Você acha que qualquer semente precisa de certas condições apropriadas para germinar, transformar-se e dar fruto? Isso pelo menos é o que constatamos em nosso jardim. Pouca água ou água demais, pouca luz ou muito vento, tudo parece influir.
A palavra de Deus, porém, é uma semente que tem em si mesma o poder, a eternidade, a vitalidade que fazem parte do próprio Deus. Ela não depende de condições materiais para abençoar, elevar, inspirar os Seus filhos amados, que somos nós. Eu digo isso porque foi o que aconteceu comigo.
Várias décadas atrás, quando eu estava casada havia quatro anos e tinha um filho de dois, surgiram diversos problemas em nossa jovem família e o convívio com meu marido ficou bastante difícil. Como nós éramos membros de uma igreja protestante, procurei aconselhar-me com o pastor. Este me disse que aquela era uma cruz que eu deveria carregar com resignação. Meus pais, pelo contrário, achavam que eu deveria me separar e até consultaram um advogado. Eu estava bastante confusa sobre o que fazer e sentia muita responsabilidade com relação ao meu filhinho.
Apesar de eu não ter muito estudo, pedi e consegui um emprego num colégio interno para meninas e moças, onde poderia morar com meu filho. Ficava em outra cidade e isso me possibilitaria afastar-me de meu marido. Comuniquei-lhe minha decisão e ele ficou bastante magoado.
Na noite anterior à minha partida, veio-me claramente a idéia de pedir à minha mãe o livro Ciência e Saúde, de Mary Baker Eddy, que estava ali em casa havia anos, mas que eu nunca lera. Minha avó, que morava na Alemanha, o havia dado à minha mãe, por ocasião de uma visita nossa, quando eu tinha uns oito anos. Ela fora muito beneficiada pelo estudo desse livro e, em suas cartas, sempre nos falava de Deus e de Seu amor e cuidado. Minha mãe, porém, me desencorajou: ao entregar-me o livro, ela disse que era muito difícil. Peguei-o, assim mesmo.
No colégio, meu trabalho consistia em cuidar de vinte meninas entre oito e doze anos de idade. À noite, depois que elas adormeciam, eu ia para meu quarto, onde meu filhinho também dormia, e dedicava-me à leitura de Ciência e Saúde. As idéias ali contidas acalmavam meus pensamentos e aliviavam o pesar que sentia pela minha situação. Muitas e muitas vezes eu relia frases, parágrafos, páginas, até estar pronta para trilhar a nova seqüência de idéias e progredir na compreensão espiritual. A leitura do livro, todas as noites, trazia-me luz e esperança. Li e reli diversas vezes os três primeiros capítulos. Cheguei à certeza de que poderia aprender a amar e a perdoar de verdade. Sem me dar conta, eu estava orando e disciplinando meu pensamento, através daquela leitura.
O colégio era mantido por uma denominação religiosa e, ali dentro, não eram admitidas idéias que não fossem ortodoxas. Certa vez, uma professora veio ao meu quarto e viu o livro Ciência e Saúde à minha cabeceira. Começou imediatamente a falar contra a Christian Science e depois até trouxe diversas revistas religiosas para me fazer desistir da leitura de Ciência e Saúde. Mas aquilo não me impressionou nem um pouco. O verdadeiro conceito de amor que, aos poucos, eu ia vislumbrando, impulsionou-me a continuar meu estudo.
Nas férias de inverno, já como resultado de meu progresso espiritual, senti o desejo de procurar meu marido. Não foi fácil descobrir seu paradeiro, mas o encontrei; sentia que estava sendo dirigida por Deus. Recebeu-me com frieza, mas pediu para ver nosso filho e eu percebi que ele também estava sofrendo com a situação.
Meses mais tarde, numa completa reviravolta de atitude, meus pais convidaram meu marido a morar com eles. Eu ainda continuei a trabalhar no colégio por mais um ano. Segui o estudo de Ciência e Saúde, absorvendo cada vez mais seus ensinamentos, mesmo sem conhecer outros Cientistas Cristãos que pudessem me ajudar. Por fim, deixei o emprego e voltei para o meu marido. Os conceitos espirituais sobre Deus e o homem, que eu havia aprendido até então, deram-me nova coragem e ajudaram-me a ter uma atitude mais desprendida.
Não muito tempo depois, meu marido entregou-me as chaves de nosso novo lar. Fomos morar numa cidade onde havia um grupo de Cientistas Cristãos, que se reunia para ler a Lição Bíblica semanal, numa casa particular. Mesmo sem conhecer ninguém, senti-me bem e decidi ir buscar meu filho para que ele assistisse à aula na Escola Dominical que eles mantinham. Ali havia também uma praticista da Christian Science. Tornei-me membro e acompanhei o progresso do grupo, que cresceu até formar a igreja filial onde, até hoje, tenho o privilégio de estar ativa.
Meu marido e eu desfrutamos várias décadas de companheirismo e ajuda mútua, e às vezes penso como teria sido difícil e quanto bem eu teria deixado de usufruir, se tivesse continuado naquela maneira obstinada de seguir o meu caminho. Como diz a Sra. Eddy: "A Ciência inevitavelmente eleva mais alto o nosso ser na escala da harmonia e da felicidade" (Ciência e Saúde, p. 60).
Aquela semente que minha avó semeou, ao dar-nos o livro-texto da Christian Science, germinou e deu fruto, ainda que tenha sido muitos anos depois. E foi uma semente forte, que venceu a sugestão de que se tratava de um livro difícil; resistiu à oposição dos preconceitos contra a Christian Science; e brotou mesmo sem haver nenhum Cientista Cristão por perto, para regá-la e cultivá-la pessoalmente. Eu tenho para mim, contudo, que as orações de todos os Cientistas Cristãos estavam produzindo efeito, estavam apoiando a mensagem de forma impessoal. "...Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo", diz a Bíblia (Tiago 5:16). E muito pode, por sua força, a palavra de Deus.
