O Arauto conversou recentemente com a esquiadora da modalidade de "cross-country", sobre a aventura espiritual dos esportes e sobre sua preparação para os próximos jogos olímpicos de inverno.
Arauto: [Nome omitido a pedido do autor], como você começou a esquiar na modalidade "cross-country"?
[Nome omitido a pedido do autor]: Bem, por muito tempo meu pai tentou me convencer a fazer isso. Então, quando eu estava na sétima série, alguns amigos, por um dos quais eu estava apaixonada, decidiram tentar esse esporte. De repente, eu também fiquei interessada. Foi por essa razão que eu comecei a esquiar, mas depois levei isso mais a sério, porque eu gostei do desafio que é esquiar; era um esporte que me obrigava a fazer coisas que eu nunca me julgara capaz de fazer. Muitos esportes nos desafiam também, mas eu gostei do esqui porque tudo é muito silencioso, no meio das florestas. Depois de uma tempestade de neve, então, fica realmente muito calmo. A neve faz aquele chiado debaixo dos esquis e parece que você está dançando e voando, ao mesmo tempo.
Arauto: Quando você começou a competir?
[Nome omitido a pedido do autor]: Eu me juntei a um grupo de jovens esquiadores, logo no início, e nós participávamos de pequenas competições de aproximadamente uma milha. Eu realmente gostava dessas corridas porque era divertido, todas as semanas, competir com vários amigos meus. Era um bom desafio tentar melhorar cada vez mais, fazer um pouco melhor do que na semana anterior.
Arauto: Como chegou a ver que esse esporte poderia ser uma atividade séria?
[Nome omitido a pedido do autor]: Eu adorava assistir às Olimpíadas, quando era criança, e sempre quis participar delas. Ao melhorar como esquiadora, comecei a pensar que talvez tivesse essa chance. Há aproximadamente três anos, empenhei-me para me qualificar para a equipe olímpica dos Estados Unidos.
Arauto: Como pode prosseguir nos estudos alguém que quer treinar para as Olimpíadas?
[Nome omitido a pedido do autor]: Bem, eu parei de ir à escola em tempo integral e comecei a freqüentar a faculdade apenas dez semanas por ano. O resto do tempo eu dedico ao esporte. Tenho um técnico russo, no estado de Minnesota (EUA) e lá nós temos um grupo de treino. Temos sessões duas ou três vezes por dia, de junho a novembro, e depois viajamos pelo país para participar de competições. Às vezes, eu até tenho a oportunidade de ir ao exterior, durante o inverno, para competir.
Arauto: Para você, o que há de tão especial nas Olimpíadas?
[Nome omitido a pedido do autor]: Para mim, a hora em que o vencedor está no pódio é apenas uma pequena parte. O que é atraente não é somente quando você chega lá, mas quando vence as pequenas batalhas diárias no treino e na competição.
Arauto: E o que significa ganhar?
[Nome omitido a pedido do autor]: Na verdade, já descobri que você pode ganhar de alguém e mesmo assim não se sentir satisfeita. A verdadeira satisfação vem quando você percebe que fez o melhor possível. Você vence a resistência de fazer o melhor que pode e começa a lutar contra as outras dificuldades.
Arauto: Sabemos que o progresso espiritual é muito importante para você. Como o esporte a ajuda nesse aspecto?
[Nome omitido a pedido do autor]: Em quase todas as corridas, eu penso: "Acho que não vou conseguir continuar. Não vou conseguir ir mais rápido. Não vou agüentar." Às vezes me entrego a esses pensamentos. Mas, quando começo a pensar em como Deus é poderoso e que Ele está ali mesmo, me ajudando, eu compreendo que não devo aceitar esses pensamentos negativos. É recompensador e estimulante ser capaz de superar essas limitações.
Arauto: A compreensão de seu relacionamento com Deus, a ajuda de alguma forma?
[Nome omitido a pedido do autor]: Sim, com certeza. Na verdade, eu tive uma experiência que me provou isso claramente. No verão passado, por duas ou três semanas, eu não conseguira treinar, mas estivera orando bastante e lendo a Bíblia e Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, e vinha tentando compreender melhor que eu sou o ser espiritual que Deus fez. Tivemos de fazer um teste com a equipe de esqui e foi feito com esquis de rodinhas, que são aqueles que você pode usar na estrada. Foi o mesmo teste que eu tivera de fazer no ano anterior; eu tinha feito uma corrida tão boa que não pensei que dessa vez pudesse superar meu tempo anterior, pois não havia treinado muito.
Arauto: Qual era a distância dessa corrida?
[Nome omitido a pedido do autor]: Era uma prova preliminar de oito quilômetros. O último quilômetro é uma extensa colina íngreme e o sol bate bem nos olhos. Só de olhar para aquela montanha enorme, dá vontade de deitar no chão!
Arauto: Bem, o que aconteceu nesse dia?
[Nome omitido a pedido do autor]: Eu estava tão inspirada com as idéias elevadas que obtivera com o estudo e com a oração daquelas últimas semanas, que não me preocupei com o fato de não ter treinado muito. Eu fui em frente e tentei dar o máximo de mim mesma. Procurei fazer o melhor que podia e pensei no que é possível para Deus, em vez de pensar no que era possível para mim. Como somos todos o reflexo de Deus, nós nos movemos com a Sua força. Essa idéia abriu meu pensamento para as grandes possibilidades de cada um de nós. Eu realmente adorei participar da corrida e, no fim, meu tempo foi um minuto e onze segundos melhor do que havia conseguido no ano anterior, o que representa um grande pulo. Foi tão legal ver que a inspiração espiritual teve efeito concreto no meu desempenho!
Arauto: Quando competimos em qualquer esporte, sempre há conflitos ou ciúmes entre os colegas de equipe e os adversários. Como você lida com isso?
[Nome omitido a pedido do autor]: Neste inverno acho que realmente melhorei nesse aspecto. Eu queria muito participar de uma determinada corrida e, por isso, estava treinando bastante. Uma garota bateu meu tempo por boa margem e eu não conseguia entender por quê. Eu me perguntava por que ela conseguira esquiar mais rápido do que eu. Finalmente percebi que ela recebia os dons da mesma fonte da qual eu os recebo, isto é, Deus, e eu era capaz de compreender e provar isso tanto quanto ela. Parei de sentir mágoa e fiquei muito contente por poder correr com ela e com as outras garotas. No dia seguinte, tivemos outra corrida. Ao pensar que nós duas temos as qualidades que são tão importantes no esqui, o u seja, força, determinação e perseverança, consegui cortar pela metade a vantagem que essa garota tinha sobre mim. Acho que isso certamente teve a ver com a minha oração. Daí em diante, passei a considerar as corridas como grandes eventos, com todas aquelas mulheres fortes transpondo algumas dessas limitações físicas. Deixei de sentir ciúmes e de me comparar com as outras, e competir ficou muito mais divertido.
Arauto: Você já teve de lidar com algum machucado ou contusão?
[Nome omitido a pedido do autor]: Certa vez caÍ dos esquis de rodinhas e bati os joelhos com toda força contra o asfalto. Isso causou um problema nos joelhos. Quando começava a correr, eles doíam cada vez mais. A parte inferior da perna parecia que ia se separar do joelho, mas eu procurava agüentar firme. Mas, continuou piorando, piorando e, finalmente, depois de muitos meses, eu decidi que não era certo continuar daquele jeito. O que emperrava meu pensamento era a pergunta: "O que é que Deus pode fazer para emendar os meus joelhos? Não vejo como a oração pode devolver algo que está faltando nos joelhos." Então percebi como era bobo pensar no assunto, partindo daquele ponto de vista, pois orar não significa conseguir mais matéria, ou qualquer tipo diferente de matéria, e pô-la no corpo. Orar é compreender que somos espirituais, já perfeitos e intactos, tão perfeitos quanto Deus. Depois disso, não tive mais nenhum problema com os joelhos. É realmente muito bom compreender que eu não devo ver a mim mesma imperfeita, tentando conseguir a ajuda de Deus para ficar perfeita. Deus apenas nos revela que já somos perfeitos.
Arauto: O problema do joelho foi curado com a sua oração?
[Nome omitido a pedido do autor]: Claro que foi!
Arauto: Ótimo! E agora você está treinando para entrar na equipe olímpica dos Estados Unidos?
[Nome omitido a pedido do autor]: Estou, espero participar das Olimpíadas de Inverno de 2002.
Arauto: Esse é um excelente objetivo. Você considera isso como uma contínua aventura espiritual?
[Nome omitido a pedido do autor]: Sim, com certeza. Faz algumas semanas que o meu técnico me perguntou: "Essa religião sua é para o resto da vida, ou só para agora?" Eu disse: "Sim, Nikolai. É para o resto da minha vida." A experiência com os esquis me ajuda a aprender mais sobre a Christian Science. Ela me mostra quais são as possibilidades do homem como idéia espiritual de Deus. Mas a descoberta continuará depois da experiência de esquiar. Não tenho certeza como vai ser, mas confio em que Deus me mostrará, na hora certa.
Arauto: Nós vamos torcer por você!
