No ano passado tive a oportunidade de visitar a Rússia. Passei a maior parte do tempo em São Petersburgo e um fim de semana em Moscou. Fiquei hospedada na casa de um casal, que foi simplesmente maravilhoso comigo. Eles tinham dois filhos que já eram casados.
Às vezes eu andava por uma rua mal iluminada
Minha mãe russa não falava inglês, e meu pai russo falava um pouquinho. A casa deles ficava em um bairro bem afastado. Por isso, eu tinha de pegar metrô ou ônibus para ir à escola de manhã e para ir à cidade me encontrar com meus amigos. Às vezes, eu ficava com eles até tarde. Então, para voltar para casa, tinha de andar por uma rua mal iluminada, em que havia um cemitério de um lado e uns prédios escuros do outro.
Certa noite eu me perdi, tentando encontrar a estação do metrô. E com meus parcos conhecimentos de russo, pedi informação a uma senhora. Sem saber se tinha entendido bem o que ela havia dito, continuei a andar. Mas eu sabia que um anjo, um pensamento de Deus, tinha me guiado a essa senhora em particular, e também me guiaria à estação do metrô. Atravessei uma ponte, e já estava prestes a virar à esquerda quando ouvi alguém chamando pelo meu nome. Eu havia dito àquela senhora como me chamava. Um garotinho veio correndo em minha direção e me disse em russo: “Aquela senhora ali disse que você deve virar para o outro lado.” Acho que ela me seguiu para ter certeza de que eu havia conseguido chegar ao metrô.
Depois que desci do trem, no percurso entre a estação e a casa, cantei vários hinos do Hinário da Ciência Cristã. A letra de um deles diz: “Honesto e digno és, tens puro o coração” (N° 382). Lembro-me que, ao andar pela cidade, eu ficava pensando que as outras pessoas eram verdadeiramente os honestos filhos de Deus. Até que um dia me dei conta de que eu também estava incluída entre esses filhos. Compreendi que eu poderia andar pela cidade sem ser assediada ou perturbada, pois todos temos um coração puro, sem motivos ruins ou más intenções. Essa oração me ajudava quando eu via miséria ou delitos sendo cometidos. Eu também pensava que todos estamos protegidos pelo Amor, que é Deus. Comecei a pensar nos habitantes da cidade, reconhecendo que, se eu os visse como filhos de Deus, eles também poderiam ver a si mesmos de um jeito melhor.
Quando voltei para meu país, dei uma palestra sobre a Rússia para os jovens da escola de ensino médio onde eu estudava. E eles diziam: “Puxa, que legal!”
O carinho que o povo russo demonstrou por mim e pelos outros jovens, transcendeu completamente todos os limites de história e de cultura que eu poderia esperar. Acho que essa foi' a lição mais importante que aprendi dessa experiência, e sou realmente grata por isso.
