Havia ocasiões em que eu ficava horrorizado. Outras, maravilhado. O marido de uma amiga trabalhava na área de construção. Sempre que surgia a oportunidade, ele vendia a casa deles no estado em que se encontrava, ou seja, quase sempre completamente mobiliada. Algumas vezes, essas vendas apanhavam minha amiga completamente de surpresa. Mas, na época em que a conheci, ela lidava calmamente com essa situação. Sabia como comprar e repor a mobília que desejava. Além do mais, tanto quanto posso dizer ao longo desses anos todos, isso não a estressava.
Essa é a razão pela qual eu me maravilhava... quero dizer, quem, entre nós, poderia reagir com calma ao saber que nossa casa e mobília haviam sido vendidas repentinamente e que teríamos de recomeçar zero? Quando perguntava à minha amiga sobre isso, ela sorria e dizia que temos de saber apenas o que é importante.
Para a maioria de nós, a estabilidade é importante. As pessoas não ficam muito entusiasmadas com mudanças. Mesmo que sejam boas, as mudanças desafiam a muitos de nós. Percebi que, para algumas pessoas, encontrar um novo emprego, que exija uma mudança, é tão estressante quanto ser repentinamente despedido, Talvez os temores sejam diferentes, mas o estresse, tanto pessoal como dentro da família, freqüentemente, é tão grande quanto. Sei que aqueles que foram despedidos, dirão: "Tudo bem — dêem-me esse problema"! Mas, quando todos os amigos moram perto, ou ambos os cônjuges têm empregos e as crianças estão bem estabelecidas em programas escolares diferentes, mudar-se pode ser traumático.
Portanto, surge a pergunta: "Se a vida pode mudar tantas vezes de forma drástica, onde encontramos a estabilidade"?
Lembro-me da minha reação, após presenciar, pela primeira vez, um terremoto de intensidade moderada, porém bem perceptível Pensei: se eu não puder sequer confiar em que a terra permaneça imóvel, vou ter de colocar toda minha confiança em Deus. Levei essa resolução a sério e comecei a estudar o livro de Salmos. Isso, rapidamente, fez com que a minha atenção se volvesse para a direção certa. Aqui estão alguns versículos do livro de Salmos que, de imediato, me ajudaram:
No turbilhão das mudanças, existe uma constante. Não importa o que aconteça no cenário humano, temos uma conexão divina, espiritual, com Deus, que é a Verdade e o Amor supremos.
• "O Senhor é a minha rocha, a minha cidadela, o meu libertador; o meu Deus, o meu rochedo em que me refugio... (18)."
• "Tirou-me de um poço de perdição, dum tremedal de lama; colocou-me os pés sobre uma rocha e me firmou os passos (40)."
• "Porque tu és a minha rocha e a minha fortaleza; por causa do teu nome, tu me conduzirás e me guiarás (31)."
Essas verdades espirituais me ensinaram que, no turbilhão das mudanças, existe uma constante. Não importa o que aconteça no cenário humano, temos uma conexão divina, espiritual, com Deus, que é a Verdade e o Amor supremos. Quando estamos conscientes desse elo espiritual, as mudanças podem turbilhonar à vontade. Nós ainda sabemos que tudo está bem e que tudo estará bem. Nossa vida não é frágil e vulnerável, pois está aos cuidados de nosso Pai-Mãe Deus e em Suas fortes mãos. Para mim, essa compreensão é a rocha. Esse é o fundamento de que necessito, sempre que passo por mudanças inesperadas. Tenho aprendido a me apoiar em Deus, a confiar no fato de que tudo está sob Seu controle.
Entretanto, parece haver algo de natureza mesmérica com relação às mudanças. Se não estivermos alerta, poderemos ficar presos no turbilhão. Além do mais, quando isso acontece, o esgotamento nervoso, o ressentimento, a confusão e a autopiedade invadem nossa vida. Logo, estaremos naquele "poço de perdição" a que o escritor do Salmo 40 se refere. Entretanto, a saída desse poço pode ser rápida. No momento em que nos volvermos para Deus e reconhecermos Sua presença, em que admitirmos que nossa vida está nas mãos da inteligência divina, no instante em que começarmos a insistir nessa inteligência que governa cada fase de nossa vida — nesse ponto poderemos recuperar um sentido de ordem e calma, juntamente com a expectativa do bem.
Contudo, tenho observado que, de nada adianta nos dirigirmos a Deus, com uma atitude de lamentação. Sempre que falamos com Deus sobre a injustiça que nos foi feita, a deslealdade que sofremos, sobre o nosso estresse e como tudo é difícil para nós, isso, em realidade, não é orar. É somente uma queixa. Precisamos compreender que a queixa é, na verdade, como se tivéssemos uma pá na mão. Cada vez que nos queixarmos, estaremos cavando mais profundamente nosso próprio "poço de perdição". É necessária força espiritual para pararmos de cavar. Contudo, o senso comum nos diz que, quanto antes pararmos de cavar, melhor!
A oração eficaz começa com o reconhecimento do fato essencial que Jesus ensinou: que Deus está presente conosco e que nossa vida está sob Sua jurisdição, ou seja: "O reino de Deus está próximo" (Marcos 1). Mary Baker Eddy, que descobriu a Ciência por meio da qual Jesus curava, teve de lidar com enormes mudanças, à medida que fundava e desenvolvia a Igreja de Cristo, Cientista. Muitas pessoas, que trabalhavam com ela, tiveram de lutar, algumas vezes, com essas mudanças e, em Ciência e Saúde, ela fez uma referência importante a Deus como a única Mente infinita ou inteligência, referência essa que, tenho certeza, ajudou muitas daquelas pessoas como ainda é de grande ajuda, hoje: "A verdadeira jurisdição do mundo está na Mente, que controla todo efeito e reconhece que toda causalidade está estabelecida na Mente divina" (p. 379).
Se admitirmos esse ponto para nós mesmos e nos ativermos ao reconhecimento de sua veracidade, descobriremos que podemos lidar com as mudanças com serenidade. Tendo em vista que tudo o que compreendemos espiritualmente inclui seu equivalente na vida diária, iremos vivenciar mais ordem do que confusão. Perceberemos a influência da inteligência divina em nossa vida. Não importa o quanto as coisas externas possam mudar, podemos ter mais certeza do que não pode mudar: a presença de Deus em nossa vida e as bênçãos que fluem dessa realidade.
A oração eficaz começa com o reconhecimento do fato essencial que Jesus ensinou: que Deus está presente conosco e que nossa vida está sob Sua jurisdição.
Ao longo dos anos, quando nadava no mar ou em um grande lago, várias vezes, um vento repentino se levantava. Não era perigoso, mas era cansativo ter as ondas constantemente batendo em meu rosto. Então, quando me aproximava o suficiente da praia, era sempre muito tranqüilizador colocar meus pés sobre solo firme. O vento ainda estava ali, as ondas ainda estavam me empurrando, mas meus pés estavam bem firmes no chão. Poderia ser uma longa caminhada através da rebentação até chegar à praia, mas eu podia caminhar entre as ondas com confiança.
Isso me ajuda a fazer uma conexão com o escritor daquele salmo. Deus havia colocado os pés dele sobre a rocha. A vida podia mudar ao seu redor, as coisas poderiam parecer assustadoras, mas ele estava convicto de que algo nunca iria mudar: a provisão e o cuidado amorosos de Deus... e o mesmo poder que colocou os pés do salmista sobre a rocha, colocará nossos pés, também.
