Alguns dos momentos de maior desafio na minha vida, como também os que me trazem as mais gratas lembranças, se relacionam com o atendimento às necessidades de outras pessoas.
Digo desafio porque, como a maioria das pessoas, os meus dias já são muito ocupados. Abandonar tudo para atendar às necessidades de um doente até que se recupere, nem sempre é fácil.
No entanto, o que me dá alento, é saber que meu amor por essas pessoas foi reconhecido e que isso fez a diferença.
A atividade de cuidar dos outros tem raízes profundamente espirituais. Reflete um imperativo ético de atender a alguém em necessidade, ou seja, dar ao outro a mesma dignidade e apoio que esperamos nos sejam dados, no caso de enfrentarmos um desafio semelhante.
Mas, existe algo mais profundo em ação e, em meio aos desafios, pode ser realmente importante ponderar sobre o que nos levou a prestar ajuda a outra pessoa.
A Bíblia nos aconselha, freqüentemente e de várias formas, a dar ou servir, não por obrigação, mas com boa vontade e alegria: “Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria” (2 Cor. 9:7).
Essa generosidade de espírito é a marca registrada do Cristianismo. Jesus disse que seus seguidores seriam identificados [não pela suntuosidade da estrutura de suas igrejas, pelo número de adeptos, nem pela pureza de suas doutrinas, mas] pelo seu amor. Disse ele: “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros” (João 13:35).
Quando a árdua tarefa de cuidar do outro tentar aniquilar nossa inspiração, é útil lembrar que essa solicitude pelos outros é a essência de seguir ao Cristo.
Quando a árdua tarefa de cuidar do outro tentar aniquilar nossa inspiração, é útil lembrar que essa solicitude pelos outros é a essência de seguir ao Cristo.
O trabalho de cuidar dos outros e de prestar-lhes ajuda, é, muitas vezes, desvalorizado pelo mundo. Mas, o mundo necessita de amor e solicitude, provavelmente bem mais do que qualquer outra coisa.
Passei a maior parte da vida adulta cuidando de minha família e exercendo a enfermagem profissionalmente. Os momentos em que me senti mais equilibrada e realizada têm certos pontos em comum:
• O que as pessoas mais esperam de mim, raramente é aquilo que elas imaginam que precisam. As pessoas acham que o que elas mais necessitam é se sentirem mais confortáveis, terem algo para comer, alguém que lhes dê banho ou que as levem para um passeio. Embora essas coisas sejam importantes, existe uma necessidade mais profunda que não pode passar despercebida: a necessidade de respeito e consideração genuínos.
• As pessoas precisam saber que eu realmente me importo com seu conforto e bem-estar.
• O espírito que transmito, enquanto trabalho, e a bondade que expresso, não são extras. São necessidades humanas básicas.
Mary Baker Eddy, explicou isso muito bem, quando escreveu: “O pobre coração sofredor necessita da nutrição que lhe cabe de direito, tal como a paz, a paciência na tribulação e uma noção inestimável do carinho e da bondade do Pai querido” (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, pp. 365-366).
A questão importante não é: “Será que tenho tempo suficiente?”, mas: “Será que tenho amor suficiente?” Se me importo com alguma coisa, crio o tempo para isso. Não me lembro de nenhuma vez que tenha me arrependido de fazer ou dizer algo gentil. Mas, lembrome dos momentos em que desejei ter sido um pouco mais atenciosa, paciente ou compreensiva.
Existe algo muito do que eu, acontecendo. Existe um desígnio divino em ação, um Amor divino que é também chamado Deus. Quando estou mais consciente de que qualquer bem que eu possa fazer é o resultado do propósito atemporal do nosso querido Pai, de abençoar e de cuidar de todos os Seus filhos, tenho mais paciência com os outros. Adquiro uma convicção mais profunda de que meu trabalho faz a diferença e que o Amor que me enviou, também está enviando ajuda ao outro.
O mundo não está sobre meus ombros. Ele repousa sobre os ombros do Amor. Trabalho da maneira mais paciente e firme que posso. Quando chega a hora de passar os cuidados para outro encarregado ou de confiar meus filhos e pacientes aos seus cuidados, o Amor divino ainda assim estará com eles, cuidando deles, enviando-lhes ajuda e orientação, de uma forma que jamais eu poderia planejar ou providenciar por mim mesma.
Ao final do dia, desejo que meus pacientes e meus filhos reconheçam, claramente, não como fui maravilhosa e cheia de cuidados para com eles, mas o quanto eles são maravilhosos e atenciosos. Deus criou a todos nós à Sua imagem, e a imagem do Amor é, necessariamente, amorosa. Portanto, é minha função não apenas ser amorosa, mas perceber esse amor no coração de cada pessoa cuidada por mim.
Há sempre alguém por perto que necessita desse tipo de amor. Além disso, quando fazemos a coisa certa, quando nossa solicitude é sincera, generosa e impelida por Deus, as bênçãos são abundantes.
