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Este é o segundo de uma série de nove artigos sobre as bem-aventuranças e sua relevância para o mundo do século XXI.

As bem-aventuranças

Pensar menos em mim e mais em Deus

Da edição de agosto de 2005 dO Arauto da Ciência Cristã


Havia me deparado com uma dificuldade inesperada quando freqüentava a Escola Dominicial As bem-aventuranças. Como um prefácio feito por Jesus para o Sermão do Monte, essas declarações têm sido consideradas, durante mais de dois mil anos, como descrições daquilo que nos leva à suprema felicidade. Entretanto, eu lembro que não era uma aluna extremamente feliz quando nossa classe estudava as bem-aventuranças. O problema era que eu não as compreendia. Os Dez Mandamentos sim, neles havia uma clara orientação moral que eu podia entender: não matar, não cobiçar, não roubar ou mentir. A participação da minha classe foi intensa quando estudamos os Dez Mandamentos. Mas, caiu muito durante as aulas sobre as bemaventuranças. Eu não conseguia passar da primeira: "Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus" (ver Mateus 5:3). Ficava imaginando, quem seriam os "humildes de espírito"? Pobres coitados, eu tinha muita pena deles, quem quer que fossem. Mas, será que aqueles que estão no reino dos céus necessitam da minha piedade? Não deveria eu sentir pena daqueles que não fossem "humildes de espírito"?

Quando adulta, continuei a estudar O Sermão do Monte e o li em várias traduções. É interessante notar que quase todas as inúmeras traduções da Bíblia, inclusive a do helenista Richmond Lattimore, concordam, palavra por palavra, com a tradução da primeira bem-aventurança na Versão King James e na de João Ferreira de Almeida: "Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus". A tradução de J.B. Phillips descreve "os humildes de espírito" como "aqueles que sabem que necessitam de Deus". William Barclay os descreve como "aqueles que compreendem a penúria de sua própria vida".

Finalmente, consultei o termo grego antigo que fora usado nos primeiros manuscritos do Novo Testamento. As palavras traduzidas como "humildes de espírito" são: ptochos pneuma Ptochos significa não meramente alguém que seja pobre e que tenha pouco, mas um mendigo totalmente desprovido, que não tem nada (ver R. C. Trench, Trench's Synonyms of the New Testament [Peabody, Massachusetts: Hendrickson Publishers, Inc, 1989], p. 142). Pneuma significa literalmente um forte vento e, metaforicamente, quer dizer ar, espírito, alma ou mente, ou seja, uma série de coisas que são invisíveis mas, apesar disso, claramente perceptíveis. Essa palavra é também usada para: fantasmas, maus espíritos e Deus, o Espírito divino (ver Edward W. Goodrick, John R. Kohlenberger III e James A. Swanson, Greek to English Dictionary and Index to the NIV New Testament from Zondervan NIV Exhaustive Concordance, versão eletrônica 1.0, Grand Rapids, Michigan: Zondervan, 1999).

A verdadeira felicidade, pertence àqueles que não são como cata-ventos, que não se ufanam, não se ensoberbecem.

A figura de retórica do grego antigo para maus espíritos e fortes ventos soprando, fizeram-me pensar que talvez o que Jesus quisesse dizer, na primeira bem-aventurança, é que a verdadeira felicidade, ou seja, o próprio reino dos céus, pertence àqueles que não são como cata-ventos. Aqueles que, segundo o Apóstolo Paulo quando escreveu sobre o amor, não se ufanam, não se ensoberbecem (ver 1 Coríntios 13:4). Aqueles que têm menos do espírito deste mundo e mais do Espírito Santo. Mary Baker Eddy, uma inspirada pesquisadora da Bíblia, observou que ninguém, a não ser o humilde de espírito, consegue entender "...que a matéria é absolutamente nada e o Espírito [Deus] é Tudo" (Retrospecção e Introspecção, p. 26).

Ao estudar o Sermão do Monte com isso em mente, percebi como Jesus, continuamente, encorajava ações que exigiam menos vontade humana e uma submissão mais humilde ao divino. Por exemplo: "Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás com ele a caminho ... não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra; e, ao que quer demandar contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhe também a capa. ...amai os vossos inimigos... Não julgueis..." (ver Mateus 5: 25, 39, 40, 44; 7: 1).

Além disso, há também o exemplo de Jesus. Em uma de suas viagens para Jerusalém, ele planejava passar a noite em uma determinada aldeia. Quando as pessoas ali não quiseram recebê-lo, dois de seus discípulos ficaram zangados e queriam mandar descer fogo do céu para consumir toda a aldeia. Mas, Jesus os repreendeu, dizendo: "Vós não sabeis de que espírito sois. Pois o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las" (ver Lucas 9: 55, 56). Na noite anterior à sua crucificação, quando uma multidão veio para prendê-lo, outro discípulo reagiu violentamente, tomando a espada e cortando a orelha do servo do sumo sacerdote. Jesus restaurou a orelha ao servo e disse: "Guarde a sua espada, pois quem usa uma espada será morto por uma espada" (ver Mateus 26: 47–53, Nova Tradução na Linguagem de Hoje).

Certamente Paulo se lembrou dessa passagem quando escreveu: "Porque as armas da nossa milícia não são carnais e sim poderosas em Deus..." (ver 2 Coríntios 10:4). Também Mary Baker Eddy leva seus leitores a só reconhecerem "...o controle divino do Espírito, no qual a Alma é nossa mestra e onde não cabem o sentido material e a vontade humana" (Ciência e Saúde, p.9).

Agora que consegui vislumbrar algo do que Jesus queira dizer no Sermão do Monte, fico feliz em dizer que há momentos em que sou realmente mais humilde de espírito, quando a vontade humana é menos exaltada, tanto em meu íntimo como em minha conduta. Momentos em que os "ventos de Deus" desfazem as nuvens, revelando um pequeno cantinho do Seu reino todo harmonioso.

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