“O conhecimento dos textos originais e a disposição de abandonar as crenças humanas (estabelecidas por hierarquias e instigadas às vezes pelas piores paixões dos homens), abrem o caminho para que a Ciência Cristã seja compreendida, e fazem da Bíblia o mapa náutico da vida, no qual estão assinaladas as bóias e as correntes curativas da Verdade” (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 24).
No espírito dessas palavras de Mary Baker Eddy, oferecemos as seguintes anotações relativas às Lições Bíblicas deste mês, publicadas no Livrete Trimestral da Christian Science.
1 – 7 de outubro
A IRREALIDADE
Vinde, ó casa de Jacó, e andemos na luz do Senhor. (Isaías 2:5)
“Casa de Jacó” é outra forma de chamar o povo de Israel. Na linguagem simbólica da Bíblia, “andar na luz” significa “viver de acordo com a realidade”, pois com a luz é possível enxergar a realidade.
No tempo aceitável, eu te ouvi e te socorri no dia da salvação; guardar-te-ei e te farei mediador da aliança do povo, para restaurares a terra e lhe repartires as herdades assoladas... (Isaías 49:8)
Na época desse profeta, a nação de Israel vinha de um período de duzentos anos de guerras, invasões, deportações para a Assíria e a Babilônia, de modo que a terra estava abandonada e era praticamente impossível estabelecer que herdade pertencia a que família. Daí a promessa de que as terras seriam novamente repartidas entre o povo.
Fazei tudo sem murmurações nem contendas... (Filip. 2:14)
Um comentarista dá a seguinte interpretação desse texto: “Fazei o que é de vosso dever fazer sem murmurar contra ele, sem achar nele motivo de insatisfação. Fazei vosso trabalho sem contender com ele. Não brigueis com o vosso trabalho.”
8 – 14 de outubro
SÃO REAIS O PECADO, A DOENÇA E A MORTE?
Os meus olhos se elevam continuamente ao Senhor, pois ele me tirará os pés do laço. (Salmos 25:15)
Os laços foram sempre usados, desde os tempos pré-históricos, para caçar animais. No Antigo Testamento, esse costume é mencionado em sentido figurado para indicar as artimanhas dos inimigos. Um comentarista define o laço como “as amarras e as dúvidas que acompanham tanto os problemas como o pecado”. Uma outra tradução moderna diz simplesmente: “...ele me salvará do perigo”.
O Senhor, tenho-o sempre à minha presença; estando ele à minha direita, não serei abalado. (Salmos 16:8)
Uma tradução moderna traz esse versículo assim: “Eu estou sempre consciente da presença do Senhor. Como ele está perto de mim, nada me abala”.
Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça. (Romanos 6:14)
Um comentarista explica que “estar debaixo da lei” significa evitar o pecado por medo das penalidades que a lei estabelece. Esse medo não tem força para manter o homem no caminho do bem. Apenas a união com Cristo pode dar ao homem o domínio sobre o pecado. Outro comentarista observa que a inspiração do cristão não provém do medo por aquilo que Deus lhe fará se pecar; pelo contrário, o que inspira o cristão é aquilo que Deus já fez por nós, ou seja, Sua graça.
15 – 21 de outubro
A DOUTRINA DA EXPIAÇÃO
Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo... (Romanos 5:1)
No sentido bíblico, “justificados” significa “tornados justos” e descreve o estado de um bom relacionamento com Deus. É um tema recorrente nas epístolas de Paulo e tem a ver com a questão do domínio sobre o pecado. O que Paulo enfatiza é que esse domínio, ou seja, a salvação, não é fruto de ações humanas, mas sim, da receptividade à graça divina. A fé seria, portanto, essa receptividade e confiança na ação divina.
Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus.. . (Hebreus 10:19)
No sagrado Templo dos hebreus, desde o tempo de Moisés, quando o Templo era apenas uma grande tenda, havia um lugar reservado, no centro, chamado Santo dos Santos, onde era guardada a Arca com as tábuas da lei. Entrar nesse lugar significava para eles estar na presença do Senhor. Só o sumo sacerdote podia entrar ali, uma vez por ano, e oferecer sacrifícios a Deus em favor de todo o povo. Nesse versículo, o autor da Epístola aos Hebreus exorta os cristãos a entrar sem medo no Santo dos Santos. Isso, porém, em sentido figurado, querendo significar que, pelos ensinamentos de Jesus, todos têm o mesmo direito de estar na presença de Deus e não há necessidade da intermediação de um sacerdote.
Por isso, cingindo o vosso entendimento, sede sóbrios e esperai inteiramente na graça que vos está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo. (1 Pedro 1:13)
Para o mundo da época, “cingir-se” significava pôr um cinto a fim de segurar as bordas da túnica para poder trabalhar sem que a longa vestimenta incomodasse. Eqüivale ao nosso “arregaçar as mangas”. Portanto, o que o apóstolo está dizendo aqui poderia ser parafraseado assim: “Arregaçando as mangas em vosso entendimento...” ou “Pondo o vosso entendimento a trabalhar...”
22 – 28 de outubro
PROVAÇÃO APÓS A MORTE
Tornai-vos à sobriedade, como é justo, e não pequeis... (1 Cor. 15:34)
O verbo grego aqui traduzido como “tornar-se à sobriedade” significa mais exatamente “acordar de um estado de estupor”.
...num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. (1 Cor. 15:52)
No decorrer de todo o Antigo Testamento, vemos que os hebreus eram sempre chamados pelo som da trombeta a presenciar acontecimentos importantes, como quando foram dados os Mandamentos (Ex. 19:13), quando foi trazida a arca (Josué 6:13) e quando foram derrubados os muros de Jericó. Tocavam-se as trombetas também para as solenidades religiosas. Por isso o Novo Testamento continua com a mesma imagem de trombetas anunciando a vitória final sobre a morte e o cumprimento da lei divina.
...então, se lhes abriram os olhos, e o reconheceram... (Lucas 24:31)
Esse fato nos faz lembrar do que aconteceu com o servo de Eliseu (ver 2 Reis 6:15-17), cujos olhos se abriram para ver os cavalos e carros de fogo prontos para defender o profeta. A visão espiritual passa a ver aquilo que a visão mortal não consegue ver.
Bibliografia
The One Volume Bible Commentary, J. R. Dummelow
The Daily Bible Study Series, William Barclay
The Interpreter's Bible
Commentary on the Old and New Testaments, Jamieson, Fausset, and Brown
Strong's Exhaustive Concordance of the Bible
Novo Comentário Bíblico Contemporâneo, Craig A. Evans
