Eu sempre me imaginei sendo pedida em casamento em circunstâncias bem realistas. Nada de jantar à luz de velas ao som de violinos. Sem romantismo. Eu queria ter a certeza de estar tomando uma decisão correta, baseada na realidade, que resultasse num relacionamento duradouro.
Durante anos, namorei rapazes muito bons e simpáticos. Mas, no final, sempre algum de nós admitia que o relacionamento não estava dando certo e que cada um deveria seguir seu caminho. Eu me recusava a considerar a possibilidade de não vir a me casar. Mas o problema era: Onde será que ele está?
Então, certo dia, combinei esquiar com um amigo que era casado, e que levaria um amigo dele, que era solteiro. Não se tratava de um encontro arranjado. Acontece que nós três tínhamos a segunda-feira livre e queríamos aproveitar o dia esquiando.
No dia anterior, enquanto assistia ao culto dominical na igreja, eu pensava no passeio, e orava: “Por favor, meu Deus, não permita que eu seja tola! Não permita que eu me entusiasme ou que faça um papel ridículo. Eu só quero esquiar, divertir-me e não quero me preocupar com o fato de esse rapaz gostar ou não de mim!” E eu estava sendo sincera nisso.
Naquele momento, foi lido do púlpito um versículo da Bíblia que chamou minha atenção: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança” (Tiago 1:17). Percebi, então, que o que eu queria era que meu casamento fosse uma dádiva, um presente de Deus.
Essa era uma idéia completamente nova para mim! Concluí que somente Deus, o Criador e Pai de todos nós, sabe quem fomos, quem somos agora e quem seremos daqui a quarenta anos. Somente Ele poderia saber qual o melhor companheiro para um relacionamento duradouro. E eu queria muito que meu casamento não tivesse “variação” nem “sombra de mudança”. De repente, ficou óbvio para mim que somente pensando dessa forma é que eu poderia ter certeza de fazer a escolha correta.
Então, comecei a ponderar sobre essa idéia de presente. Ocorreu-me que não nos preocupamos com o fato de ganhar ou não um presente. Não ficamos sonhando em ganhar um presente, procurando por ele, nem tentando descobrir quando vamos ganhá-lo. Em seguida, tive um pensamento muito confortador: quando alguém quer nos presentear, simplesmente coloca o presente em nossa mão. É impossível deixar de recebê-lo. E eu senti, no fundo do meu coração, que meu casamento seria um presente de Deus. Eu não precisaria mais procurar, me preocupar, nem mesmo tentar encontrar a companhia correta. Deus colocaria Seu presente em minhas mãos quando fosse a hora certa.
Que alívio! Senti-me grata por Deus cuidar de mim dessa forma! Tive a impressão, quase que literalmente, de que um peso que eu carregava durante anos, tivesse sido tirado dos meus ombros. Passei a me sentir leve e contente.
No dia seguinte, todos nos divertimos tanto que decidimos repetir o programa em outra ocasião. O rapaz que meu amigo havia convidado era muito simpático. Mas sempre que a pergunta “Será que ele gostou de mim?” vinha ao meu pensamento, eu a rechaçava. Eu estava decidida a não me preocupar mais com isso.
Na terceira vez em que planejamos esquiar, esse rapaz não pôde ir, e outro, chamado Wayne, foi conosco. Mantive a mesma atitude e me diverti muito. O Wayne convidou-me para sair com ele. Logo, sentimos que estávamos muito interessados um no outro.
Mesmo assim, eu fiquei surpresa com a rapidez com que ele me propôs casamento. Havíamos saído para dar uma volta de carro algumas semanas depois; eu estava dirigindo e conversávamos normalmente. Era dia, e estávamos em plena estrada quando ele me pediu em casamento. Eu não sabia o que dizer, e então rapidamente orei: “Deus, 'faça-se a Tua vontade’. Eu só quero fazer isso se essa for Tua vontade para mim.”
“Minha vontade está feita”, foi a resposta imediata, claramente querendo dizer: “E é essa.” Deus havia colocado o presente em nossas mãos.
Quanto ao fato de eu desejar um relacionamento sem “variação”, como acontece na maioria dos casamentos, nem tudo é um mar de rosas. Wayne e eu tivemos inúmeras oportunidades para provar a sinceridade de cada um dos nossos votos matrimoniais nas mais inúmeras situações, na riqueza e na pobreza, na doença e na saúde, renunciando a tudo o mais. Mesmo durante os desafios e momentos difíceis, eu continuo sendo grata pela certeza de que nosso casamento é um presente de Deus para mim e para meu marido, e que podemos confiar nisso para que nele não haja “variação ou sombra de mudança”. Em todas as ocasiões, com oração, aprendendo e crescendo, conseguimos solucionar os problemas, e tudo volta ao normal, ou seja, ao relacionamento feliz que temos. Nossos planos não incluem qualquer mudança nisso.
Eu gosto muito de contar essa história, pois ela fala de uma das melhores coisas que já aconteceram comigo. Gosto de me lembrar especialmente daquele domingo em que eu assistia ao culto e tive a bela e lógica compreensão do presente de Deus, que me deu novo ânimo e fez com que todo o peso que eu sentia sobre os ombros desaparecesse. Eu espero que meu relato ajude outros também a se livrarem do peso que possam estar carregando.
