“Tuas decisões te dominarão, seja qual for o rumo que tomarem.” Mary Baker Eddy
É Muito Fácil dar conselhos às pessoas solteiras, quando se é feliz no casamento. Mas, honestamente, eu não tive muita orientação quando solteira. Tive tantos namorados, bons rapazes, diga-se de passagem, que meus pais desistiram de tentar me acompanhar. Apesar de meu esforço para ser criteriosa, depois de quatro noivados, casei-me com um homem encantador, por quem estava perdidamente apaixonada. Quase todo o mundo, exceto nós dois, era de opinião que não estávamos tomando uma decisão acertada. Nunca me esquecerei do dia em que, chorando, telefonei para minha mãe e disse-lhe que achava que meu casamento estava em perigo. Ela deu risada! Mas, chega de compaixão!
Um divórcio pode fazer com que se tenha a sensação de que as orações e o empenho para ouvir a orientação divina falharam. Além disso, no meu caso, fiquei com a impressão de que não sabia o que era o amor. Bem, eu sabia que Deus é Amor. E eu também podia citar trechos do capítulo 13 da primeira epístola de Paulo aos Coríntios, que fala sobre caridade, ou amor: “Quem ama é paciente e bondoso. Quem ama não é ciumento, nem orgulhoso, nem vaidoso. Quem ama não é grosseiro, nem egoísta; não fica irritado, nem guarda mágoas. Quem ama não fica alegre quando alguém faz alguma coisa errada, mas se alegra quando alguém faz o que é certo. Quem ama nunca desiste, porém suporta tudo com fé, esperança e paciência. O amor é eterno” (A Bíblia na Linguagem de Hoje, versículos 4 a 8). Esforcei-me para aplicar esse conselho sagrado ao meu contato com todos.
O amor, como qualidade de Deus, transcende o afeto pessoal. Mais do que atração física ou emoção humana, é uma qualidade espiritual. Mas esse justamente era meu problema. Parecia que, sendo o amor de Deus universal, ilimitado, deveríamos amar a todos da mesma maneira. Mary Baker Eddy escreve: “A felicidade é espiritual, nascida da Verdade e do Amor. Não é egoísta; por isso, não pode existir sozinha, mas exige que toda a humanidade dela compartilhe” (Ciência e Saúde, p. 57). Para mim, aí estava a alegria do amor: ele não era nem pessoal nem possessivo, mas desprendido e abrangente. Daí, minha propensão para me apaixonar com relativa facilidade.
Que correlação pode haver entre o amor universal e um relacionamento interpessoal exclusivo, que seja feliz para sempre, ou seja, o casamento? No meu caso, a resposta veio aos poucos e, na verdade, durante o casamento e não antes dele.
Eu aprendi que o amor no casamento é a expressão de nosso Pai-Mãe Deus, o Amor divino. Ele não exclui o amor universal. Pelo contrário, o amor conjugal demonstra aspectos de permanência, profundidade e alcance, que outros relacionamentos talvez não incluam. Assim como o amor dos pais pelos filhos perscruta a profundidade e a variedade do amor de Deus, da mesma forma o casamento proporciona oportunidades de expressar união e individualidade ao mesmo tempo. A descrição de amor que lemos na Bíblia, na primeira epístola de João, aproxima-se do meu conceito progressivo de amor expresso no relacionamento conjugal. Em 1 João lemos: “Amados, se Deus de tal maneira nos amou, devemos nós também amar uns aos outros... se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor é, em nós, aperfeiçoado” (4:11,12). No casamento precisamos nos empenhar em aperfeiçoar o amor de um cônjuge pelo outro, orando constantemente.
Com certeza, é possível aperfeiçoar o amor quando se é solteiro. Sem sombra de dúvida, Jesus fez isso. Ele refletia profunda e amplamente o amor universal de Deus. Ele irradiava esse amor, que era tão poderoso que lhe permitia curar instantaneamente e perdoar aqueles que queriam crucificá-lo. Evidentemente, ele não acreditava que precisávamos de uma companhia para expressar o amor de uma forma completa. Com efeito, ele profetizou que “. ..na ressurreição, nem casam, nem se dão em casamento; são, porém, como os anjos no céu” (Mateus 22:30).
Todos podem encontrar a felicidade, sejam casados ou solteiros. O casamento é uma das disposições morais para constituição de família e o único ambiente moral adequado para as relações sexuais. Se o encararmos como uma união sagrada entre um homem e uma mulher, o casamento pode também refletir, de certo modo, a unidade do Pai-Mãe Deus.
Entretanto, cada união é tão singular como as pessoas que dela fazem parte. A afeição, a integridade moral, a estabilidade e o apreço mútuo são fundamentais para meu próprio casamento, mas os relacionamentos felizes podem ser estabelecidos com base em uma infinita variedade de qualidades morais e espirituais, que se originam em Deus.
Talvez esta seja a lição que tive de aprender da minha fracassada tentativa anterior de casamento. Não há uma fórmula para se chegar a um casamento feliz. Quando tentei seguir um plano humano, ou me deixei guiar por aquilo que havia dado certo para algumas pessoas ou não havia funcionado para outras, eu me decepcionei. A experiência de outras pessoas não poderia substituir meu próprio esforço para aperfeiçoar o amor e confiar inteiramente em minha comunhão com Deus. Porém, quando deixei de lado critérios e preferências pessoais, o Amor divino me proporcionou um relacionamento conjugal de uma forma que eu jamais poderia esperar. A disposição de nos volvermos inteiramente a Deus em busca de orientação, não atentando para a lógica ou para o aconselhamento humanos, possibilitou que eu e meu noivo ficássemos receptivos à espontaneidade do Amor divino, à diversidade que existe na Vida divina e à intuição infalível da Verdade divina.
Não há fórmula para se chegar a um casamento feliz. A experiência de amor de cada um de nós é única.
A experiência de amor de cada um de nós é única. Se colocarmos Deus em primeiro lugar e as opiniões humanas em segundo e formos atraídos mais pelas qualidades espirituais do que pela aparência física, seremos transformados e estaremos preparados para qualquer relacionamento que possa surgir em nossa vida. O Amor divino proporciona a cada um de nós as oportunidades para aperfeiçoarmos nosso amor.
