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"Assim como nós temos perdoado aos nossos devedores"

Da edição de agosto de 2005 dO Arauto da Ciência Cristã


Muito embora eu esteja vivendo como estrangeira na Turquia há muitos anos, sempre tive medo de andar de ônibus pela cidade. Sei que pode parecer absurdo, mas até mesmo a idéia de ter de sair sozinha — para caminhar, dirigir um carro, pegar um táxi, quanto mais um ônibus lotado — me causava um ataque de pânico. Contudo, recentemente, tive de enfrentar o desafio de andar sozinha pelos arredores de Ancara.

Comecei indo para a academia de ginástica todos os dias da semana. Meu marido me deixava ali, a caminho do trabalho, mas como não lhe era possível me buscar, decidi que já era tempo de começar a andar de ônibus e acreditar que Deus cuidava de mim. Foi difícil tomar a iniciativa de entrar no ônibus (eu estava literalmente tremendo de medo). Mas, uma vez sentada, esqueci-me da agitação interior e comecei a prestar atenção no caminho que estávamos fazendo. Logo, entramos em uma estrada transversal que nos levou à entrada principal de um hospital. Naquela parada, várias pessoas embarcaram e imaginei que talvez elas estivessem doentes, cansadas, necessitadas, confusas, desanimadas. Talvez tivessem passado a noite toda fazendo companhia a um ente querido ou acabado de saber que não havia mais nada que pudesse ser feito. Crianças, idosos, grávidas, todo tipo de pessoas se encontrava ali. Parecia que a humanidade inteira estava ali representada.

Imaginei que isso deveria ser o tipo de coisa com a qual Jesus constantemente se deparava em sua ronda diária. "Percorria Jesus toda Galiléia... curando toda sorte de doenças e enfermidades entre o povo" (Mateus 4). Compreendi que agora era a minha vez de seguir os passos de Jesus e orar pelos meus irmãos e irmãs muçulmanos. Assim que o ônibus deixou a entrada do hospital, fechei meus olhos, curvei minha cabeça e orei a Oração do Senhor, de forma humilde e reverente como nunca havia orado antes, tendo em mente o sentido espiritual da oração, conforme consta em Ciência e Saúde (ver pp. 16:17).

"Pai nosso que estás nos céus..." "Nosso Pai-mãe Deus, todo-harmonioso." Deus todo-poderoso, Tu estás sempre presente e és supremo. Supre as nossas necessidades com Tua graça abundante.

"E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores." Possamos nós, de hora em hora, prestar-Te contas, lembrando-nos sempre não das falhas do nosso próximo, mas que ele é Teu filho espiritual e perfeito. Possamos nós optar por perdoar, refletindo somente o Amor. Livra-nos do pecado, da doença e da morte. O Senhor Deus, a Mente divina, é infinito e harmonioso, o único poder que reina na consciência que temos da Vida, da Verdade e do Amor Possa o amor de Deus, que é Tudo-em-tudo, governar cada pensamento. Esse é nosso desejo fervoroso.

Aquela primeira viagem de ônibus foi uma verdadeira revelação e uma cura para mim. Agora, sou muito feliz por andar de ônibus — é uma grande oportunidade de sentar-me junto aos meus irmãos e irmãs, orando por eles e amando-os. Freqüentemente, vendo um bilhete do meu talão de passagens para alguém e seu sorriso agradecido diz tudo. Ainda estou aprendendo muitas lições nessas viagens. Como no outro dia, por exemplo, um homem entrou no ônibus e perguntou se alguém tinha um bilhete extra. Imediatamente lhe ofereci um dos meus, mas só depois de ter o bilhete perfurado foi que me disse que não tinha nenhum trocado e sentou-se no banco à minha frente. Ele começou a mexer em seus bolsos como se procurasse por algum trocado, mas não encontrou nada. Veio-me a idéia de que talvez esse homem não tivesse nenhuma intenção de pagar pelo bilhete que eu lhe dera.

Então, meu pensamento começou a trabalhar velozmente: "Olhe para esse homem. Está bem vestido e não precisa de esmola. Aposto que faz isso toda vez que anda de ônibus, aproveitando-se de pessoas crédulas como eu".

Parecia que eu simplesmente não conseguia parar o curso dos meus pensamentos (da mesma forma que não poderia parar o percurso do ônibus), mas sabia que, de alguma maneira, precisava fazer isso.

Estudo diariamente a Bíblia, juntamente com o livro Ciência e Saúde, e estou descobrindo as leis curativas do Amor divino e como elas se aplicam à nossa experiência diária. Desejava realmente praticar o amor sobre o qual estava aprendendo. Essa odiosa conversação interior certamente não vinha de Deus, que é o Amor, a única Mente. Mas, aquele homem continuava me irritando.

Quando chegamos à parada de ônibus em frente ao hospital, uma mulher grávida subiu e, como os assentos vazios estavam sendo rapidamente ocupados, aquele homem ofereceu seu assento a ela. Pensei comigo mesma: "Ele não pode ser de todo mau." Lembrando-me da promessa que havia feito a mim mesma de orar diariamente por todos os passageiros, comecei a orar com meu principal apoio, ou seja, a Oração do Senhor. Quando cheguei à parte que diz: "E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores", quase caí do banco. "É isto", pensei. "Perdoar!" Então, logo depois disso, fiz a escolha consciente de perdoar meu devedor e regozijar-me, o que me fez sentir muito melhor.

Compreendi que a verdadeira identidade desse homem não era nada diferente daquela que havia reivindicado o dia todo para mim mesma: uma filha preciosa de Deus, feita à Sua imagem e semelhança. Aos olhos de Deus, nunca fomos vilão e vitima, cada qual com uma mente separada. Existe apenas uma única Mente, da mesma maneira que há um só Deus para todos e sobre todos. A lei do amor de Deus e do perdão fraternal é universal e, como Sua filha obediente, eu tinha de perdoar — eu desejava perdoar — de boa vontade, de todo meu coração e seguir adiante. Portanto, eu o perdoei por não ter comprado o bilhete antes de subir para o ônibus. Eu o perdoei por não ter o troco. Eu o perdoei por tentar tirar vantagem de mim, se, de fato, ele o havia feito. Preenchi meus pensamentos com o puro perdão que só nosso Deus único, o Amor divino, o amado Alá, pode perdoar.

Preenchi meus pensamentos com o puro perdão que só nosso Deus único, o Amor divino, o amado Alá, pode perdoar.

À medida que o ônibus se aproximava da minha parada, comecei a me preparar para descer. De repente, meu "devedor" perguntou-me: "A senhora não vai descer no centro da cidade?" Quando lhe disse que não, ele tirou uma cédula de 20 liras turcas (aproximadamente R$34,00) e freneticamente começou a perguntar aos outros passageiros se eles tinham troco. Ninguém tinha. O homem me pediu desculpas, dizendo que ele havia pensado que eu seguiria até o centro da cidade, onde pretendia comprar um bilhete para mim. "Tudo bem," disse-lhe. Não querendo deixar por isso mesmo, ele perguntou a um outro passageiro se ele podia emprestar-lhe 1,50 liras comprometendo-se a reembolsá-lo quando chegassem à cidade. O passageiro concordou e, exatamente quando o ônibus se aproximava da minha parada, meu devedor pegou o valor de 1,50 liras de seu credor e colocou-o em minha mão. Fiz objeção quanto aos "juros" de 0,50 mas, ele insistiu em me pagar. Assim, agradeci rapidamente a ambos enquanto as portas se abriam. Desci e as portas se fecharam ruidosamente atrás de mim — ufa, tudo perdoado.

Alguns dias mais tarde, vendi um bilhete para uma senhora. Ela não tinha troco para inteirar 1 lira, portanto, lhe disse que estava tudo bem. Por duas vezes ela me disse: "Helal edin!" e sentou-se em um assento próximo. Mas, ao se assentar, algumas moedas, que haviam passado desapercebidas no fundo de sua bolsa, apareceram e, sorrindo, ela imediatamente entregou-as para mim. Quando lhe disse que havia pagado muito mais, ela respondeu que estava tudo bem.

Na primeira oportunidade, procurei em um dicionário turco-Inglês o significado das duas palavras que ela usara. Elas podem significar: "Não retenha", ou, em outras palavras, perdoe! Portanto, agora, sempre que parece que recebo menos troco que o devido no ônibus, digo: "Helal olsun", que significa: "dou isso com prazer para você". Em outras palavras, eu perdôo!

Andar de ônibus tornou-se natural para mim. Além do mais, também fui curada dos ataques de pânico. Para isso, tudo o que se requer é perdoar.

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