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O jantar perfeito

Da edição de novembro de 2005 dO Arauto da Ciência Cristã


Para Simão, era apenas mais um jantar. A comida estava preparada, os convidados estavam acomodados, a conversação apropriada; tudo estava em ordem. Mas, isso estava prestes a mudar.

Como fariseu, Simão fazia parte de uma bem-instaurada seita reformadora, que com êxito havia levado as leis de culto e purificação, anteriormente confinadas ao templo, à prática religiosa diária do povo judeu. Essas leis incluíam tradições relativas à observância do sábado, aos festivais, à preparação dos alimentos e com quem esses alimentos poderiam ser compartilhados. Com o objetivo de manter Israel espiritualmente intacto, em um mundo romano agressivamente pagão, os fariseus ou “os separados” sentiam-se chamados para serem: “Santos..., porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo” (Levítico 19). Isso significava que Simão se esforçava muito para se manter separado daquilo que era considerado impuro, profano ou iníquo. Quanto mais perfeitamente alinhado ele estivesse com esse “código de santidade”, mais ele refletiria o Deus de Israel.

Dentro das convenções de sua época, era vantajoso e digno de honra para Simão convidar um profeta como Jesus para jantar em sua casa. Mas, ele não esperava nada semelhante ao que aconteceu. Quando eles estavam reclinados diagonalmente, comendo, uma “mulher da cidade”, sabendo que Jesus estava na casa de Simão, interrompeu o jantar. Ela banhou os pés de Jesus com suas lágrimas, deixou que seus cabelos caíssem, espontaneamente, para com eles os enxugar e, a seguir, continuava a beijar-lhe os pés e a ungi-los com um perfume caro. Deve ter sido uma demonstração pública que causou extrema vergonha. Mas, aos olhos do fariseu, a atitude de seu convidado para com a mulher era igualmente desconcertante, para não dizer escandalosa. Jesus permitira que a “pecadora”, como a Bíblia a chama, o tocasse, e, ainda por cima, fazendo com que a parca hospitalidade oferecida por Simão contrastasse, publicamente, com o afeto sincero da mulher. Que lição estaria esse grande mestre tentando ensinar a Simão?

Simão havia negligenciado gestos tradicionais de uma boa acolhida aos convidados da casa, como providenciar água para lavar os pés de Jesus, dar-lhe um beijo de boas-vindas e ungir sua cabeça. Mas, Jesus estava ciente de que essas omissões eram sinais de algo mais do que mera descortesia. Isso ficou evidente com a chegada da mulher. De algum modo, ao longo dos anos, à medida que os requisitos religiosos dos fariseus iam se tornando cada vez mais exigentes e elaborados, cada vez menos as pessoas podiam satisfazer a tais exigências. Muitas pessoas estavam se sentindo avaliadas e classificadas, de acordo com o grau de sua adesão ao comportamento tradicional; além disso, crescia, cada vez mais, o número dos que estavam sendo marginalizados como “pecadores” e “banidos”. Ironicamente, esse regime de santidade, que antes havia sido um meio de preservar a comunidade, estava, de forma crescente, dividindo-a. A letra de tal código estava atrapalhando seu espírito.

Esse método de interpretação pela “letra” teria impedido a entrada da visitante, por seu flagrante menosprezo ao decoro religioso. Contudo, apesar da condição dela, Jesus reconheceu e validou a fé que ela mostrou, na verdade, por causa de seu comportamento. Além do mais, ao perdoar-lhe os pecados, ele parecia estar mais interessado em atender à necessidade dela, do que em seguir a lei dos fariseus. Poderíamos dizer que ele “partira o pão” com essa mulher de uma maneira diferente, mais espiritual, do que com Simão. A conduta de Jesus, fundamentada em misericórdia e compaixão, derrotou as exigências de uma tradição baseada na obediência perfeita às regras de comportamento. Na manhã daquele mesmo dia, ele havia pregado: “Sede misericordiosos, como também é misericordioso vosso Pai” (Lucas 6).

Tanto Jesus como Simão amavam a Deus e buscavam fazer Sua vontade. Contudo, é provável que Jesus tenha percebido em Simão a necessidade de uma percepção mais profunda do amor e do caráter de Deus, e de como ser uma testemunha desse caráter, no mundo. Ele tentou afastar a perspectiva que Simão tinha de considerar a fé puramente em termos de aparência exterior.

A grande generosidade de Jesus ao perdoar a mulher, conforme os outros convidados disseram entre si: “Quem é este que até perdoa pecados?” (Lucas 7), se compara somente à própria generosidade da mulher, constatada em sua gratidão, em suas lágrimas e no perfume. Nessa abundância de graça, Jesus chamou a atenção de Simão para esse tipo de fé profunda, que impele a pessoa a se arriscar à condenação, ao invés de esconder sua veneração pela retidão de alguém como Jesus.

Essa história pode ser encontrada em (Lucas 7:36-50)

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