Ali estava eu sentada, achando tudo aquilo muito além da minha capacidade de compreensão. Esta era a primeira de uma bateria de entrevistas e testes para um seleto programa de treinamento. O problema era que eu não correspondia aos requisitos, pelo menos no papel.
Talvez você esteja curioso por saber como fui parar ali. A resposta é: pela oração — uma busca humilde e sincera da vontade de Deus para mim. Acredito no terno interesse de Deus pelo bem-estar de cada um de nós. Acredito também que Sua totalidade inclui um conhecimento íntimo da bondade e do valor de cada membro de Sua criação. O propósito amoroso de Deus para nós é delineado de maneira a satisfazer às nossas necessidades e a se adequar à nossa natureza.
"preeminentemente credenciado pela aprovação de Deus"
Por essa razão, obedeci a um forte impulso de me candidatar. Mas, seguir adiante, apenas influenciada pela oração, estava difícil. O que eu estava fazendo ali? Sentia-me insegura.
Uma auto-análise fazia-se necessária. O meu motivo era altruísta? Sim, pois eu desejava servir de forma a fazer um uso melhor de minhas qualidades e demonstrar minhas habilidades. Estaria disposta a deixar passar essa oportunidade, caso minha oração me levasse para uma direção diferente? Prontamente. Eu já havia vencido a luta contra o desejo por algo, quer esse algo parecesse certo ou não. Teria eu a coragem de seguir minha intuição espiritual, aonde quer que ela me levasse? Achava que sim.
Finalmente, restou uma única dúvida: embora Deus talvez tenha me guiado até esse ponto, os encarregados da seleção não haviam levado muito a sério o meu pedido de emprego. Eles o estavam julgando, primariamente, sob o ponto de vista dos requisitos legais relativos ao sexo, mas ficou claro que eles não esperavam ou desejavam que eu estivesse à altura das exigências do cargo. Eu não tinha diploma de curso superior, carecia de experiência especializada naquela área e todos os estagiários, durante toda a história do programa, tinham pertencido ao sexo masculino, com apenas uma exceção.
À medida que eu continuava espiritualmente atenta, veio-me ao pensamento uma frase: "preeminentemente credenciado pela aprovação de Deus". Então, compreendi de imediato. Ao invés de necessitar do endosso de qualquer outra pessoa, eu tinha a aprovação de Deus. Ele me ama tal como Ele me criou, tal como sou. O medo se dissipou por completo e, nos quatro meses seguintes, entrevistas foram marcadas pela camaradagem, pelo respeito e por uma afetuosa recepção cordial, cada vez maiores. Podia agora considerar a oportunidade de treinamento sem ansiedade ou desânimo e explicar, de forma honesta, que eu estaria interessada no programa somente se ele fosse bom e adequado para todos os envolvidos.
Essa foi uma mudança comovente — e um alívio — do sofrimento de precisar persuadir ou impressionar pessoas. Além do mais, essa atitude era inteiramente inovadora para os meus entrevistadores e acabou ganhando facilmente o respeito deles. Eles passaram a considerar o meu potencial sem os limites impostos pela tradição e comentaram que estavam surpresos diante do meu sucesso. A frase que me veio ao pensamento em oração: "preeminentemente credenciado pela aprovação de Deus", é uma maneira pela qual Mary Baker Eddy descreve Jesus em sua obra Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras (p. 42).
Perguntei-me se seria correto reivindicar para mim uma condição que pertencia a Jesus. Quando ponderei sobre a missão dele, todas as minhas dúvidas foram dirimidas. Como o Filho do Pai-Mãe, condição que tínhamos em comum, o próprio propósito de Jesus foi provar que a eterna bondade de Deus não era apenas dele, mas nossa. Suas palavras confirmam isso: "Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância" (João 10:10); "Não temais, ó pequenino rebanho; porque vosso Pai se agradou em darvos o seu reino" (Lucas 12:32). Jesus demonstrou como Deus valoriza infinitamente todos os Seus filhos, sem exceção ou interrupção.
A compreensão de que eu era credenciada pela aprovação de Deus, mudou radicalmente meu índice de aprovação. O reconhecimento da nossa aprovação, outorgada por Deus, pode regenerar até mesmo os sistemas de avaliação humanos consagrados pelo tempo ou os mais sofisticados. Quando nos volvemos a Deus em busca de aprovação, obedecemos ao conselho da Bíblia: "Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade" (2 Timóteo 2:15).
Voltando ao meu pedido de emprego, às vésperas da minha aprovação para participar do programa, um acontecimento inesperado em minha vida pessoal tornou necessária a minha desistência. Fiquei imaginando por que tive de passar por aquele processo difícil, somente para desistir no final. Um pouco mais de oração trouxe uma resposta clara: eu precisava da lição espiritual, não do emprego. O próximo cargo que ocupei — o de ajudar pessoas a ponderar sobre opções de carreira e suas estratégias — exigia uma compreensão profunda do infinito valor que temos aos olhos de Deus.
Qual é nosso índice de aprovação espiritual? Ele está fora de todos os gráficos, porque cada um de nós é imensuravelmente bom, indispensável e precioso para Deus.
