Eu tinha grandes expectativas que pareciam impossíveis de ser alcançadas. Minha esposa fora uma pessoa única. Consideravame um felizardo por ter encontrado uma pessoa como ela. As probabilidades de encontrar duas iguais pareciam astronômicas. Mas, foi com uma situação assim que me deparei quando, novembro de 1989, uma doença fatal repentina a levou.
Havíamos nos conhecido em uma anula de esgrima na faculdade. Pelo menos para mim, foi amor à primeira vista. Fui fisgado pela maneira com que ela me lançava um olhar mal-humorado, cada vez que eu marcava um ponto contra ela. Casamo-nos ainda muito jovens, crescemos juntos, construímos nossa vida lado a lado e conseguimos (de alguma maneira) sobrepujar os maus momentos.
Agora, nada era mais o mesmo. Nada. Não era só pesar, era horror. Sentia-me como se tivesse sido partido ao meio. Como isso pôde acontecer? Nada era normal. Tudo parecia estranho como em um pesadelo, em que cada momento doloroso se arrasta interminavelmente. Até mesmo respirar era antinatural para mim. Inspirava o ar e tinha de me forçar a expirá-lo.
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