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O grande cenário

Da edição de maio de 2005 dO Arauto da Ciência Cristã


A existência humana, diz Betty Jenks, é fundamentalmente de natureza contemplativa. Refere-se a “idéias e ao poder que elas têm para moldar o que somos e o que vivenciamos”. A Sra. Jenks é professora e praticista da Christian Science e mora em Boston. Há mais de 45 anos, ajuda muitas pessoas a comprovar o poder prático das idéias — idéias corretas, com premissas na natureza verdadeira e espiritual do ser, cuja fonte é Deus — e que podem ser usadas para corrigir situações difíceis e para curar.

Ao entrar em seu apartamento na Avenida Massachusetts, você encontra um ambiente mental vibrante, que pulsa com humor, serenidade e um entusiasmo intelectual irreprimível. Embora seu curso em literatura francesa na Universidade de Chicago tenha sido interrompido pela II Guerra Mundial, durante a qual ela serviu na Cruz Vermelha americana na Europa, o amor que Betty sente por filosofia, literatura e arte, nunca diminuiu. Vive cercada de livros. Exemplares dos dois livros, nos quais ela baseia seu trabalho de cura, a Bíblia e Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de Mary Baker Eddy, encontram-se por todo o apartamento, em lugares aconchegantes para estudo e oração. A coleção de 48 volumes da “Anchor Bible” (A Bíblia Âncora) ocupa duas prateleiras logo abaixo dos volumes de poesia de Emily Dickinson, Robert Frost, Ogden Nash e Maya Angelou. Também vi o “Critical Path” (O Caminho Crítico), de Buckminster Fuller; “Flatland” (Terra Plana), um tratado de matemática de 1884, de Edwin A. Abbott; e “Republic” (República), de Platão. Jenks se comove com o brilhantismo de duas páginas introdutórias de um número de 1913 da revista “Camera Work”, de Alfreed Stieglitz, que ela lê para mim. Fico comovido, também. No mundo de Jenks, a prosa do século XIX de Henry David Thoreau e de Victor Hugo, sincroniza-se com a revista eletrônica “Wired” (Antenado), do século XXI. O supermoderno laptop de titãnio Apple ocupa seu lugar em uma paisagem de finos móveis antigos.

Jeffrey Hildner: O que desperta seu interesse em artistas como Frost, Stieglitz e Picasso?

Betty Jenks: Bem, eles representam a pesquisa e a descoberta, a originalidade e a inovação constantes. A individualidade infinita da Alma. Individualidade.

JH: Existe alguma conexão entre o mundo deles e o que você faz como praticista?

BJ: Claro! Porque esses mundos são totalmente imateriais. Eles me dão idéias. Além disso, as idéias se desdobram — idéias infinitas.

JH: Considerando-se que essas obras artísticas estão baseadas em idéias — de criatividade, inteligência, pensamento — esses artistas estão essencialmente engajados em atividades metafísicas.

BJ: Em certo sentido, sim! De várias maneiras, artistas são filósofos. Estão em busca de respostas para as questões mais profundas. Exatamente como Mary Baker Eddy. Sempre apreciei a observação de Bertrand Russel de que Pitágoras, o matemático-filósofo que influenciou profundamente a Platão, era “uma combinação de Einstein e Sra. Eddy”, citado em Plato in 90 Minutes (Platão em 90 minutos) de Paul Strathern (Chicago: Ivan R. Dee, 1996), p. 10.

JH: Por que a senhora acha que Russell colocou Einstein e Mary Baker Eddy juntos, dessa maneira?

BJ: Porque existe a ciência e o Cristianismo. Sabemos que Einstein pesquisou um pouco a Christian Science. Além disso, sabemos que a Sra. Eddy certamente era cristã, mas também cientista.

JH: Alguém que não esteja familiarizado com os escritos e as descobertas da Sra. Eddy talvez possa se perguntar por que o seu sistema de cura é científico.

BJ: Ciência é um conhecimento de fatos e leis organizado em um sistema ordenado. Mary Baker Eddy descobriu fatos e leis nos ensinamentos de Cristo Jesus. Ela descobriu que esses fatos e leis capacitavam Jesus a curar. O conhecimento que Jesus tinha dos fatos e leis da existência — a saber, de que a existência é, em realidade, cem por cento espiritual, cem por cento criada por Deus, controlada e regulada por Ele e, portanto, cem por cento boa! — deu-lhe poder sobre a matéria ou sobre o cenário material das coisas. Além disso, a Sra. Eddy descobriu que esse conhecimento dá a todos um poder semelhante, algo que ela comprovou em sua própria vida.

Qualquer pessoa pode ter uma opinião ou uma crença. Mas, sustentar essas opiniões e crenças é como estar em um túnel — quando você está em um túnel, você não pode ver o cenário completo. Você tem um senso equivocado das coisas. A cura espiritual começa com uma visão correta.

Suponhamos que alguém acredite, por exemplo, que 2 + 2 sejam 22. Mas, esse alguém não pode provar que 2 + 2 é igual a 22, porque não o é. 2 + 2=22 é apenas superficialmente lógico, mas não engana alguém que esteja familiarizado com a verdadeira natureza dos números e dos princípios da matemática. Sob uma visão correta, 2 + 2 é igual a 4. Esse fato não é uma crença ou opinião. É verdadeiro.

JH: O que isso significa, considerando-se o cenário completo e a visão correta de alguém, a quem a senhora esteja ajudando por meio da oração?

BJ: Tenho de começar com fatos científicos. Isso requer integridade. Integridade é adesão inflexível — adesão inflexível a um código de valores éticos, morais ou artísticos; no caso da cura espiritual, adesão a valores científicos. Integridade é também definida como “restauração à sua condição original”.

Digamos que você seja um paciente — quando estou orando por você, estou mantendo uma adesão inflexível aos fatos científicos sobre seu ser, sua identidade espiritual como o filho ou o reflexo de Deus. Aceito sua condição original, sua perfeição espiritual e fico firme nela — mentalmente e em espírito de oração. Além disso, não comprometo minha adesão aos fatos científicos de sua condição original.

Fundamento meu método de tratamento e minha oração no seu relacionamento com Deus, o Espírito infinito, relacionamento esse que nunca pode ser quebrado. Esse é o cenário completo. O Espírito é tudo e não há matéria. Não existem condições materiais ou opiniões materiais que tenham alguma relação com você ou com Deus ou com seu relacionamento com Deus. Essa verdade sobre sua condição original remonta ao que os escritores do Gênesis vislumbraram tão claramente, que Deus criou tudo à Sua própria imagem e semelhança (ver Gen. 1:26,27). A2lém disso, na descrição bíblica da criação, não existe nenhuma menção de fricção, de discórdia, de doença, enfermidade, carência ou desarmonia.

Ciência é um conhecimento de fatos e leis organizado em um sistema ordenado. Mary Baker Eddy descobriu fatos e leis nos ensinamentos de Cristo Jesus. Ela descobriu que esses fatos e leis capacitavam Jesus a curar.

Um recente filme-documentário, intitulado “What the #$*! Do we know?” (O que é o #$*!? Sabemos?!) força o pensamento a realmente considerar como é verdadeiro o que a Sra. Eddy descobriu, ou seja, que não existe matéria.

Fico impressionada ao saber quantos filósofos antigos, desde o tempo de Pitágoras, concluíram que as coisas invisíveis são o real.

JH: Não foram somente personagens bíblicos que chegaram a essa conclusão.

BJ: Exatamente. Muitas pessoas vislumbraram a realidade metafísica da vida. Sócrates destacou a importância das idéias. O mesmo o fez seu aluno Platão. São as idéias que importam. Os personagens bíblicos perceberam que, fazendo a conexão com as coisas invisíveis que são reais, compreendendo as idéias sobre nosso relacionamento correto com Deus, ocorrem mudanças práticas na vida diária, incluindo um ajuste e uma melhora física, ou seja, a cura. Esse foi o legado de Cristo Jesus.

Isso me faz lembrar de uma avaliação interessante que ouvi sobre a diferença entre o Cristo Jesus, feita por uma criança de cinco anos. Ela explicou que Jesus era o nome dele e o Cristo era o seu negócio. Gostei dessa explicação porque ela diz que o “negócio” do Cristo — a mensagem ou o poder ativo sanador de Deus — está sempre aqui, muito embora Jesus não esteja. Foi isso o que a Sra. Eddy descobriu.

A medicina moderna está empenhada em uma busca para descobrir meios eficazes de cura. A beleza dessa busca é que ela está baseada no amor pela humanidade.

JH: Vamos nos concentrar nas razões que levariam as pessoas a optarem por viver sem os benefícios da medicina moderna e a confiar na Christian Science.

BJ: Certamente todos têm o direito de escolher e, para mim, a escolha é simples porque já constatei que a Christian Science funciona. Simplesmente funciona. Comprovei isso para mim, para minha família e para inúmeras pessoas, incluindo as que tenho ajudado como praticista. Além do mais, quando as pessoas lêem Ciência e Saúde, percebem o poder que esse livro tem para curar, porque compreendem naturalmente a resposta para essa questão.

Agora pense nisto: A medicina moderna está empenhada em uma busca para descobrir meios eficazes de cura. A beleza dessa busca é que ela está baseada no amor pela humanidade. Ela é impelida por um desejo de ser um bom Samaritano. As pessoas da área médica e os praticistas da Christian Science têm todos o mesmo motivo. Acontece apenas que temos premissas diferentes.

JH: Fale sobre essas premissas.

BJ: Bem, gosto de premissas porque nos capacitam a traçar o sucesso ou o fracasso do nosso raciocínio. Por exemplo, se eu fosse lhe dar informações sobre como ir daqui para Brookline, que não fica longe, eu poderia dizer: “Sei exatamente como chegar lá, inclusive cada esquina que você deve dobrar. Até mesmo medi a distância. Quando você sair do edifício, vire à direita e siga minhas instruções”. Mas, em realidade, você acabará no oceano porque eu deveria dizer: “Vire à esquerda”. Somente uma palavra na premissa seria suficiente para confundir tudo. Minha lógica estava correta, era clara. Mas a premissa estava errada.

JH: Isso me lembra que somos ludibriados todos os dias ao tirar falsas conclusões de premissas erradas. Por exemplo, o nascer do sol é uma percepção falsa. A própria palavra é uma declaração incorreta, baseada na premissa de que a terra esteja parada. Mas, a terra não está parada. O sol não se levanta. A terra é que gira.

BJ: A Sra. Eddy tem um pequeno parágrafo em Ciência e Saúde com o título marginal “Inversões metafísicas”, no qual diz: “A metafísica divina da Ciência Cristã, tal como o método na matemática, prova a regra pela inversão. Por exemplo: não há dor na Verdade, e não há verdade na dor; não há nervo na Mente, e não há mente no nervo; não há matéria na Mente; e não há mente na matéria; na há matéria na Vida, e não há vida na matéria; não há matéria no bem, e não há bem na matéria” (p. 113).

Existe toda uma série de falsas percepções que estão sendo corrigidas nesse parágrafo. Agora gostaria de fazer-lhe uma pergunta: “Quantas pessoas aqui nos Estados Unidos são bilíngües?”

Não somos definidos e catalogados pela astrologia ou por uma espiral. Não existem limites para a infinidade.

JH: Quero ver onde isso vai dar.

BJ: Se estivéssemos na África ou Europa, nem sequer faria essa pergunta, porque a maioria das pessoas falam duas ou três línguas. Como é que elas as aprendem? Não pelo estudo, mas porque estão tão próximas desses idiomas que, quando os ouvem elas os aprendem, como as crianças o fazem. Elas querem se comunicar. Ouvem e logo podem se comunicar. Talvez imperfeitamente, mas conseguem se comunicar.

Bem, agora vamos falar da linguagem do Espírito. Deus não se comunica em inglês ou em português ou em russo ou em qualquer outra língua. Portanto, temos de aprender a ouvir a Deus — não em linguagem, mas em abertura, mansidão, humildade, receptividade, obediência. Essas são qualidades que nos capacitam a prestar atenção, a ouvir e a sentir em nossa vida a contínua mensagem de cura vinda de Deus.

JH: E quando alguém liga pedindo ajuda para algum tipo de problema? Vamos falar um pouco sobre seu papel como praticista, dentro de toda essa estrutura metafísica, que, em última análise, é a estrutura científica e verdadeira da existência.

BJ: Bem, meu papel é me certificar de que estou ouvindo a partir de um ponto de vista que compreende e é compassivo, mas não impressionável ou crédulo. Sempre volto a esse ponto porque, se o homem é a expressão completa da Mente, Deus, então ele não será crédulo. Ele não se deixará enganar. Ele não deixará de distinguir sua natureza verdadeira como imagem e semelhança de Deus.

Há algum tempo, passei por um problema de saúde tão grave, que ninguém esperava que eu sobrevivesse. Eu era uma professora da Christian Science e estava, na ocasião, servindo ao Conselho de Diretores d’ A Igreja Mãe e tive de pedir demissão. Mais ou menos uns três meses depois disso, pedi à minha irmã, que também era praticista da Christian Science, que me ajudasse por meio da oração. Ela não era nem um pouco tímida. Era uma cristã convicta, bem como uma cristã científica. Passamos dois anos orando. Mas, posso dizer honestamente agora, e mesmo durante o tempo em que estive doente, que não desejaria perder nenhum dia daquele período. Foi um valioso tempo de provação.

JH: Isso soa como uma história maravilhosa de perseverança.

BJ: Bem, tome como exemplo o aprendizado acadêmico. Você pode imaginar uma mãe levando seu filho à escola e dizendo: “Esta é uma criança sensível. Eu não quero que ela preste exames porque sei que não conseguirá — e eu não quero que ela jamais falhe”. Se fizer isso, irá criar um fraco, um covarde.

Temos de estar dispostos a aprender. Você não entra no estudo fundamental e se forma imediatamente no ensino médio. Você tem de passar pelo processo de aprendizado do básico.

Portanto, eu não estava pensando: “Ó, o que vou fazer agora? E se eu não melhorar?” Permaneci no agora. Ás vezes, era difícil pensar claramente por causa da dor. Sei que aquela experiência tem me ajudado a ser bem mais compassiva quando alguém liga e diz que está com muita dor. Porque aprendi, por experiência, que existem ocasiões em que parece que não somos capazes de pensar claramente. Estamos quase entorpecidos pela crença na dor. Mas ela é uma crença. Ela é uma falsa percepção. A dor é uma ilusão que se origina de um erro na premissa.

JH: Você saiu vitoriosa de sua luta. Há alguma coisa em particular a que você atribui essa vitória?

BJ: Certamente a perseverança fez parte dela. Além disso, a autoridade, a convicção e a pureza de pensamento da praticista que estava me ajudando, porque ela nunca ficou nem um pouquinho desanimada. Algumas vezes, eu ligava durante a noite e tudo o que ouvia de volta era um terno: “Está tudo bem. Deus está exatamente aí com você, querida. Volte a dormir”. Eu respondia: “OK...” e caia em um sono cheio de paz.

Minha perfeição era tão clara em seu pensamento que ela não precisava simpatizar com meu sofrimento. Ela permanecia somente compassiva, pois a simpatia leva o praticista para o sonho junto com o paciente. A compaixão permite elevá-lo para fora do sonho, mas sempre compreendendo que aquilo é uma luta, em termos humanos.

A ilusão de nascimento e morte são ilusões de sonho. Como você sai de qualquer sonho? Você acorda.

JH: O que parece muito claro é que esse ponto de vista não é simplesmente um exercício intelectual. Penetrar na verdade da realidade, entrar em contato com a linguagem do Espírito, compreender que as boas idéias são, em última análise, aquilo que é substancial e real — ver o cenário completo — essas ações produzem uma mudança repentina na perspectiva, a qual tem um poder prático na vida humana.

BJ: Para mim, isso nos liberta de sermos uma vítima da história humana, da história mortal, da personalidade, do DNA. Não somos definidos e catalogados pela astrologia ou por uma espiral. Não existem limites para a infinidade. Estamos descobrindo, cada vez mais, como vencer as limitações da matéria, com relação à distância e ao tempo. Considere apenas o que os e-mails e os telefones celulares fizeram em nossa vida.

JH: Sobre essas revistas “Wired” (Antenado) que a senhora tem aqui em seu apartamento. Como disse, a certa altura, as lê porque gosta de manter contato. Com o que a senhora está mantendo contato?

BJ: É engraçado assistir ao show se desenrolar, o show da mortalidade. É engraçado ver as cadeias caírem. Dá muita alegria ler sobre novas invenções, novas descobertas, porque elas derrubam as limitações.

Isso é o que a cura na Christian Science faz. Derruba as barreiras da limitação do pensamento de que a matéria cura a matéria. A cura espiritual não é um fenômeno porque em realidade não existe nenhum outro poder senão Deus. Esse é o motivo pelo qual a Christian Science inclui mais do que apenas a cura do corpo. Ela também nos capacita a descobrir nosso eu verdadeiro, nossa própria integridade e condição original. É isso que traz a paz interior e a verdadeira libertação.

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