Naquela tarde de verão, eu havia deixado janelas e cortinas abertas enquanto revisava um texto e mandava e-mails para meus amigos. Do meu quarto podia ver duas garotinhas, que deviam ter uns dois anos, brincando de corrida com seus triciclos.
“Ganhei! Ganhei! Ganhei!”, gritou a pequena Maggie, avançando rapidamente pelo caminho demarcado até tocar o portão.
Siena, a outra garota, não disse nada. Limitou-se a prestar atenção às palavras de Maggie e continuou no seu ritmo, até o final.
“Ganhei! Ganhei!”, ela gritou ao tocar o portão. Siena tinha um olhar de satisfação e um grande sorriso nos lábios.
Fiquei esperando para ver o que Maggie diria à Siena. Então ouvi:
“Nós duas ganhamos”, ela disse. E continuaram a brincar e a rir lá fora, ao sol, durante o resto da tarde. Nenhuma das garotas chorou por não ter ganhado a corrida. Não houve ciúme e nem vontade de ser a única vencedora, e as duas garotas ficaram muito satisfeitas com o resultado da competição.
Isso me fez lembrar de uma época em que vendi barras de chocolate para angariar fundos para uma escola de ensino fundamental. A única coisa que eu queria era ser a melhor vendedora. Eu sentia que estávamos eu, de um lado, e todas as outras crianças do outro. Eu fazia tranças nos cabelos para ficar mais graciosa, preparava minha argumentação de vendedora e percorria as ruas até o entardecer. Eu tinha me tornado uma verdadeira craque no assunto, vendendo 397 barras numa única semana. Infelizmente, os pais de minha maior rival, que trabalhavam numa grande empresa, ajudavam-na, vendendo montanhas de barras para ela. Por isso, eu tinha de me empenhar muito nas vendas!
Arrisquei minha vida tentando vender mais. Certo dia, subi dois grandes lances de escada para bater à porta de uma casa. Não havia ninguém, ou melhor, havia somente dois cães enormes, que me olharam e começaram a latir furiosamente. Desci as escadas correndo, enquanto dizia, ao mesmo tempo, “Deus é Amor” e “cachorros bonzinhos”. Fiquei tão apavorada que mal podia respirar.
Como continuasse motivada para vender, ainda tentei algumas outras casas. Finalmente, exausta pela corrida, fui para casa e contei à minha mãe o que havia acontecido; disse-lhe também que gostaria de ter vendido mais chocolates naquele dia. Ela me consolou, mas também me disse para ter cuidado com relação ao fato de ser tão competitiva.
Ao observar as duas garotinhas, chequei à seguinte conclusão: ser parte da criação não é uma competição. Fomos todos criados por um Deus que nos ama, nos quer bem e tem um lugar para nós. Todos somos criados espiritualmente, não para competir, mas para sermos completos. Cada um de nós é uma unidade perfeita da criação de Deus e trabalhamos juntos para louvá-Lo. Não estamos competindo uns com os outros. Cada unidade acrescenta à outra. Sem cada um de nós, Deus não teria uma expressão completa.
Durante as muitas aulas de dança, canto e interpretação que tive, os instrutores costumavam dizer: “Descubra sua própria voz, seus próprios dons e talentos. Não tente cantar como Barbra Streisand. O mundo já tem o original. Descubra as qualidades que a fazem ser única, e, então, compartilhe essas qualidades com o mundo.”
Então, como nos tornar o melhor que podemos?
A inclinação espiritual das pessoas é o que promove seu verdadeiro sucesso na vida. Todo o dinheiro e talento do mundo não podem comprar essa inclinação espiritual, mas a comunhão com Deus, que é a Mente divina, supre essa inclinação com naturalidade. Mary Baker Eddy nos diz em Ciência e Saúde: “O mundo desmoronaria sem a Mente, sem a inteligência que encerra os ventos nos seus punhos” (p. 209).
Ter aquela Mente significa ter Deus e ter espiritualidade. Isso lhe permite derrotar tudo o que procura sugerir que você é um perdedor. Toda vez que, mediante a convicção de que somos tão bons quanto Deus nos criou para ser, conseguimos subjugar o orgulho ou a insegurança que querem nos impulsionar, obtemos curas, resolvemos problemas e temos satisfação. A satisfação é espiritual.
Você quer sentir aquela pressão de competir com milhões de pessoas através dos séculos, por coisas como ter seu nome no jornal da escola ou receber o prêmio de Melhor Vendedora de Barras de Chocolate? Ou você quer aceitar seu próprio desafio de ser a pessoa de maior sucesso espiritual que puder ser?
Ao chegar ao portão, será que você vai estar assustada e sem fôlego, ou vai gritar com alegria “Ganhei!”?
