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É só dizer que esqueceu a chave

Da edição de outubro de 2001 dO Arauto da Ciência Cristã


Estávamos indo de carro do centro da cidade para um subúrbio de Toronto que eu ainda não conhecia. Eu tinha chegado havia pouco tempo da França, e estava ali pronto para começar a trabalhar no meu primeiro emprego no Canadá: vender enciclopédias.

Eu havia gostado do treinamento que recebera durante uma semana inteira, mas algumas frases que nos haviam sido sugeridas para serem utilizadas na apresentação do produto tinham me deixado um pouco apreensivo. Uma delas era para ser usada logo no primeiro contato: “Não estamos aqui para vender nada, só viemos fazer uma pesquisa”. E deveria ser seguida por esta outra: “Porém, em agradecimento à sua cooperação, podemos vender-lhe esta enciclopédia por um preço muito especial”. Lembro-me de que fiquei pensando se a pesquisa não seria apenas um truque para mostrar a enciclopédia e vendê-la. Mas, eu me sentia constrangido para fazer essa pergunta.

Depois de algumas curvas bastante fechadas, o carro parou. Quando descemos, o supervisor de vendas me disse: “Está vendo aqueles prédios de apartamento? Você deve entrar, tocar a campainha e fazer a apresentação do produto. Não se preocupe se houver no saguão algum aviso proibindo a entrada de vendedores; simplesmente ignore-o. Se a porta do prédio estiver fechada, toque a campainha de qualquer apartamento e diga a quem atender que você esqueceu a chave e não pode entrar. Eles abrirão a porta para você. Se o síndico aparecer, faça de conta que está se dirigindo a um determinado apartamento”. E acrescentou: “Agora são 9h. Virei buscá-lo à uma da tarde”. E foi embora.

De repente, tudo ficou claro para mim. Sem dúvida, havia uma evidente falta de honestidade na abordagem adotada por aquela empresa. Eu tinha sido muito ingênuo! Eu me deixara impressionar pelos belos escritórios e pelo tom profissional do pessoal que havia dado o treinamento.

Nas quatro horas seguintes fiquei sentado num banco do estacionamento à espera do supervisor. Embora fosse o único emprego que eu tinha conseguido arranjar, e eu precisasse urgentemente de dinheiro, percebi claramente que eu não poderia trabalhar para aquela empresa. A honestidade não é algo que se possa negociar. Eu sabia que nunca haveria um motivo forte o suficiente que justificasse uma atitude desonesta.

Enquanto estava sentado no banco, em vez de me lamentar por ter perdido uma semana inteira num treinamento para um trabalho que eu não queria, e em vez de ficar preocupado com meu futuro, eu senti uma grande paz. Minha convicção de que eu poderia assumir uma posição a favor daquilo que eu considerava ético e bom era, para mim, um sinal de que Deus estava cuidando de mim. Senti-me orientado e seguro.

Uma semana depois consegui outro trabalho, que era baseado na ética nos negócios. Quando me perguntaram, durante a entrevista, por que deveriam me contratar, falei da importância que atribuía à ética e relatei a situação pela qual passara na semana anterior. Fui contratado na mesma hora.

Por que ser honesto? Simplesmente porque isso significa ficar do lado de Deus. Significa confiar na bondade de Sua criação. Roubar, mentir, enganar são atos que se fundamentam no medo de que o bem que tanto desejamos possa apenas passar por nós. São o resultado de uma interpretação errônea da verdadeira substância. Quando, ao tratar dos assuntos sob nossa responsabilidade, negligenciamos a justiça e a ética, agimos partindo do ponto de vista da carência e da desigualdade e perdemos de vista a integridade e a continuidade da criação de Deus.

A honestidade nos liberta. Ajuda-nos a perceber que aquilo de que verdadeiramente necessitamos é espiritual. É abundante. Nunca nos limita. A paz, a alegria, a saúde, a verdadeira substância de que necessitamos já nos pertencem, neste exato momento. Sabendo que Deus coloca tudo isso sempre à nossa disposição, podemos confiar nEle e esperar pacientemente que Seu plano se manifeste a nós.

Encarar a vida a partir de uma posição em que nos sentimos fortalecidos é algo que nos dá alegria. Quando subjugamos nossas ambições e estratégias pessoais, e nos dispomos a seguir a orientação de Deus, tornamo-nos receptivos a uma harmonia mais elevada, que não oscila, que é imparcial e universal. Uma harmonia que está baseada na própria natureza de Deus, na Sua graça e infinita bondade. A fundadora desta revista, Mary Baker Eddy, falou da vida que é revelada pela honestidade: “Não se pode renegar a justiça e a honestidade; sua vitalidade provém da Vida — calma, irresistível, eterna” (The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 139).

Essa é nossa vida. Neste exato momento.


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