Foi porque preferi manter boas relações com o vizinho, que eu deixei a árvore onde estava. Tudo indicava que ela estava morta e até parecia um espectro.
Quase a derrubei um dia. “Se eu lhe der um bom empurrão, acho que ela cai”, pensei. Mas aí encontrei meu vizinho. “Adoro olhar os passarinhos que pousam nessa árvore”, disse ele, “passo horas olhando para eles”. De repente, vi que teria de tomar uma decisão: derrubar a árvore ou manter boas relações com meu vizinho. Portanto, a velha árvore permaneceu de pépor muitos e muitos anos, aparentemente morta e desolada. Só o vizinho e os passarinhos pareciam apreciá-la.
Então, numa primavera, notei que algumas pequeninas folhas começaram a aparecer. Em pouco tempo, a árvore estava coberta de viçosas folhas novas. Ela estava completamente viva e saudável. Eu nunca imaginara que isso pudesse acontecer. Havia considerado a árvore irrecuperável. Isso me fez pensar sobre a minha vida. Será que não há uma parte dela que eu estou considerando irrecuperável? Será que há certas limitações, que tolero, por achar que são o resultado de acontecimentos ou decisões do passado?
De fato, existe a tendência de culpar o passado por aquilo que está ocorrendo no presente. É fácil pensar que já perdemos as boas oportunidades. “Ah, se eu pudesse voltar no tempo!” somos tentados a pensar. “Faria as coisas de maneira diferente e minha vida seria muito melhor. Mas agora já é tarde demais”.
Não foi tarde demais para a árvore do meu quintal. Nem é tarde demais para qualquer um de nós olhar a vida da maneira como Deus olha. Isso significa encarar a vida como ela realmente é, como Deus quer que ela seja, como Ele a revela a cada momento.
Não precisamos olhar para o passado e nos preocupar se tais e tais passos foram acertados. Podemos nos voltar para o Criador, todo-sábio e todo-amoroso, e aprender a reconhecer aquilo que a Bíblia descreve como: “Eis a Rocha! Suas obras são perfeitas, porque todos os seus caminhos são juízo; Deus é fidelidade, e não há nele injustiça; é justo e reto” (Deuteronômio 32:4).
Ao pensar em Deus como a Rocha, o próprio fundamento da vida, nos é revelado que não vivemos sobre areia movediça mas sim, que refletimos, necessariamente, o propósito divino, com toda a sua sabedoria, beleza e renovação. Para que isso aconteça, precisamos deixar de lado os propósitos egoístas e reconhecer melhor o plano divino que se desdobra em nossa vida.
A fundadora desta revista, Mary Baker Eddy, foi alguém que poderia ter se sentido prejudicada pelos acontecimentos de seu passado. Durante anos, ela quis ter um lar estável e feliz e não conseguiu. Seu primeiro marido faleceu pouco depois do casamento, o segundo marido lhe foi infiel e a abandonou e, devido a problemas de saúde e la não pôde cuidar do filho e foi separada dele. Durante grande parte de sua vida lutou com problemas de saúde. Mas, quando despertou para o supremo governo de Deus e descobriu que a vida é governada por leis divinas que podem ser compreendidas, ela reconheceu que não havia perdido nada daquilo que Deus lhe havia dado. A verdadeira vida que Deus havia planejado para ela era completa, satisfatória e boa. É assim que ela descreve esse despertar: "A mão divina conduziu-me a um novo mundo de luz e Vida, um novo universo — velho para Deus, porém novo para um de Seus 'pequeninos' " (Retrospecção e Introspecção, pp. 27—28).
Quando aprendermos a reconhecer, no dia-a-dia, o governo de Deus e a ceder, com confiança, às Suas orientações, chegaremos a ver melhor o "novo mundo de luz", o "novo universo" que nos aguarda a cada momento.
Nossa vida não é representada por uma árvore morta. Ela é sempre nova como as novas folhas que renascem a cada primavera.
