Para Simão, era apenas mais um jantar. A comida estava preparada, os convidados estavam acomodados, a conversação apropriada; tudo estava em ordem. Mas, isso estava prestes a mudar.
Como fariseu, Simão fazia parte de uma bem-instaurada seita reformadora, que com êxito havia levado as leis de culto e purificação, anteriormente confinadas ao templo, à prática religiosa diária do povo judeu. Essas leis incluíam tradições relativas à observância do sábado, aos festivais, à preparação dos alimentos e com quem esses alimentos poderiam ser compartilhados. Com o objetivo de manter Israel espiritualmente intacto, em um mundo romano agressivamente pagão, os fariseus ou “os separados” sentiam-se chamados para serem: “Santos..., porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo” (Levítico 19). Isso significava que Simão se esforçava muito para se manter separado daquilo que era considerado impuro, profano ou iníquo. Quanto mais perfeitamente alinhado ele estivesse com esse “código de santidade”, mais ele refletiria o Deus de Israel.
Dentro das convenções de sua época, era vantajoso e digno de honra para Simão convidar um profeta como Jesus para jantar em sua casa. Mas, ele não esperava nada semelhante ao que aconteceu. Quando eles estavam reclinados diagonalmente, comendo, uma “mulher da cidade”, sabendo que Jesus estava na casa de Simão, interrompeu o jantar. Ela banhou os pés de Jesus com suas lágrimas, deixou que seus cabelos caíssem, espontaneamente, para com eles os enxugar e, a seguir, continuava a beijar-lhe os pés e a ungi-los com um perfume caro. Deve ter sido uma demonstração pública que causou extrema vergonha. Mas, aos olhos do fariseu, a atitude de seu convidado para com a mulher era igualmente desconcertante, para não dizer escandalosa. Jesus permitira que a “pecadora”, como a Bíblia a chama, o tocasse, e, ainda por cima, fazendo com que a parca hospitalidade oferecida por Simão contrastasse, publicamente, com o afeto sincero da mulher. Que lição estaria esse grande mestre tentando ensinar a Simão?
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