo na linha de chegada. Aí então o arranque do último minuto. Vitória! Parece muito animador ... até que tudo vai por água abaixo. A proposta não atinge bem o objetivo. O chefe tem um amigo a quem é dado o serviço. Você tem qualificações demais para o cargo. Ou não tem qualificações suficientes.
Competição. À primeira vista parece muito atraente, até mesmo emocionante. Mas, se você já esteve desempregado por meses seguidos ou trabalhou dia e noite para o lançamento de uma nova empresa ou para salvar um empreendimento que está falindo, a concorrência pode ser bastante desanimadora. Como uma moeda de duas faces, a competição pode ser tanto estimulante como assustadora. É muito alto o preço de se acreditar nela, isto é, de dar-lhe o poder de governar uma empresa ou uma carreira. Significa resignar-se a uma corrida numa montanha russa — com a incerteza que nos traz a crença de que nossas bênçãos e desilusões estejam sujeitas a esse fator ilusório chamado competição, em vez de alcançar o domínio sobre as várias facetas da própria experiência no trabalho. Mas, na verdade, podemos escolher quanto a estarmos ou não à mercê da competição.
Cristo Jesus nos deu a idéia básica, quando disse: "...buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas cousas vos serão acrescentadas" (Mateus 6:33). E ele nos disse exatamente onde encontrar esse reino: "O reino de Deus está dentro de vós" (Lucas 17:21). Em outras palavras, o reino de Deus está ao alcance de nossa consciência — a consciência do bem inesgotável, da vida abundante, do infinito e divino Amor, que não conhece limitação.
Buscar em primeiro lugar o reino de Deus é um excelente plano empresarial. Estabelece nossa carreira, ou empresa, no mais firme dos alicerces, sob o governo de Deus. Prevê o efeito que, a longo prazo, tem sobre o homem o fato de estar ele ocupado com os negócios de Deus, em vez de se ocupar incessantemente com as vitórias vãs de meramente ganhar dinheiro ou construir um império, desprovido do verdadeiro serviço a Deus e à Sua criação. E na medida em que mantivermos em mente um objetivo mais elevado, nossos negócios se desenvolverão de acordo com o plano de Deus — sob o governo do Princípio divino, e não ficarão à mercê da concorrência. Dessa forma, nós verdadeiramente mereceremos o dinheiro ganho e os negócios se concretizarão com sucesso.
Por outro lado, acreditar na competição, pode nos deixar cegos ao fato de que carreiras e negócios estão, na realidade, sob o governo de Deus. Por trás da crença em competição, há um exército de suposições que precisam ser contestadas, se desejarmos ter domínio sobre nossa vida. Estão incluídas nesse exército as noções de destino, chance, oportunidades perdidas; todas elas presumem que alguém precisa estar no lugar certo, na hora certa, para obter êxito. Da mesma forma, a noção de que é preciso ter uma "personalidade vitoriosa" a fim de ser bem sucedida, leva a pessoa a se medir por um padrão arbitrário, em relação aos outros. Há ainda uma outra suposição por trás da idéia de competição, que é a negação da abundância infinita do bem, do sucesso infinito, das infinitas oportunidades — em resumo, da promessa do reino de Deus. Embora essa lista não esteja completa, ela nos dá algum esclarecimento sobre os tipos de obstáculos ao sucesso que a crença em competição coloca em nosso caminho.
Isso não quer dizer que o espirito que acompanha a competição seja sempre ruim, se ele gerar um melhor produto ou serviço, a preços mais baixos. É possível, porém, manter esse espirito de competição sem ter uma motivação errônea. O motivo para se criar um melhor serviço ou produto não precisa ser o fato de alguma outra empresa estar ao nosso encalço na divisão do mercado. Uma melhoria no produto deve visar à glorificação de Deus e ao melhor proveito para Sua criação.
A competição pode ser tanto estimulante como assustadora. Buscar o reino de Deus é um excelente plano empresarial. Estabelece-nos no mais firme dos alicerces, sob o governo de Deus.
O ponto básico é que a competição, como força governante e determinante, não existe. É um falso motivador, uma emoção ilusória. Para nos livrarmos de suas garras, precisamos raciocinar sobre os fatores que supostamente orientam a competição, até ver que estes não são, na realidade, as leis que governam os negócios. É igualmente importante substituí-los pelos fatos espirituais que regem as transações, sob o governo de Deus. Dessa forma, podemos ter a certeza de que a empresa é governada pela lei de Deus e, portanto, já é abundantemente bem sucedida, não importando onde pareça estar nos gráficos de crescimento.
Mary Baker Eddy, autora de Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, escreve: "Se quiserdes conhecer o fato espiritual, podereis descobri-lo invertendo a fábula material, quer a fábula seja a favor ou contra — quer esteja de acordo com as vossas idéias preconcebidas, ou seja inteiramente contrária a elas" (p.129). Se atribuirmos à competição o nosso sucesso, tanto quanto se a culparmos pelo nosso fracasso, ela é verdadeiramente uma ficção e precisa, por fim, ser encarada como tal.
Alguns dos fatores mencionados anteriormente e que influenciam o resultado da competição, dão-nos um bom ponto de partida para reverter essa ficção, de tal forma que possamos ver o fato espiritual. Um dicionário define destino como "a causa ou vontade principal ou determinante, através da qual, acredita-se, as coisas em geral vêm a ser como são, ou os fatos vêm a acontecer como acontecem; qualquer coisa que esteja destinada ou inevitavelmente designada para alguém." Invertendo essa crença em destino, sabemos que ele nāo é a causa ou vontade principal ou determinante através da qual o bem ou o mal vêm a acontecer. Como podemos ter certeza disso? Porque o único Princípio e causa do bem é Deus e, sendo Ele infinito, o bem tem de ser infinito também, o que não deixa espaço para nenhuma espécie de mal. O futuro de uma empresa ou de uma carreira não está nas garras do destino, mas nas ternas mãos do único Deus.
Pode ser um pouco mais difícil reverter a falácia de que a personalidade é o fator determinante no sucesso nos negócios, pois muitas vezes esse pretenso fator pode parecer vantajoso, principalmente quando se trata de uma personalidade carismática. No entanto, esse aspecto da competição também precisa ser revertido, porque ele nega a promessa de oportunidades infinitas no reino de Deus, ao associar o bem a personalidades estereotipadas. A crença é mais ou menos esta: o bem na vida de uma pessoa depende das "cartas" que recebeu ao nascer. Se isso fosse verdade, contudo, significaria que, por justiça, Deus deveria ter sido redundante em Sua criação, "fabricando" apenas "personalidades vitoriosas". Mas isso negaria a infinita individualidade expressa na criação de Deus e a rica gama de qualidades que dela resulta. Nem mesma dois flocos de neve ou dois grãos de areia são iguais. Por que então não existir diversidade entre homens e mulheres que trabalham?
Permanece o fato espiritual de que o reino de Deus está dentro da consciência de cada uma e de todas as idéias que Ele cria. Quando buscamos esse reino, temos a promessa de que "todas estas cousas serão acrescentadas", ou seja, a abundância infinita do bem, as infinitas oportunidades, o infinito sucesso no cumprimento do propósito de Deus para cada um de Seus filhos. Não é preciso forçar para que essa promessa se concretize, nem mesmo precisamos esperar por ela, como sugere a competição. Em vez disso, podemos reivindicá-la por ser nosso direito inato como filhos de Deus, dar nosso consentimento e elevar o pensamento acima da crença em competição, para o cumprimento da promessa no tempo determinado por Deus, aqui e agora.
