No segmento anterior, Jesus começou a falar sobre a destruição do Templo e sobre o final dos tempos. Os discípulos queriam saber logo "quando" aconteceriam as coisas a que Jesus se referia e o que eles deveriam esperar. O Mestre continua a falar sobre os últimos dias.
13:9-13 Ainda falando aos discípulos, Jesus os adverte: Estai vós de sobreaviso. Ser discípulo implica sofrimento. Analise esta "descrição de cargo" referente aos discípulos: eles serão entregues aos tribunais e às sinagogas; serão açoitados, precisarão comparecer à presença de governadores e reis, por... causa dele, para Ihes servir de testemunho. Eles seriam punidos tanto pelos judeus quanto pelos gentios! Contudo, a sua tarefa principal estava claramente definida: é necessário que primeiro o evangelho seja pregado a todas as nações por amor de Jesus. E eles não seriam abandonados. Quando fossem entregues, não deveriam se preocupar com o que haveriam de dizer, porque eles falariam o que lhes fosse concedido no momento; pois não seriam eles que iriam falar, mas o Espírito Santo. A promessa não é a de que eles evitariam essas provações, mas de que teriam a força necessária para serem testemunhas fiéis. Contudo, o fato de serem testemunhas faria com que houvesse graves dissensões em família: um irmão entregará morte outro irmão, e o pai, ao filho; filhos haverá que se levantarão contra os progenitores e os matarão. Sereis odiados de todos por causa do... nome de Jesus. A única informação animadora era a de que aquele, porém, que perseverar até ao fim, esse será salvo.
13:14-20 Em seguida, Jesus fala sobre um sinal que deve ser esperado. Haverá uma hora em que eles verão o abominável da desolação, algo que talvez seja uma imagem idólatra, ou uma pessoa profanando o Templo, que é mencionado pelo profeta Daniel, situado onde não deve estar, do lado de dentro. Ver Daniel 9:27; 11:31; 12:11. Essa será a exata personificação do mal, o anticristo, o símbolo do mal no mundo. Quando isso acontecer, todos devem abandonar imediatamente a Judéia e fugir para os montes. Se alguém estiver em cima, no eirado, não desça nem entre para tirar da sua casa alguma coisa para levar. Nos versículos seguintes, continua a descrição terrível, que assume um tom assustador. Mas novamente, nem tudo está perdido, pois aqueles dias foram abreviados, limitando o sofrimento, por causa dos eleitos. Deus prevalecerá e o mal será derrotado.
13:21-23 Tendo observado o sinal, contudo, os eleitos precisam ainda ser cautelosos com aqueles que apregoam os falsos ensinamentos. Se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! Ou: Ei-lo ali! Não acrediteis; pois surgirão falsos cristos e falsos profetas, operando sinais e falsos profetas, operando sinais e prodígios, para enganar, se possível, os próprios eleitos. Nesse período será preciso ser muito fiel e não se deixar iludir. Os discípulos são advertidos para que fiquem em guarda, de sobreaviso. Por Jesus lhes ter predito essas coisas, eles deverão compreender que não devem temer os acontecimentos. Eles podem se manter firmes, sabendo que o plano de Deus está sendo cumprido.
13:24-27 O ato final acontecerá após a referida tribulação, pois o sol escurecerá, a lua não dará a sua claridade, as estrelas cairão do firmamento, e os poderes dos céus serão abalados. Não fica muito claro se essas palavras devem ser interpretadas literal ou metaforicamente. Então, verão o Filho do Homem vir nas nuvens, com grande poder e glória. E ele enviará os anjos e reunirá os seus escolhidos dos quatro ventos, da extremidade da terra até à extremidade do céu. Se essa explicação deve responder à pergunta sobre "quando" aconteceriam as coisas referidas por Jesus, ela certamente suscita outras tantas perguntas sobre "o que" deve acontecer. Mas essas perguntas não são respondidas no livro de Marcos. Contudo, uma segurança maravilhosa para aqueles que perseverarem é que, quaisquer que sejam as provações e tribulações pelas quais possam estar passando, eles terão a sua recompensa, quando o Filho do homem vier com poder. Então tudo terá valido a pena.
13:28-31 Na próxima seção, Jesus utiliza a parábola da figueira para afirmar que a tribulação não é o fim. Quando já os seus ramos se renovam, e as folhas brotam, sabeis que está próximo o verão. Da mesma forma, quando virem acontecer estas coisas, saberão que está próximo, No Evangelho de Lucas (21:31) é acrescentada aqui a expressão "o reino de Deus". às portas. Será uma éopca de alegria e esperança, como a vida nova que surge na figueira.
Ele então acrescenta: Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que tudo isto aconteça.
13:32-37 A próxima seção reitera que o dia e hora ninguém sabe. Ninguém sabe "quando", nem os anjos no céu, nem o Filho, senão o Pai. Todos devem ficar alerta. Eles devem sempre estar de sobreaviso, vigiar e orar. Eles não sabem quando será o tempo. Quando vierem os sinais, será tarde demais para se preparar. Jesus ratifica esse ponto com outra parábola, na qual o Filho do homem é como um homem que, ausentando-se do país, deixa a sua casa, dá autoridade aos seus servos. Cada um tem a sua obrigação, uma instrução a seguir e ao porteiro é ordenado que vigie. Todos sabem que o dono voltará algum dia, talvez à tarde... à meia-noite... ao cantar do galo... ou pela manhã. Não era costume viajar à noite, mas as palavras de Jesus ilustram o fato de as coisas serem imprevisíveis e a necessidade de se estar preparodo em todas as ocasiões para que, vindo ele inesperadamente, não encontre os servos dormindo, desapercebidos, sonolentos, ineficientes, ociosos: termos que definem o oposto da fidelidade e do discipulado. Embora Jesus esteja se dirigindo aos discípulos, ele diz: O que, porém, vos digo, digo a todos: vigiai!
Nas partes seguintes, saberemos como os discípulos receberam essa mensagem. Será que eles poderiam "vigiar"? Estariam eles sempre preparados? Ao começar a narrativa da paixão de Jesus, algumas das respostas a essas perguntas serão tristes.
