A vida agitada, as muitas atividades, a pressão dos problemas que surgem, as incertezas quanto ao futuro, tudo isso cria um estado de ânimo propenso à busca de algum alívio. A chamada “happy hour” após o expediente, as saídas com os amigos à noite, podem parecer uma forma legítima de obter esse alívio. O que acontece, porém, é que em tais reuniões sempre há bebidas alcoólicas, e a publicidade nos apresenta a bebida como algo atrativo e um remédio para todas as pressões da vida moderna.
Em um programa televisivo, foi comentado que cerca de 25% dos leitos hospitalares disponíveis são ocupados por pessoas acidentadas ou doentes por efeito do álcool. Dizia-se ali que esta é uma cifra elevada demais, que representa um custo muito alto para as famílias, para a sociedade e o país.
Será que você e eu podemos fazer alguma coisa para ajudar a reverter essa tendência? Por onde podemos começar?
Cada um pode começar por si mesmo. Mary Baker Eddy escreveu que “Tudo o que embriaga um homem, embrutece-o e leva-o à degeneração física e moral. A bebida alcoólica é inquestionavelmente um mal, e o mal não pode ser usado com moderação: o mínimo uso do mal é abuso, por isso, a única temperança é a total abstinência” (Miscellaneous Writings, p. 289).
Quando era jovem, percebi a importância de não beber. Eu sempre saía com amigos. Ser diferente fazia com que eu me sentisse desprezado e inseguro. E para sentir-me aceito pelo grupo, eu os acompanhava na bebida. Certo dia, cheguei de madrugada em casa, enjoado. O excesso de cerveja me fez passar mal. No dia seguinte, logo que me levantei, tive de limpar o resultado da noite anterior. Enquanto fazia isso, ouvia uma voz, persistentemente, perguntando quando eu iria deixar a bebida.
Eu havia sido curado pela Christian Science quando criança e queria muito tornar-me um praticista da Christian Science. Essa mesma voz continuava me dizendo: “se você quer se tornar praticista, seja grato pelas curas que já recebeu e dê um passo adiante para alcançar a sua meta.” Mas eu respondia: “algum dia eu paro”.
Eu sabia que essa era a voz da consciência que estava raciocinando comigo para ajudar-me a tomar uma decisão do lado do bem, do lado da liberdade e não do lado da submissão ao álcool. Como eu já havia parado de fumar, no fundo sabia que poderia também parar de beber. Continuei refletindo por mais alguns momentos, até que decidi com firmeza: “A partir de agora não bebo mais, ontem foi minha última cerveja”. E isso aconteceu mesmo. Estou livre do fumo e da bebida há mais de 50 anos e nunca me fez falta. Não senti mais vontade de beber nem em aniversários, festas ou quando lançavam bebidas novas. Estou muito contente hoje por isso e por poder ajudar a outros a terem a compreensão espiritual que liberta e traz alegrias.
Tenho certeza de que cada um de nós pode servir de exemplo e incentivo para familiares, amigos e colegas. E isso tem um efeito multiplicador em nosso meio e, por conseguinte, na sociedade.
A Bíblia, este livro pleno de ensinamentos, o mais vendido e lido do mundo, também nos alerta quanto ao lado negativo do álcool: “Para quem são os ais? Para quem, os pesares? Para quem, as rixas? Para quem, as queixas? Para quem, as feridas sem causa? E para quem, os olhos vermelhos? Para os que se demoram em beber vinho, para os que andam buscando bebida misturada. Não olhes para o vinho, quando se mostra vermelho, quando resplandece no copo e se escoa suavemente. Pois ao cabo morderá como a cobra e picará como o basilisco” (Prov. 23:29—32).
Deus deu-nos inteligência e domínio para resistirmos aos atrativos que, no fundo, representam um perigo. Ele também proporciona constantemente todo o bem, de maneira que não há necessidade de buscar no álcool o bem-estar e a alegria que, em realidade, estão no Espírito, Deus, e na consciência espiritualizada.
As pesquisas mostram que muitos jovens e adolescentes começam a beber dentro do próprio lar, simplesmente porque encontram a bebida na geladeira ou nos armários de casa. Isso nos mostra outro lugar por onde podemos começar: nosso lar. Em Ciência e Saúde, a Sra. Eddy escreveu: “O casamento deveria melhorar a espécie humana, tornando-se uma barreira contra o vício, uma proteção para a mulher, uma força para o homem e um centro para os afetos. Essa, no entanto, na maioria dos casos, não é sua tendência atual, e por quê? Porque a educação da natureza superior é descurada, e outras considerações — a paixão, os divertimentos frívolos, o adorno pessoal, a ostentação e o orgulho — ocupam o pensamento” (p. 60).
Nosso lar pode ser uma barreira contra o vício, se ali nos dedicarmos à educação da natureza superior, nossa, de nossos filhos e familiares. Essa é a verdadeira natureza que recebemos de Deus, quando nos criou à Sua imagem e semelhança. Ao utilizar a inteligência e a sabedoria recebida de nosso Criador, não nos deixamos levar pelos divertimentos frívolos, nem pela ostentação e orgulho pessoal de seguir o que a mídia impõe ou o que a maioria diz.
Em comunhão com o Espírito, na consciência de nossa natureza espiritual, não sentimos nenhuma necessidade de bebidas alcoólicas. Essa comunhão satisfaz de verdade com uma alegria duradoura e proporciona uma vida de saúde e paz.
